Foto: Tiago Santana/Netflix
O programa Queer Eye Brasil, onde cinco fabulosos LGBTQIAPN+ emprestam seu olhar para mudar de vida os heroes, chega finalmente à Netflix. No reality, homens e mulheres que deixaram de se enxergar com bons olhos e foram engolidos pela vida corrida ganham um empurrão em cinco áreas: alimentação e cultura, bem-estar, moda, estilo e design. Os responsáveis por tais transformações, respectivamente, são: Luca Scarpelli, Fred Nicácio, Rica Benozzati, Yohan Nicolas e Guto Requena. A primeira temporada, com seis episódios de aproximadamente uma hora de duração cada, chega ao tudum nesta quarta-feira (24.08).
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“Eles vêm de uma vida muito acelerada ao ponto de não conseguirem se enxergar como são”, explica Nicácio. “É muito lindo quando as pessoas se olham e se veem como realmente são. Sou médico por formação, não tem medicação, cirurgia ou terapia que faça a transformação que a gente promove na vida daquelas pessoas em sete dias.” Para ele, os ensinamentos são diários e vão desde o percurso para a casa dos personagens até mesmo em frente às câmeras: “Quando sentamos no banco de trás (do carro) e batemos esse papo profundo. É uma coisa que vai nos alimentando. Com todos os outros meninos também funciona assim. Aprende a ser mais nós mesmos, olhando um para o outro”, reforça.
Responsável por promover mudanças na alimentação e hábitos dos heroes, Scarpelli diz que daria uma desacelerada na vida caso estivesse no papel de herói. “Ir com mais calma em tudo”, pontua. “Ao chegar na casa daquela pessoa, é como se fossemos fazer ela caminhar pela vida dela e olhar sobre cada ponto e trazer as belezas do caminho. Mostra os pontos que a pessoa não estava vendo. Ela passava por aquilo todo dia, mas ela não estava vendo aquilo acontecer.”
Como é o mestre-cuca do programa, questionamos se ele não tinha receio de ser perseguido por um molho pesto, que ensina aos heroes em um dos episódios, assim como Antoni, um dos fab 5 na versão americana, é conhecido por seu avocado (no original, ele aparece em episódios seguidos da primeira temporada ensinando a receita), que gravaram em momentos distintos, mas na edição ficaram colados. “Olha, pode acontecer, pode acontecer. Vai saber?”, gargalha.
Para Benozzati, eles não poderiam se autodenominar fabulosos ou fab 5 (como são conhecidos os apresentadores da versão americana), porque essa é uma coroa que foram ganhando, dos seis heroes, ao longo dessa primeira temporada. “Fomos nos entendendo fabulosos e aceitando esse lugar, porque estávamos muito fragilizados e, ao mesmo tempo, muito empolgados. Foi um prazer espiritual”, conta sobre a experiência de mudar o estilo e dar um upgrade no guarda-roupa dos participantes. “A gente, realmente, teve esse tempo de se conectar um com o outro, de se conhecer melhor. E uma das coisas que pegou para todos nós, de uma certa forma, que deixou ainda mais à flor da pele, nós e os heróis ajudou a ter um conteúdo ainda melhor se não fosse pela vivência dos últimos dois anos na
pandemia”, completa Yohan, responsável pela transformação no visual.
Depois de muita espera, de muita pandemia e toda dificuldade envolvida, o programa foi filmado entre outubro e novembro de 2021 – o casting aconteceu há pelo menos dois anos. Arquiteto à frente das reformas nas casas dos participantes, Requena resume o programa como um exercício de empatia. “Não dava para gravar na pandemia e ficar distante. É um programa que precisa do contato físico, do abraço, do beijo. Acho que a gente ficou melhor, mais próximo, mais amigo e se sentiu mais preparado”, conta. “Calor humano”, arremata Benozatti. “É um formato bem-sucedido, bem conhecido. Mas vai ficar nítido que tem um tempero brasileiro, com uma carga de emoção e de história. É um formato universal, que já existe (lá fora), mas a maneira de gravar é do Brasil. Aos poucos, as pessoas vão perceber as diferenças”, pontua Requena.