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Sarah Fonseca: “Meu maior sonho é fazer uma série na Netflix, e vou conseguir”

Foto: Felipe Archer

Sarah de Andrade Fonseca, mais conhecida no universo digital como Sarah Fonseca, tem 28 anos, é carioca, empresária e influencer. Começou sua carreira na internet em 2018. Antes disso, já era empreendedora, com sua empresa Sr. Biju, a qual ela gerencia desde os seus 18 anos. Formada em administração, Sarah trabalhou em três multinacionais, antes de renunciar à carreira para empreender e investir no mercado de influencers.

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Ela também atua como modelo e apresentadora. Tem como sua principal missão influenciar e motivar pessoas em seu seu perfil no Instagram. Na plataforma, onde reúne quase 720 mil seguidores, Sarah iniciou o Projeto Conexão, cujo objetivo é dar espaço para empreendedores negros. Em seu mais novo projeto para suas redes, a influencer ajuda mulheres negras que são empreendedoras a divulgar suas empresas, comprando seus produtos e divulgando em seu próprio Instagram.

Sarah ainda compartilha um pouco sobre moda, beleza, lifestyle, empreendedorismo e dá voz a temas ligados ao racismo. Neste ano, ela foi alvo de um episódio de racismo em uma padaria na zona sul do Rio de Janeiro. Na ocasião, foi abordada por um segurança, que pediu que ela se afastasse de seu namorado e de seus sogros, após ela se aproximar para falar com eles. Segundo Sarah, o segurança do estabelecimento achou que ela estava pedindo dinheiro ou importunando e por isso ordenou que ela deixasse o local. Se sentindo extremamente humilhada com a situação, Sarah expôs o caso nas redes sociais e ainda filmou o autor do crime.

Este ano, pela primeira vez, Sarah curtiu a folia do Carnaval de uma forma diferente, desfilando em uma escola de samba. Ela desfilou na Beija-flor em uma ala com outras inspirações negras. O enredo da escola foi “Empretecer o Pensamento é Ouvir a Voz da Beija-Flor”. “Foi especial demais, eu amo Carnaval e uso minhas redes sociais para falar sobre racismo, foi o match perfeito de uma volta por cima, principalmente depois do episódio de racismo exposto em março deste ano”, conta. 

Leia a seguir entrevista que RG fez com Sarah.

Conte sobre sua experiência nas multinacionais onde atuou.

Trabalhei em três multinacionais e duas delas eu levo no meu coração: Repsol Sinopec Brasil e EY. Na primeira, eu tinha apenas 18 anos quando comecei e lembro o quanto eu me sentia especial porque  lidava com o orçamento da empresa e tinha a responsabilidade de orçar números gigantescos. Além disso, eu auxiliava os estrangeiros da empresa com alguns trâmites, tinha que falar e escrever em espanhol e inglês, foram dois anos muito especiais como estagiária. Já na EY, eu aprendi ainda mais. Trabalhava na área de impostos e também amava quando tinha que lidar com os clientes estrangeiros, eu me sinto muito orgulhosa de mim mesma em poder falar mais de uma língua e em poder ter trabalhado em dois lugares incríveis antes de chegar até aqui. A outra empresa eu prefiro não mencionar, pois não me senti em casa e fiquei menos de um ano lá.

Como nasceu a Sr. Biju? 

Nasceu por necessidade e virou um sonho realizado. Eu tinha R$ 200 do meu último salário em um contrato de estágio que estava no fim, ao mesmo tempo eu tinha algumas continhas para pagar que dariam perto desse valor. Conversando com uma amiga, Isabella Rebouças, entre pagar as contas e comprar bijus para revender – ideia dela – eu decidi investir o dinheiro todo. Comprei tudo em biju e vendi online conquistando R$ 600 em apenas uma semana. Minha maior sacada foi de cara encontrar meu público alvo. Eu já estudava administração na UFF (Universidade Federal Fluminense) e apliquei meus conhecimentos da melhor forma possível: sabendo que o Facebook era a rede social do momento na época, eu pedi a senha de algumas amigas, fiz um grupo no Facebook e adicionei as mulheres de todos os perfis que eu consegui a senha. Em um dia eu tinha cerca de 2.500 mulheres no grupo. Como todas as amigas moravam em Niterói, eu pensei que a maioria das mulheres adicionadas ali também seriam de Niterói, o que era perfeito porque eu não tinha conhecimento de envio (Correios). Comecei vendendo pessoalmente e encontrando cada uma em Niterói, cidade que cresci e morei até pouco tempo atrás. Naquela época eu só vendi bijuterias femininas que eu comprava prontas, hoje eu vendo semijoias que nós mesmas, eu e minha irmã, montamos com muito carinho e para todo mundo.

Qual seu público-alvo? 

