Top

Modelo Francisco Lachowski se aventura como ator e já faz testes para Rede Globo e Netflix

Francisco Lachowski é a nova capa digital do Site RG com look total Torinno (@torinno27) – Edição de moda Luis Fiod, fotografia de João Arraes, beleza por Henrique Martins, produção de moda de André Bona, produção executiva de Zeca Ziembik e Pedro Aboud e fashion film por Gabriel Ramos

O alívio na voz era nítido: dois dias antes daquele papo via Zoom em um típico fim da tarde paulista de outono com céu rosa, o brasileiro que mora em Nova York desde 2019 foi vacinado contra a Covid-19. Prestes a completar 30 anos, Francisco Lachowski é dono de uma carreira de sucesso como modelo, de uma família linda com dois filhos pequenos ao lado da também modelo Jessieann Gravel e de um semblante expressivo e marcante de quem busca – sempre – se aventurar na vida.

SIGA O RG NO INSTAGRAM

Ganhou as passarelas e os estúdios de fotografia dos 17 para os 18 anos, quando saiu da casa de seus pais, no Paraná, e foi modelar mundo afora. Conquistou grandes marcas, como Dior, Dolce & Gabbana, Gucci e Balmain. Agora, o brasileiro de 1,93 metros quer se lançar como ator e ganhar o coração de um novo público.

“Acho que estou preparado. Sempre achei que atuação é algo que vem de dentro de você mesmo. Quero poder viver na pele de outra pessoa. Pensar em como um personagem X pensaria e agiria em situação Y”, contou Chico – como gosta de ser chamado –  ao Site RG.

Francisco Lachowski usa look total Torinno (@torinno27) – Edição de moda Luis Fiod, fotografia de João Arraes, beleza por Henrique Martins, produção de moda de André Bona, produção executiva de Zeca Ziembik e Pedro Aboud e fashion film por Gabriel Ramos

Esta nova trilha já tem grandes parceiros ao lado do brasileiro. Enquanto passava os últimos 5 meses no Brasil, principalmente na praia de Zimbros (SC) onde tem casa – possibilitados pelas aulas online dos filhos, Lachowski fez testes para uma minissérie da Rede Globo e para uma nova série nacional da Netflix. “Não posso dar muitos detalhes, mas foi demais”, completou.

Acreditando que o diálogo é o maior remédio para os tempos turbulentos que se vive no Brasil, o modelo vê Nova York retomar a vida aos poucos depois de meses de “cidade fantasma”. “Mais do que nunca, é bom tentar ouvir o próximo e dialogar. Acho que isso vai melhorar muito nossas vidas”, afirmou, quando arriscou em dar um conselho para quem o lê por aqui.

Com ensaio exclusivo para a marca brasileira Torinno, do estilista Luis Fiod, Lachowski fala sobre o momento atual do mercado de modelos, sonhos, paternidade, cultura brasileira, finanças e muito mais.

Francisco Lachowski usa look total Torinno (@torinno27) – Edição de moda Luis Fiod, fotografia de João Arraes, beleza por Henrique Martins, produção de moda de André Bona, produção executiva de Zeca Ziembik e Pedro Aboud e fashion film por Gabriel Ramos

RG – Para começarmos nosso papo, como foi seu ano de 2020 e a adaptação à pandemia com dois filhos em casa?

Francisco Lachowski – A adaptação à pandemia é algo bem complicado, né? Para todo mundo, é algo que veio do nada. Todo mundo sabia que existia, mas ninguém estava preparado para este tamanho. Na época em que começou, estávamos em Nova York. Pensamos em ir para o Brasil, mas, por conta da escola dos meninos, optamos por ficar por aqui mesmo. Saímos bem pouco no começo, nos primeiros meses. Me lembro de irmos ao mercado com luvas, várias máscaras. Por volta do meio do ano passado, ainda não existia vacina, mas as coisas já estavam um pouco mais controladas por aqui e, então, resolvemos sair um pouco. Fomos ao Canadá, ficamos um tempo por lá. Quando chegou o Natal, resolvemos ir ao Brasil e ficar por aí por um bom tempo. As crianças ainda estão em escola online, então, casou certinho. Ficamos no Brasil de dezembro até final de abril. Quase 5 meses por aí e é algo impossível de acontecer, se as aulas estivessem presenciais. Aproveitamos muito esse tempo, curtimos muito meus pais, minhas irmãs, meu cunhado. A gente morou no Sul, tenho uma casa na praia de Zimbros, que é uma vila de pescadores bem pequena entre Florianópolis e Balneário Camboriú. É super bonito, pequeno, conhecemos todo mundo que mora lá, nos sentimos bem seguros. Foi bom também para os meus filhos terem mais contato com a língua portuguesa – principalmente, meu filho mais novo–, que falava bem pouco português. Eles falam três línguas: português, inglês e francês. Ficaram super felizes de voltar para cá por contas dos amiguinhos, mas foi um tempo muito abençoado estes meses no Brasil. Sentia falta de ter essa oportunidade de passar tantos meses por aí.

