Foto: Reprodução/Instagram/@soueusebastian/@lucasfonsecca___
Por Leo Oliwer
Não tem como separar a história da publicidade televisiva de sua imagem, na cultura pop do Brasil são poucos os ícones que permanecem por tanto tempo em nossas memórias afetivas. Com um legado artístico imenso e uma história de vida repleta de momentos especais, Sebastian Fonseca, mais conhecido como Sebastian, conversa conosco em uma exclusiva e divertida entrevista.
Ser o rosto de uma das principais redes de roupas do mundo por duas décadas te aproximou mais do universo publicitário ou do universo da moda?
Olha, gostaria de pontuar que também existe nisso tudo o universo humano, eu fiquei entre esta linha, da publicidade, da moda e da relação com as pessoas. Moda para mim corresponde ao modo de vida, procuramos sempre alguém como referência, me lembro muito de uma ocasião onde pude ser vestido pelo grande Conrado Segreto e a roupa era linda, tinha botões com Swarovski e tudo mais, então a moda tem uma influência muito grande em minha vida.
Foto: Reprodução/Instagram/@soueusebastian
Durante esse período, você esteve ao lado de grandes modelos, como a Gisele Bündchen. Sabemos que houve uma pesquisa para saber se ela poderia assumir o filme publicitário sem você. Como foi esse processo e como era a relação de vocês no set?
Era uma época diferente, naquela fase da publicidade de moda, o bom modelo teria antes que fazer algum tipo de trabalho para a C&A, era como um selo de qualidade, entre grandes nomes que ali estiveram comigo um deles foi a iniciante Gisele Bündchen, que estava buscando uma oportunidade como modelo, até então nenhuma marca tinha dado espaço a ela. Foi na C&A onde ela conseguiu uma figuração em um dos comerciais que eu estava fazendo, logo após isso ela viajou para fora do País e conquistou o mundo como modelo. Nossa relação no set sempre foi extremamente profissional, ela sempre muito dedicada e rigorosa consigo mesma. Uma curiosidade que tenho é sobre o contrato da coleção dela em parceria com a marca, que foi uma proposta feita pelos executivos em desejo de elevar o patamar da C&A. Gisele aceitou com gratidão pela primeira oportunidade dada a ela no passado, e a coleção lançada pela marca com a Gisele foi um dos maiores marcos da publicidade mundial.
Você abriu portas para a diversidade no mercado publicitário em uma época em que não ouvíamos falar sobre isso, você tinha noção do impacto que isso causaria?
Eu sempre tive essa noção sim, até porque antes das campanhas publicitárias, eu passei pelo teatro e pelo balé clássico, que é a minha formação, lá também eu precisei me provar como profissional, eu fui um bailarino negro no País que só incentivava o futebol. Ou seja, eu venho rompendo barreiras desde aquele momento, lá nos anos 1970. Mas acredito que conquistei um espaço não só pelo tom da pele, tudo é levado em consideração, seu estilo, sua educação, a forma como você fala, se comporta… etc. Quando você conhece sua origem e sua história, você passa a entender o que está acontecendo e o que está por trás de tudo isso.
Olhar pra você não é olhar para um garoto-propaganda, é olhar para uma parte de nossas vidas, nossos pais, avós ou tios estavam conosco em frente à TV quando você aparecia por 20 anos, ou seja, o público brasileiro cresceu te acompanhando, você faz parte da memória afetiva dos brasileiros, como você lida com isso?
Essa pergunta é fantástica, meu grande desejo é me reconectar com o público. Faz três décadas que a primeira campanha foi ao ar, existe aí uma grande população que realmente cresceu me assistindo, 40% dos brasileiros está na faixa etária dos trinta e poucos anos, quase metade do Brasil fez parte desta fase em que eu apresentava a minha arte, desejo muito estar novamente em sintonia com essa galera, voltei recentemente ao mundo digital, sou jovem nesse formato, estou aprendendo bastante.
A propaganda e a forma de vender um produto mudou completamente com a invasão das redes sociais em nosso cotidiano, como você vê esses diversos formatos de propaganda da atualidade?
Vejo como libertador, mas também vejo que essa liberdade das marcas limita as pessoas a terem um foco, dentro desta oferta enorme de comunicação devemos sempre buscar nossa identidade e individualidade. A nova propaganda não tem mais um padrão, porém as pessoas se prendem a algum padrão por natureza.
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Na música você também deixou a sua marca, aliás você é um artista completo, existem planos para a retomada do Sebastian cantor?
Minha relação com a música começa aos 14 anos, já trabalhei com Osvaldo Montenegro, Cássia Eller… Quando procurei melhorar minha forma de me comunicar encontrei na música uma forma de fazer isso. Fiz aulas de canto lírico e com base nisso tudo gravei meu primeiro álbum. As letras eram e são muito boas, todas passam alguma mensagem, infelizmente não pude sair em turnês ou algo do tipo para divulgar meu trabalho musical por conta da agenda muito apertada, além das campanhas publicitárias eu também estava presente nas inaugurações de todas as lojas da rede. Era intenso. Mas penso em resgatar essas músicas e aproveitar as mensagens que existem nelas para o público atual.
Soube que hoje você está à frente de um projeto social, pode nos contar um pouco sobre isso?
Eu tinha um projeto chamado “Núcleo de artes cênicas Sebastian”, lá a gente cuidava de cerca de 300 crianças que ficaram por dez anos sob nossa responsabilidade. Agora há pouco tempo fui convidado para participar de uma ONG, a Recomeçar. Essa ONG ajuda as pessoas que passaram pelo sistema prisional a regressarem à sociedade. Como. embaixador do projeto, hoje ajudo de certa forma na recuperação dessas pessoas. Todos recebem apoio de profissionais e psicólogos como acompanhamento desse “tratamento” para o retorno ao mercado de trabalho. Vou dizer uma coisa, tudo na vida é muito simples, por isso que fica complicado rsrs… mas aos poucos a gente chega lá.
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Fale como foi o seu processo de expansão da consciência. Como as percepções sobre si mesmo e em relação ao universo afetou e afeta sua vida atualmente?
Eu, quando criança, tive muitas visões, essas visões me acompanham até hoje. Na verdade, todos nós temos visões, basta estarmos conectados com isso. Sabemos que ocorre toda uma influência externa, seja da mídia, da família que acaba nos conduzindo para outro lugar. O nosso pensamento é o prenuncio daquilo que vamos conseguir fazer, é algo como: sinto, mentalizo, logo existo e as coisas se materializam. Por exemplo, o rádio é um reflexo do ser humano, nós fizemos o rádio porque nós também somos formados por frequências que podem mudar de acordo com nossas preferências. A partir do momento que você consegue sintonizar o seu desejo na frequência correta, ele passa a se potencializar. É isso.