“A meditação é uma alternativa super saudável e válida para este momento de tensão que estamos vivendo. Acho necessária porque tem tanta tensão envolvida. Você consegue olhar para dentro de você e identificar tudo o que está rolando”. É desta forma que Felipe Pezzoni, cantor baiano, de 35 anos e vocalista da Banda EVA, enxerga o papel da meditação neste período de quarentena e isolamento social que o Brasil e diversos países enfrentam por conta da pandemia do novo coronavírus.
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Com a prática presente na vida do artista há muito tempo, Felipe conta que mudou sua perspectiva de como lidar com sua vida pessoal e profissional, transformando sua relação com presente.
“Foi antes da Banda EVA ainda, em um momento bem difícil da minha vida. […] Senti muitas mudanças desde que ela [meditação] entrou na minha vida. Sou uma pessoa muito menos ansiosa, consigo organizar as minhas coisas com mais tranquilidade e viver no presente, aproveitar muito mais a minha vida”.
Pensando nas pessoas que iniciaram essa prática na quarentena, Pezzoni diz que é necessário persistência para começar sentir os resultados. “Não comece pensando que no 1º dia já vai começar a meditar. É um processo, que demora um certo tempo, mas insista”, completa.
Mesmo sendo o vocalista de uma das maiores bandas de axé do Brasil, que já teve nomes como Saulo e Ivete Sangalo no comando, Felipe diz que a prática não é muito como as pessoas pintam. “As pessoas têm uma falsa impressão da meditação. Imaginam aquele cara super tranquilo, em cima de uma montanha, e não é bem isso. Na verdade, é você se manter no estado presente – o que é cada vez mais difícil neste mundo louco”, concluiu.
Veja o papo na íntegra com o cantor Felipe Pezzoni sobre meditação.
1 / 3Felipe Pezzoni, da Banda Eva, pratica meditaçãoFoto: Divulgação
2 / 3Felipe Pezzoni, da Banda Eva, pratica meditaçãoFoto: Divulgação
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RG – Como a meditação entrou na sua vida?
Felipe Pezzoni – Foi de uma forma muito improvável – pelo menos na primeira vez. Foi antes da Banda EVA ainda, em um momento bem difícil da minha vida. Eu li aquele livro “Comer, Rezar e Amar, e quis experimentar por conta própria, não foi nem guiada. Parei, fiquei tentando meditar. Consegui, e anos depois eu, por meio de um curso que tive uma matéria de meditação, me aprofundei mais e comecei a praticar diariamente.
Qual sua rotina com essa prática? Faz todos os dias? Antes do Show? Depois? Como é isso para você?
Faço diariamente. Eu acordo e não mexo no meu celular. Tomo banho e é a primeira coisa que eu faço logo depois. Depois disso, começa meu dia. Não existe a possibilidade deu acordar e não meditar. Faz toda diferença no meu dia. Consigo organizar meus pensamentos, iniciar tudo de uma maneira mais tranquila e consciente. Eu uso a meditação para tudo assim. No meio do dia, se eu vejo que eu estou ansioso, eu paro e medito. Antes do show, se eu senti que eu estou meio cansado, eu medito para dar uma renergizada. Então, se eu estou sentindo uma dor de cabeça, eu medito para melhorar a dor que estou sentindo. Hoje em dia, eu utilizo a meditação para tudo que eu vejo necessidade. Inclusive, após os shows, eu parei de tomar melatonina, porque é bem difícil de dormir depois de um show longo ou bloco, trio. Agora, eu uso a meditação para dormir, para alcançar meu sono profundo. Absolutamente tudo ela está envolvida na minha vida, e me ajuda.
Desde que você começou a praticar, quais mudanças você sentiu? São significativas?
Senti muitas mudanças. Sou uma pessoa muito menos ansiosa. Eu consigo organizar as minhas coisas com muito mais tranquilidade e clareza. Consigo mais viver no presente, aproveitar muito mais a minha vida. Hoje eu sou uma pessoa muito mais focada, que eu não era antes. E eu atribuo isso a prática da meditação. Ela me fez reorganizar tudo, meus pensamentos e essa enxurrada de informações o tempo todo. Nesse momento que você está meditando, internaliza tudo que está acontecendo, você consegue identificar tudo que está acontecendo no seu corpo e ter uma visão mais clara e mais aberta de tudo que está se passando e quais caminhos você pode ir.
Agora no período que todos estão em casa por conta do Coronavírus, você acha uma alternativa saudável?
Eu acho uma alternativa super saudável e super válida, principalmente para esse momento de tensão que estamos vivendo agora. Acho necessária porque tem tanta tensão envolvida, você conseguir olhar para dentro de você e identificar tudo o que está rolando. Essa tensão, essas informações e tudo que tem acontecido gera muita tensão para o cérebro. Então, se você consegue meditar seu corpo e tranquilizar a sua alma, você vai conseguir passar por essa dificuldade com muito mais tranquilidade. Consequentemente, isso vai ser muito melhor para o seu corpo porque você vai conseguir vibrar de uma maneira mais positiva, ajudando na saúde e na nossa imunidade.
Quais dicas você daria para alguém que vai começar a sua a meditação como alternativa neste tempo?
Não comece pensando que no primeiro dia já vai começar a meditar. É um processo, que demora um certo tempo. Nas primeiras vezes, você não vai sentir absolutamente nada e varia de pessoa para pessoas, mas insista que, a partir da primeira semana, você já conseguiria sentir uma diferença. É muito bom também você pegar essas meditações guiadas, que são mais fáceis de você conseguir se concentrar ali e se manter ali através da respiração. Ele vai te guiando e se torna um pouco mais fácil.
E uma curiosidade minha: como as pessoas reagem ao fato de você praticar meditação – que é algo calmo, sereno – mesmo sendo o vocalista da maior banda de axé? hahah
As pessoas tem uma falsa impressão da meditação. Imaginam aquele cara super tranquilo, em cima de uma montanha, e não é bem isso. Na verdade, é você se manter no estado presente – o que é cada vez mais difícil neste mundo louco. Ela não muda quem eu sou, melhora minha performance, eu entro no show com muito mais energia quando eu medito antes de apresentações. Muito mais focado, aberto para aquilo, e consigo dar muito mais de mim pro meu público, durante o show. Termino tendo experiências muito mais poderosas do que eu tinha antes de ter essa prática na minha vida.