RG – Isso que eu ia te perguntar, se você sentia muita falta do Brasil nestes anos todos morando fora?

Francisco Lachowski – Sempre senti muita falta do Brasil. Acho que é normal sentir falta de onde a gente nasceu e foi criado. Como eu sai tão cedo – eu tinha 17 anos quando sai de casa e acabei fazendo minha vida pelo mundo -, sempre tive saudades. Quando tivemos que ficar em casa por conta da pandemia, parei meu ritmo de viagens, de interação com as pessoas e deu muita saudade do Brasil.

RG – E como está sua vida aí em Nova York? Imagino que você já esteja vacinado!

Francisco Lachowski – Sim, me vacinei no dia seguinte em que cheguei. Eles estão com vacinas sobrando agora, né? Quem ainda não se vacinou contra a Covid-19 são as pessoas que não querem ser vacinadas, que acham que não precisam. Depois de passar estes meses no Brasil e chegar aqui e ver esse comportamento negativo das pessoas, fico bem triste e indignado. Não tem como obrigar alguém a se vacinar – porque é a escolha de cada um –  mas, depois de ficar no Brasil e ver a realidade de um País que precisa da vacina imediatamente e em larga escala, você pensa que estas pessoas estão sendo egoístas. Você teria que se vacinar pelos outros, não por você. Por isso que, assim que cheguei, fiz questão de me vacinar para, também, ser um exemplo para estas pessoas.

Francisco Lachowski usa look total Torinno (@torinno27) – Edição de moda Luis Fiod, fotografia de João Arraes, beleza por Henrique Martins, produção de moda de André Bona, produção executiva de Zeca Ziembik e Pedro Aboud e fashion film por Gabriel Ramos

RG – E agora, vacinado, como sentiu que está a vida em Nova York? Movimentada?

Francisco Lachowski – Aqueles primeiros três meses de pandemia do ano passado foram inacreditáveis. Nova York ficou uma cidade fantasma. Um trajeto que eu fazia em 40 minutos até Manhattan, passei a fazer em apenas nove minutos. Com o passar dos meses, as pessoas voltaram a sair um pouco, mesmo sem vacina. Hoje em dia, mesmo vacinado, se você vai em um restaurante comer, é preciso dar número de telefone e endereço porque eles fazem um controle por localidade. Te ligam se alguém que esteve no mesmo restaurante que você testar positivo. A vida está – de pouco a pouco – voltando ao normal. Agora, está tudo bem mais confortável por aqui. Ainda existem números altos de mortes e casos por aqui, mas a vida da cidade mudou bastante.

RG – Falando um pouco sobre seu ofício agora: sempre penso que você já fez desfiles para marcas gigantescas, campanhas com grifes muito renomadas e chiques, capas de revistas mil. O que ainda te faz ter frio na barriga quando você vai modelar?

Francisco Lachowski – Vou te falar que desfile sempre me deu frio na barriga. Na época em que eu fazia mesmo bastante, eu fazia 12 desfiles em cada temporada na Europa, não parava nunca. Era Londres, Paris, Milão. Acordava às 5 da manhã e era uma maratona, um atrás do outro. Motorista e motoboy esperando para levar a gente de um lado para outro. Mesmo com esse ritmo frenético, era um frio na barriga imenso. Coisa que nas fotos e vídeos já não rolava. Fico mais confortável. Desfile é algo que mexe comigo mesmo, aquela adrenalina da fila antes de entrar na passarela. Começo até a bocejar de tanto nervoso. É o jeito que meu corpo mostra que estou agitado e nervoso.

RG – E hoje em dia, você parou de desfilar? A frequência é menor?

Francisco Lachowski – Bem menor. Desfile, na verdade, rolam muito nas épocas de temporadas [de moda]. Quando você é um modelo conhecido e já com carreira consolidada, você não faz mais desfiles. É algo mais reservado para os modelos new faces. Quando acontece algum desfile que me chamam, é uma marca maior, mais renomado como Versace, Balmain, Dolce Gabbana. Mas, hoje em dia, as marcas estão trabalhando apenas com new faces – digo bem new face mesmo – porque, se o cara fez a temporada passada, ele já não é mais chamado.

Francisco Lachowski usa look total Torinno (@torinno27) – Edição de moda Luis Fiod, fotografia de João Arraes, beleza por Henrique Martins, produção de moda de André Bona, produção executiva de Zeca Ziembik e Pedro Aboud e fashion film por Gabriel Ramos

RG – E você enxerga como essa mudança de postura em relação ao tempo em que você começou a modelar?

