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Ser nordestino é ser forte, mas não do jeito que você pensa

Fortaleza, Ceará – Foto: Divulgação/Istock

É incrível como uma das regiões mais ricas do Brasil ainda sofre com uma visão deturpada de uma imensa parte dos brasileiros. Rica em cultura, rica nas paisagens mais divinas e rica na beleza do sertão, a região Nordeste abriga um tesouro maravilhoso em suas terras: o berço de toda a história do nosso País.

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É importante lembrar que foi do Nordeste que todo o resto do Brasil se tornou o que é hoje. É ele que reflete muito do que significa ser brasileiro, e deixá-lo como uma região à parte de todo o País é algo, para dizer o mínimo, injusto.

“Para mim, ser nordestino é ser pessoas iguais a qualquer outra pessoa, de qualquer outra origem, seja do Norte, Sul, Sudeste ou Centro-Oeste do nosso País. Não vejo nenhuma diferença. Sou muito orgulhosa das minhas origens e nunca tive nenhum problema para ter de me classificar como nordestina.” A fala é de Francisca Gorete Bezerra Sepúlveda, professora e coordenadora pedagógica no Ensino Superior do Centro Universitário Santa Rita.

Nascida no interior do Ceará, ela vive hoje em São Paulo e conversa com frequência com sua família, que ficou no estado nordestino. “A gente sabe que existe uma diferença talvez de origem, de exclusão, infelizmente. Mas eu vejo mais uma questão política de exclusão cultural”, comenta. Gorete, como é conhecida, veio para o Sudeste para investir em seus estudos. “Sou pedagoga, mestre e doutora em educação, com currículo pela PUC-SP”, destaca.

Para ela, a cultura nordestina já é algo que se encontra em todo o espaço do Brasil. “Nos tempos atuais, tudo o que tem lá no Nordeste, você encontra aqui, em São Paulo, seja na culinária ou na cultura regional. O que eu mais sinto falta é da minha família, que ainda continua lá, mas é uma falta temporária, porque duas vezes por ano eu tento visitá-los, ou alguém vem para cá”, completa.

Uma riqueza que reluz mais que o preconceito

Pouca gente se lembra nos dias atuais da importância do Nordeste para todo o resto da população brasileira. Vale lembrar que a região árida, tão criticada por outras partes do Brasil, também abriga consigo o berço de toda a nossa história e riqueza. Afinal, de onde saiu toda a cana-de-açúcar, o algodão e o cacau daqui? Embora as pessoas insistam em esquecer – e vale destacar que esse apagão é também uma preferência política -, é o Nordeste que abriga a essência do que é ser brasileiro.

Para Gorete, essa escolha também já pode ser encarada como falta de informação. “Eu creio que essa visão sobre o Nordeste está mudando, sim. Quem ainda não conhece a cultura do Nordeste, a cultura do nosso país, é uma pessoa sem informação. Hoje, no meu ponto de vista, não cabe essa falta de informação”, destaca ela.

Esse é um dos motivos pelos quais nos últimos anos o preconceito contra pessoas vindas dessa região do país ficou tão em alta. É como Gorete diz, pois já não há mais espaço e passou da hora de as pessoas se interessarem ativamente por essas informações.

Essa desinformação, vale lembrar, também é bastante misturada em uma única visão. É importante lembrar que “ser nordestino” é, por si só, um apagamento de parte da história, visto que cada estado carrega consigo suas características individuais. Misturar todos juntos e taxá-los de uma forma não condiz nem um pouco com a realidade. Afinal, hoje, qualquer pessoa pode investir em um aluguel de carro em Recife e conhecer as histórias daquele estado, e o mesmo pode ser feito em outras cidades e estados.

No fim, o importante de quem vem de algum estado do Nordeste é manter as lembranças, como qualquer outra pessoa tem quando sai de uma região e vive em outra. “A paisagem que tenho de lá é da minha vida, da minha origem, da minha infância, lá no interior do Ceará. Eu lembro de toda a riqueza cultural, da simplicidade da vida, e isso, sim, me faz falta, porque aqui em São Paulo não temos mais isso. E é só essa diferença”, completa Gorete.

E isso porque ser nordestino é, antes de tudo, ser forte. E não pelo clichê de resistir à seca, como muita gente sai espalhando por aí, mas por resistir ao preconceito com a capacidade de mostrar a beleza e a riqueza da região mais histórica desse País.

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