Levando em consideração que eu tenho, por enquanto, duas empresas, posso dizer que tenho dois. Na Sr. Biju meu público-alvo são homens e mulheres, jovens e que gostam de acessórios na cor prata e minimalistas. Na minha rede social, que sim é uma empresa e registrada, o público-alvo foi mudando à medida que minha vida foi mudando também, eu me tornei influenciadora por causa da corrida e mostrava como era ser asmática e correr, nessa época muitos corredores e pessoas que desejam aprender correr me seguiam. Com o tempo, eu consegui trazer outros assuntos como: empreendedorismo, skincare, cabelo, pautas raciais e viagens. E aí vem a questão: como saber o público-alvo tendo tantos nichos diferentes? Vamos dizer que meu público agora gosta de ver assuntos que inspiram, motivam e empoderam, porque é assim que eu trato todos esses tópicos no meu perfil.

É você quem cria as peças? 

Eu crio a primeira peça e a minha irmã replica para os pedidos. Durante anos era eu quem fazia todos os pedidos, depois a Carla Fonseca, minha irmã, começou a me ajudar. Hoje em dia, tendo uma rotina completamente diferente por ser influenciadora, modelo e também apresentadora, a Carla é responsável por montar e enviar todos os pedidos feitos em nosso site e marketplace.

Foto: Felipe Archer

Por que resolveu se tornar influencer? 

Aconteceu. Eu fui chamada para correr com um grupo de corrida de uma marca esportiva, eu sou asmática, fui a última a chegar. Dali, um treinador, Fabio Freitas, que é meu treinador hoje em dia, me incentivou a tentar mais vezes, bem como o meu primo, responsável por ter me convidado na primeira vez. Eu tentei,  compartilhei no meu Instagram, fui sincera sobre todas as dificuldades que enfrentei por causa da asma, e consegui. Minha maior vitória foi a minha primeira meia maratona. Terminei chorando demais, era inacreditável fazer 21 km, lembro-me que treinei por seis meses para conseguir atingir essa distância. Minha história chamou a atenção de muita gente na época e os seguidores foram subindo. Como falei anteriormente, comecei com a corrida e quando vi já estava compartilhando outros pilares da minha vida que eu amo falar sobre.

Como é o seu dia a dia como influencer? 

Uma surpresa. Não há rotina. Eu consigo me organizar conforme os dias vão passando, mas é muito louco como do nada eu recebo uma proposta para fazer um vídeo em dois dias, ou, do nada, recebo proposta para viajar em três dias. Do nada eu viro uma capa de revista. Do nada eu viro modelo de uma marca. Do nada embaixadora de outra marca. Do nada eu estou apresentando uma live em outro estado. É sempre assim, do nada. Mas, claro que, como uma empreendedora que não dá ponto sem nó, eu sei que esses “do nadas” só acontecem porque eu levo a sério o negócio, leio muito sobre, estudo, faço curso sobe marketing e rede sociais, ouço meu público, converso, entrego conteúdo de qualidade e com muita responsabilidade. É uma troca. Faço por onde para que as marcas me enxerguem como uma boa opção para representá-las e eu estou plenamente feliz em já ter sido e ser embaixadora de marcas grandes e/ou internacionais. O reconhecimento está muito presente, tão presente que, às vezes, tenho que recusar trabalhos incríveis por já estar fechando contrato com a concorrente da marca que me procurou. E falando das atividades, ser influenciadora, além de precisar estudar como eu mencionei, me exige algumas habilidades como: criatividade para passar a mensagem de forma que retenha o público, saber fazer um bom roteiro, edição de fotos e vídeos, equipamentos necessários ou capacidade para dar um jeitinho para atingir o resultado, prazo, responsabilidade, se manter atualizada do que está rolando no mundo virtual, ter atenção para não me envolver em polêmicas que podem me prejudicar, entre outras coisas. É muito mais que uma foto ou um vídeo postado com a #publi .

De que maneira você motiva pessoas em suas redes?

Eu já conquistei muitas coisas nessa vida, só que em vez de somente mostrar essas conquistas, eu amo falar sobre o backstage e como fiz para chegar até lá. Eu amo abrir uma conversa e mostrar para as pessoas a realidade de como é possível chegar lá. Acho que mostrar os lados bons e ruins de um caminho para atingir o objetivo me aproxima demais do meu público, porque dessa forma eles veem além do close. O corre é o mais importante, e enquanto eu estou mostrando o corre, estou falando e confirmando que os seguidores também podem.

Onde atua como apresentadora?

Comecei sendo apresentadora de lives musicais na pandemia. Foi uma onda de lives e apresentei algumas. Antes eu achava que seria impossível falar e improvisar totalmente ao vivo, depois da primeira, eu vi que tinha nascido para isso. Eu consigo ficar muito calma e improvisar super bem. O talento foi reconhecido e acabei fazendo outras lives não musicais, como, por exemplo, para o Mercado Livre, sendo live de vendas e para a Marisa, live para anunciar um produto, e mais: ao lado da Dira Paes. Já estou pronta para os próximos trabalhos como apresentadora.

Tem vontade de se tornar atriz? 