Francisco Lachowski – Acho bem ruim, nada bom. Teve uma época da minha carreira – os últimos 4,5 anos que desfilava sem parar – que meio que fixei vários clientes. Eles gostavam bastante do meu trabalho e de outros modelos e contratavam a gente sempre por curtir mesmo. Quando estava para parar, calhou de ser bem na época que começou a ficar essa alta rotatividade como é hoje em dia. Todas as marcas começaram a não querer pegar os modelos que eles já tinham usado e só usar new face. É claro que é bom para gerar novos talentos, mas é uma moda mais reciclável. Desta forma, as agências não conseguem manter tantos modelos como era antigamente. Com essa dinâmica de sempre rostos novos, eles tem que ficar contratando diversas pessoas a toda hora e apostar em pessoas que talvez nunca vão dar certo. É complicado para agências porque elas nem fecham mais contrato com os modelos. Negociam para a temporada daquele ano e deixam a pessoa livre. Até para o psicológico dos modelos é bem ruim. Imagina um menino de 16, 17 anos indo para fazer o fashion week pela primeira vez e depois é chutado. O mundo da moda não quer criar mais super models. É algo reciclável, fast fashion. Usa e joga fora. É triste. Acho bem legal fazer como era antigamente, mas acho difícil voltar, principalmente, por conta das mídias digitais. Os investimentos que eram direcionados para os grandes modelos, hoje em dia, estão nas redes sociais e nos influenciadores.

RG – Depois de ter feito tanta coisa, desfilado para marcas gigantes, o que você ainda tem vontade de fazer no mundo da moda que você ainda não fez?

Francisco Lachowski – O mundo da moda é uma coisa interminável, né? Tenho muito vontade de fazer mais campanhas de perfumes renomados. É bem legal e acho que tem ainda o glamour do mundo antigo da moda, de ser o rosto da campanha de perfume no mundo todo. Fazer todos os vídeos e fotos para o mundo todo. É bem legal, quero fazer mais. Querendo ou não, no mundo da moda para modelos masculinos, tem sempre muita coisa para ser feita.

Francisco Lachowski usa look total Torinno (@torinno27) – Edição de moda Luis Fiod, fotografia de João Arraes, beleza por Henrique Martins, produção de moda de André Bona, produção executiva de Zeca Ziembik e Pedro Aboud e fashion film por Gabriel Ramos

RG – Aproveitando que estamos falando de trabalho, ele já te deixou rico?

Francisco Lachowski – Rico, rico, não; mas também não posso dizer que sou pobre porque pobre eu não sou. Meu trabalho me deixou confortável. Me deixou em uma situação que, querendo ou não, não posso reclamar. Eu faço muito dinheiro com meus trabalhos, mas eu não trabalho todo mês. É algo esporádico. Temos que saber navegar neste meio, saber quando vamos trabalhar, quais clientes têm e é preciso saber como gastar o dinheiro porque, do nada, você ganha muito dinheiro, mas não pode sair gastando sem pensar. Muitos new faces enfrentam isso, é complicado. Tem que saber jogar, saber o que está fazendo. Quem me ajudou muito nisso foi minha mulher porque ela sempre falou que “minha carreira não é para sempre”. Investimos nosso dinheiro juntos, principalmente no setor imobiliário.

RG – Pensando agora fora da moda, estava lendo que você pensa em se aventurar no mundo da atuação. Me conta um pouco disso, de onde veio, se se sente confortável. Fiquei curioso!

Francisco Lachowski – Antes mesmo de virar modelo, quando era mais novo no Brasil, já tinha pensado sobre a ideia de ser ator. Eu acho incrível, mas na época tinha receio porque sempre fui muito tímido. Nunca pensei que iria conseguir. Quando comecei a modelar, vi que tinha muita semelhança. Desde o começo da minha carreira de modelo, sempre quis mas nunca tive tempo. Como a minha carreira deslanchou em menos de dois anos, estava sempre fazendo algo e nunca consegui parar para estudar e ter a técnica que eu acredito que precise. Fui deixando levar porque sempre acreditei muito em destino. Acho que, se é para ser, será. Sempre deixei rolar, nunca fui muito atrás. Até que começou a rolar umas brechas nos meus dias e consegui fazer cursos. Quando moramos em Paris, em 2018, me inscrevi em um curso de atuação e fiz por um ano. Agora, quando estava estes meses no Brasil, fiz uma preparação de elenco com a Rede Globo e foi incrível demais. Antes de voltar para Nova York, cheguei a fazer um teste para uma minissérie deles [emissora carioca] e também tive a oportunidade de fazer um teste para uma série nacional da Netflix. Não posso dar muitos detalhes, mas foi demais. Fiz teste de vídeo e tudo mais.

