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Como cantar bem e aumentar a vitalidade da voz 

Foto: Divulgação/Istock

Em “Mulher do Fim do Mundo”, Elza Soares profetizou: “eu vou cantar até o fim”, e cantou. A sua voz rouca, rasgada, potente, encantou Louis Armstrong, que, reza a lenda, disse que ela tinha um saxofone na garganta. O maior instrumento musical que possuímos é a voz. Cantar é arte, terapia, libera emoções, conecta com os próprios sentimentos e aproxima do outro.

Independentemente de dom, que é algo que já vem com a pessoa, todo mundo pode aprender a cantar melhor. Se você solta a voz nas estradas, nos palcos, em um coral ou no chuveiro, em todas as situações, é importante cuidar desse instrumento precioso. Veja dicas de como cantar com mais qualidade e aprenda a deixar sua voz em forma.

Qual o seu tipo de voz?

Cantar envolve a descoberta da voz. Um dos primeiros passos é conhecer o tipo de voz, a sua extensão vocal. Parece difícil, mas é simples. É a quantidade de notas que uma pessoa consegue emitir, da mais grave até a mais aguda, independentemente da qualidade. Fatores físicos como dimensões da laringe e pregas vocais, junto da respiração e da anatomia, definem o tipo vocal. Voz é identidade, cada pessoa tem a sua, como uma impressão digital.

Aulas de canto presenciais ou online ajudam a compreender o alcance da própria voz, ao encontrar o tom mais confortável para cantar, sem estressar as cordas vocais, além de aprimorar técnicas e corrigir a desafinação. Afinal, como sussurrava João Gilberto, “no peito dos desafinados, também bate um coração”.

No canto, a voz humana é classificada em aguda, grave e média. Contralto é a voz feminina mais grave, enquanto a masculina é o baixo. A feminina mais aguda é soprano, e a masculina é tenor. A intermediária feminina é a mezzo-soprano, e a masculina é o barítono. Uma salada confusa de termos? Na prática, é mais fácil distinguir. Maria Bethânia e Ivete Sangalo são contralto. Madonna, Beyoncé e Marisa Monte são mezzo-soprano. Chico Buarque é barítono. Anitta e Gal Costa são soprano.

A voz envelhece

“O tempo não para” – cantava Cazuza, com seu timbre de tenor -, e age implacável sobre a voz. As cordas vocais são músculos, e com o tempo, ficam flácidas; a respiração também muda. Quem sabe preservar garante melhor forma. Exercitar corretamente é tão importante quanto descansar. Levar a voz à exaustão reduz o alcance e pode causar doenças. Poupar a voz e não gritar também ajuda. Muitos artistas, na maratona de shows, comprometem seu principal instrumento. Gilberto Gil, com seus falsetes gritados, em uma entrega absoluta no palco, adquiriu dois cistos nas cordas vocais, que foram operados em 2007.

Para garantir a saúde e longevidade vocal, profissionais formados na faculdade de  fonoaudiologia são cada vez mais requisitados. Quem canta precisa preparar as pregas vocais para ter resistência, pois é um atleta da voz. O fonoaudiólogo entra em cena com técnicas, exercícios de aquecimento e desaquecimento, para preservar e aumentar a massa muscular.  Ele faz uma avaliação e destaca aspectos importantes a serem trabalhados.

Pratique e respire corretamente

Treine a velocidade do canto, a agilidade que consegue ir de uma nota a outra com mais precisão. Faça exercícios de dicção, prolongue trechos de músicas com vogais abertas. Grave uma música cantando, e escute com distanciamento e atenção, para corrigir falhas de afinação.

A postura também é importante, pois um corpo alinhado, sem estar tenso, permite mais controle do canto. Pratique exercícios de respiração diafragmática, com intuito de aumentar a capacidade de captação de oxigênio e ampliar o tempo de sustentação das notas musicais.

Tripé para um canto saudável: hidratação, alimentação e bom sono

Mantenha uma alimentação equilibrada, rica em legumes, verduras, frutas e grãos. Mastigue com calma, para facilitar a digestão e exercitar a musculatura. O consumo de maçã é uma boa dica – por ser adstringente, limpa o trato vocal e também reduz o pigarro. Não fume, evite o consumo de bebidas alcoólicas e café, porque resseca as cordas vocais e pode provocar azia. Beba bastante água, dois litros por dia, preferencialmente em temperatura ambiente. Evite mudanças bruscas de temperatura e ar-condicionado.

Dormir bem restaura a energia e também ajuda a regenerar as cordas vocais. É uma pausa necessária, como diz a música de Lulu Santos: “somos feitos de silêncio e som”. Para soltar a voz com segurança, é importante se nutrir do silêncio, que também comunica, revela e abre para o novo.

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