Meu próximo grande objetivo é com toda certeza ser atriz. Já estou movendo tudo para começar a estudar e contarei sobe isso em breve nas minhas redes sociais. Tive uma ideia que ainda é segredo, mas que eu tenho certeza que vai me abrir muitas portas. Meu maior sonho é fazer uma série na Netflix, e vou conseguir, pode deixar registrado aqui. Eu sou assim, eu sonho grande mesmo e eu super acredito em tudo que eu sonho.

Conte sobre o Projeto Conexão, como surgiu? 

Surgiu quando vi meu Instagram crescendo e crescendo e tive muita vontade de usar aquele canal para algo que mexesse com as pessoas, que fizesse a diferença. Dessa forma, com a minha empresa Sr. Biju, eu decidi entrevistar empreendedores negros que ainda não tinha atingido seus maiores sonhos, com o objetivo de mostrar a realidade que é ser empreendedor e negro no Brasil. Eles contaram sobre situações em que sofreram racismos, maiores dificuldades, conquistas e sonhos. As entrevistas foram tão especiais que eu ficava emocionada, mas segurava bem a emoção porque também foi a chance de mostrar que eu conseguia entrevistar pessoas numa boa. Por fim, o resultado foi incrível, apesar de algumas pessoas que assistiram ficarem na onda do “mimimi” e deslegitimarem algumas histórias, a maioria se viu lá. Eu recebi muitos depoimentos via direct e comentários, eu ficava muito emocionada lendo como as pessoas estavam se sentindo e me agradecendo por espalhar a mensagem.

Como foi a experiência de desfilar na Beija-Flor? E por que a Beija-Flor? 

Foi especial demais, eu amo Carnaval e uso minhas redes sociais para falar sobre racismo, foi o match perfeito de uma volta por cima, principalmente depois do episódio de racismo exposto em março deste ano. Eu desfilei para mostrar que a gente cai, mas levanta. O enredo da Beija-Flor me tocou demais, eu que já visitava alguns ensaios da escola para curtir, fiquei extremamente honrada com o convite. Foi um momento incrível e único.

O tema da escola deste ano influenciou em sua escolha? 

Gostar da escola já teria influenciado, mas o tema mexeu muito comigo.

Acha importante ter um posicionamento antirracista e feminista nas redes sociais? De que forma? 

Acho importante sim, mas não acho obrigatório trazer o assunto o tempo todo. Eu já fui a pessoa que falava muito sobre isso o tempo todo e após diversos ataques, eu decidi falar quando me sentisse bem para, sem pressão. A internet está muito tóxica e até quando tentamos compartilhar informação para o bem, sempre tem alguém que tenta tirar a sua paz. Eu tive problemas sérios com isso ao ver meu público crescer, já desmaiei em casa por conta de mensagens negativos de haters e tive que aprender, como aprendo até hoje, a lidar com isso na terapia. De forma mais leve, eu tento trazer o que posso para o meu público e fico feliz quando influenciadores o fazem também, mas com a pressão das redes, eu jamais cobraria além do que a pessoa se sente à vontade porque a gente não sabe o que o outro já passou ao se posicionar. Tem que estar muito forte psicologicamente, ainda tem muita coisa errada acontecendo. E ainda tem muita gente apoiando tais coisas que não fazem sentido. São esses que machucam.

Com cuida da beleza, tem algum ritual? 

Sou muito vaidosa e foco bastante no natural. Troco uma maquiagem pesada por uma boa skincare facilmente, prefiro cuidar do que já sou do que mascarar para mudar a realidade. E eu amo passar isso para o meu público, sempre apareço cuidando da pele, descobrindo novos penteados, cuidando do cabelo etc. Além disso, não uso filtro, apareço como a realidade é: de cabelo molhado, preso, solto, sem maquiagem ou com maquiagem. Eu gosto de me ver nas redes como eu realmente sou para não criar nenhuma segunda realidade na minha cabeça e para me amar sempre como sou.

Foto: Felipe Archer

E do corpo?

Faço exercício físico desde que me entendo por gente. Quando criança fui ginasta, fiz natação e joguei futsal. Assim que fiz 15 anos, entrei na academia, enquanto ainda jogava futsal e fazia aulas de dança. Eu amo movimentar o corpo. Hoje eu não jogo mais futsal, mas além da musculação, eu corro e já fiz três meias maratonas. O corpo é a minha casa e no meu caso, minha casa adora um movimento, me sinto bem assim.

Tem algo que não come? 

Eu vou à nutricionista desde meus 18 anos e sempre busquei dietas que não me restringissem demais. Acabei me acostumando a comer o que gosto e de forma saudável. Além disso, não sou muito do doce e da fritura, tirei isso logo no começo e desde então dificilmente eu sinto falta. Posso ficar sem doce e fritura por dias numa boa.

Gosta de cozinhar? 

Para ser muito sincera, minha rotina é tão intensa que não me sobra muita energia para cozinhar, eu amo mesmo é pedir uma comida no delivery, cozinhar só de vez em quando, rs.

Quais são seus hobbies? 

Eu amo ler livros, assistir séries, jogar tetris e trabalhar. Sim, eu amo trabalhar porque eu trabalho com o que amo.

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