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ART – Cozinha de Fusão, vale experimentar essa culinária

Arte Cozinha de Fusão – Divulgação

Um almoço de domingo na casa da vó. Cozinha criativa e de experiências. Feito por mulheres. São essas as apresentações rápidas que entregam a proposta afetiva do ART – Cozinha de Fusão. O restaurante, criado em 2017 pela chef Glaucia Bollella, em seu próprio lar, está localizado a 20 minutos de distância de São Paulo, aos pés da Serra da Cantareira, na região rural de Caieiras. Cercado de pedras, borboletas, pássaros, joaninhas, abelhas, gramado, rede e uma pedra grande para se deitar e admirar a vista privilegiadíssima da cidade. “Costumo dizer que esse lugar é um globo de neve onde não vemos nada além daquilo que foi meticulosamente desenhado e, às vezes, alguém maior sacode essa bola de vidro para que o vento sopre leve, balance os galhos das árvores e, assim, as folhas caiam gentilmente sobre nós. Com sorte, a chuva vem de encontro ao sol e forma um arco-íris no topo da reserva, como um presente de fim de dia”, diz Glaucia.

A chef Glaucia Bollela – Foto: Fernanda Rodrigues

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Arte Cozinha de Fusão – Divulgação

É nesse espaço-refúgio que os almoços são servidos, somente aos sábados, domingos e feriados, das 12h30 às 17h30. No preparo, os fundamentos da culinária familiar, os ingredientes regionais, a inspiração encontrada nos pratos de outras culturas e as mãos das mulheres, LGBTQIAP+, pessoas periféricas e mães que materializam o cuidado, a leveza e o amor pelo ofício em suas relações – do atendimento às fornecedoras e produtoras. “Aqui existem diálogos comuns e esforços simultâneos. Nós cuidamos umas das outras e queremos que as pessoas que visitam o ART se sintam abraçadas.” 

Talharim Beatriz – Foto: Fernanda Rodrigues

A proposta parece, então, transbordar direto das cenas de filmes italianos: onde a família é grande e a mesa farta é posta entre flores e vinhos… E o prato é feito por mulheres que ainda carregam farinha em seus aventais e tilintam o talher na taça dizendo: o almoço está pronto.

Partindo deste lugar, nessa gastronomia misturam-se os sabores às histórias. O pão da casa, por exemplo, é uma receita de mais de cem anos na família da chef; o Talharim Beatriz, que traz o nome de sua avó e é preparado exatamente como em sua infância; dos mais queridinhos; as Folhadas de Brie, com geleia de pimenta e pera finalizada em suco de limão siciliano, levam o manjericão recolhido na horta do próprio restaurante. 

Equipe do ART – Cozinha de Fusão – Foto: Fernanda Rodrigues

“E como gostamos de valorizar as técnicas, alguns dos nossos pratos levam nada mais nada menos que uma semana para ficar prontos. Outras preparações ficam entre 10 e 15 horas em um forno a 180º. Marinadas de mais de 20 horas”, explica a chef.

“O universo artístico sempre me moveu. Retratos em preto e branco de Diane Arbus, filmes com Audrey Hepburn ou Sophia Loren, musicistas como Ella Fitzgerald e Billie Holiday e compositores clássicos como Chopin e Ludovico Enaudi. As cerâmicas translúcidas de Cynthia Gavião. O Art Nouveau, Decór, a Bauhaus…  A arte permite tanto que era fato que essa palavra precisaria fazer parte de qualquer que fosse esse meu novo projeto pessoal. Porque a arte é plural. E esse seria meu norte”, explica Glaucia, que deixou a carreira de 15 anos na publicidade para embarcar nessa viagem de muito zelo e atenção pelo fazer culinário.

Risoto de tomate concassée e palmito em panko – Foto: Fernanda Rodrigues

Para beber, uma cerveja artesanal premiadíssima e produzida por mulheres. Uma cachaça vinda de um alambique local de 1890, fundado por Dona Léia e que, ainda hoje, é administrado por uma mulher da família. O hiratake é feito na cidade. E adivinha só? Plantado, cuidado, colhido e entregue por uma mulher. A água? Vem da mina e não cobram por ela.

Em cada detalhe, o ART – Cozinha de Fusão é para quem gosta – entre tantas outras coisas mais – de pessoas, sorrisos largos, natureza, cachorros soltos no quintal, simplicidade, acolhimento, boa comida, louças de porcelana, música antiga e, de novo, arte.

Pernil suíno em especiarias – Foto: Fernanda Rodrigues

Vale ressaltar que, depois da reserva, a mesa fica disponível das 12h30 às 17h30 e isso independentemente do horário que a pessoa irá aparecer. A ideia é que não exista pressa: nem para chegar nem para sair. Também não há rotatividade de mesas e lá recebem, em média, apenas 36 pessoas por dia.

ART – Cozinha de Fusão – Rua Agostinho de Souza, Morro Grande (20 minutos de distância de São Paulo, aos pés da Serra da Cantareira, na região rural de Caieiras), SP.

https://www.artfusao.com

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