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O Dia da Cerveja na cidade mineira do colarinho artesanal e cheio de “causos”

O mestre cervejeiro Gibran, da Jacabier – Foto: Divulgação

Por Bruno Calixto

Juiz de Fora (a 150 km do Rio), acredite, tem um Dia da Cerveja para chamar de seu: 27 de maio. A cidade mineira – a primeira a ter uma política pública de incentivo às atividades relacionadas à cadeia produtiva da cerveja – tem algumas das cervejarias artesanais de maior prestígio no Brasil. Tal apuro se deve a três fatores: a vinda de milhares de alemães para a construção da Estrada União Indústria no século 19; a variedade de estilos e os sabores que impressionam até os paladares mais exigentes.

Dá para tirar a prova entre 26 e 28 de maio, durante a Festa da Cerveja que, em sua 2ª edição, reúne 24 cervejarias locais no Parque Halfeld (Centro), além de shows, passeios e exposições. Entre as marcas premiadas, destaque para Antuérpia, Gavioli, Timboo e Jacabier, esta última eleita a melhor Pale Ale do Brasil em 2022, com medalha de ouro no Brasil Beer Cup.

O pioneirismo cervejeiro de Juiz de Fora é antigo. A primeira cervejaria mineira foi criada ali, em 1861, pelo alemão Sebastian Kunz. A cidade também é a casa da única cervejaria de convento com mecanismos artesanais em atividade no Brasil. A Congregação Redentorista na Igreja da Glória é responsável pela produção, que utiliza os mecanismos da época, seguindo à risca a mesma receita ensinada pelos holandeses missionários que chegaram também no século 19.

Com programação totalmente gratuita, a realização é da Unicerva, Associação de Cervejeiros da Zona da Mata (@unicervazm), que busca difundir a cultura cervejeira na região, gerar empregos e movimentar a economia local. São 26 cervejarias associadas, que produzem em média 300 mil litros de cerveja por mês e geram 250 postos de trabalho.

Haverá visitação guiada na cervejaria que fica dentro da Igreja da Glória (toda em cobre), incluindo transporte saindo do local do evento. Na ala musical, o recifense Di Melo, referência em black music, faz show no sábado (27.05), com a banda local Silva Soul.

Marco histórico da engenharia, a estrada União e Indústria (Juiz de Fora-Petrópolis) foi a primeira rodovia macadamizada da América Latina, com calçamento de sucessivas camadas de pedras postas numa fundação com valas laterais para drenar água da chuva.

Jacaré com onça na lua cheia

Uma das cervejarias juiz-foranas mais notáveis, a Jacabier é um clássico ao estilo inglês. “Bem maltada, com notas de casca de pão e de biscoito, cor dourada e uma lupulagem na medida certa com um toque floral. Notas de maçã, pêra, mel e um leve frutado fazem dela uma breja com alto drinkability. Fácil de beber”, diz o criador da marca e mestre cervejeiro Gibran.

Ela foi lançada no mercado em 2018, como cervejaria cigana (que aluga uma fábrica para fazer as receitas; hoje na Cervejaria São Bartolomeu). Destaque para o rótulo JacaBlack, de inspiração nos Reis Negros Africanos, cuja receita leva aveia e também cacau. “Isso confere mais corpo e complexidade, com notas de frutas secas escuras e chocolate. Harmoniza bem com pratos mais fortes como carnes assadas e comidas muito condimentadas, além do bom e velho bolo de chocolate.”

O nome Jacabier é em função do mascote da cerveja que é um “Jacaronça”, um misto de jacaré com onça, que aparece em noites de lua cheia, nas beiradas das matas e dos açudes da Fazenda do Rosário, zona rural de Juiz de Fora, a capital mineira da cerveja artesanal e dos causos de prosa, verso e dois dedos de colarinho.

 

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