Francisco Lachowski usa look total Torinno (@torinno27) – Edição de moda Luis Fiod, fotografia de João Arraes, beleza por Henrique Martins, produção de moda de André Bona, produção executiva de Zeca Ziembik e Pedro Aboud e fashion film por Gabriel Ramos

RG – Seria incrível você em uma série da Netflix e da Globo, hein?

Francisco Lachowski – Acho que estou preparado. Sempre achei que atuação é algo que vem de dentro de você mesmo. É quase como ser modelo: não precisa querer ser outra pessoa. É algo que vem de dentro. Sempre fui muito confortável e sempre quis atuar, ser outra pessoa. Pensar em como um personagem X pensaria e agiria em situação Y. Sempre gostei disso, de poder viver na pele de outra pessoa. É uma coisa que estou querendo mais e mais conviver. Até como um desafio pessoal. Vamos ver o que rola.

RG – Agora mudando completamente de assunto, você tem dois filhos lindos: o Milo e o Laslo. Você já é pai há um tempo, né? Como é que é o Chico pai?

Francisco Lachowski – Foi algo inesperado, né? O Milo, que tem 8 anos, não foi planejado. Foi uma gravidez inesperada que a gente decidiu manter e seguirmos juntos, como casal. Colocamos os pontos negativos e positivos na balança e seguimos. Eu tinha 20 anos e a minha mulher, 23, e pensamos: “Cara, a gente consegue. Estamos bem financeiramente, vamos em frente”. Não tem como falar que foi fácil porque foi uma adaptação. Do nada, eu era pai. Mas, para mim, eu acho que nasci para ser pai. É algo muito natural. Nunca tive dificuldade nenhuma de limpar fralda, da comida, dar broncas. Foi uma transição natural, sempre amei. Aliás, não sei como seria se eu não fosse pai. Foi ótimo! Tanto que depois de três anos, planejamos e veio o caçula, Laslo.

RG – E você comentou que seu pequeno não falava tão bem o português até os meses que vocês ficaram aqui. Como é que você insere a cultura brasileira no dia a dia deles, mesmo morando fora? Você faz questão?

Francisco Lachowski – Faço questão demais. Para mim, eles têm que falar português, não tem como não falar. Conheço pais brasileiros aqui no exterior que não fazem questão disso. Para eles, tanto faz. Para mim, sempre foi algo necessário: tem que falar e não tem outra escolha. Sobre cultura brasileira, sempre faço empadão aqui, com uma receita que minha mãe me ensinou. Eles amam a com recheio de palmito. Faço também pão de queijo, picanha, churrasco. A cultura brasileira, pelo menos na parte culinária, está sempre presente. Amamos pedir pizza brasileira, também. Nas épocas festivas, sempre busco puxar um lado brasileiro da coisa. Sempre tento manter algo da cultura brasileira com eles. Estes últimos meses no Brasil, foi muito bom para isso. Eles vivenciaram a Páscoa, que é algo bem diferente por aí, a cultura dos ovos grandes de chocolate.

Francisco Lachowski usa look total Torinno (@torinno27) – Edição de moda Luis Fiod, fotografia de João Arraes, beleza por Henrique Martins, produção de moda de André Bona, produção executiva de Zeca Ziembik e Pedro Aboud e fashion film por Gabriel Ramos

RG – Para encerrarmos, depois deste período por aqui e agora voltando para sua casa em Nova York, qual conselho você daria para quem mora no Brasil e está desacreditado do nosso País?

Francisco Lachowski – É complicado falar isso, né? Cada um é cada um. Nestes meses por aí, percebi ainda mais que todos têm ideias muito diferentes do mundo atual – especialmente, na parte política. Cada um pensa de um jeito. Acha que o certo é uma coisa. É muito difícil dar um conselho ou falar por todas as pessoas, mas uma coisa que acho necessária é tentar ouvir o próximo. Não tentar bater de frente em um argumento sobre política, religião, escolhas ou qualquer coisa que seja. Acho que o caminho é ouvir a outra pessoa, dar seus pontos de vista, ouvir o ponto de vista da pessoa, tentar entrar em algum tipo de ponto em comum que ambos concordem. Tem muita gente agora no Brasil que está tão polarizado e não quer nem ouvir o que a outra pessoa tem para falar e, talvez, vocês tenham pontos de vista parecidos em alguns aspectos, mas você não vai querer nem ouvir e vai contra a pessoa. Mais que nunca, é bom tentar ouvir o próximo e dialogar. Acho que isso vai melhorar muito nossas vidas.

CAPA DIGITAL – Francisco Lachowski
Francisco Lachowski (@chico_lachowski) com looks Torinno (@torinno27)

Edição: @luisfiod
Texto: @jovi.marques
Fotografia: @joaarraes
Beleza: @henriquem85
Produção Executiva: @zecaziembik e @aboudpedro
Produção de moda: @andregbona
Movie: @gabrielramosl

Mais de Lifestyle