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Samantha Meyer: jurista luta pelos direitos das mulheres 

Samanta Meyer – Foto: Leca Novo

Nascida em São Paulo, a advogada constitucionalista Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marques, 45 anos, optou por seguir a área jurídica apesar da vocação familiar artística e esportiva, influências trazidas pela mãe formada em balé clássico e seu pai, técnico de polo aquático. Por nunca ter aceitado injustiças sociais, principalmente as que envolviam a falta de direitos e leis para as mulheres, Samantha encontrou no Direito uma maneira de poder contribuir para que esse cenário ainda tão desigual caminhasse para uma evolução, conseguindo assim, seu bacharel no curso de Direito pela Universidade Paulista (Unip) em 1999.

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Desde cedo, a jurista buscou por áreas no Direito que pudessem ajudar a reorganizar a sociedade e deixá-la mais justa para homens e mulheres. Caminhando nessa direção, ainda no primeiro semestre da faculdade, conseguiu um estágio no Instituto Brasileiro de Direito Constitucional, onde apaixonou-se pela área e optou por se especializar nesse campo. Ainda durante o período que estagiou no local, a advogada teve a oportunidade de participar de grandes eventos e congressos, o que a incentivou a seguir também a carreira acadêmica. “Minha primeira experiência profissional e de aprendizado na área foi com um dos maiores constitucionalistas do País, o professor Celso Ribeiro Bastos, e esse tempo foi crucial para trilhar o meu caminho profissional”, destaca. Em 2002, Samantha conquistou seu mestrado, e posteriormente, em 2008, seu doutorado em Direito do Estado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).

A área do empreendedorismo feminino e os desafios das mulheres no mercado de trabalho em busca de independência na sociedade, motivou a jurista na escolha de seu pós-doutorado em Direito Constitucional e Econômico, que está cursando atualmente na Universidade de Fortaleza (Unifor), área também em que leciona a disciplina “A Dimensão Jus Econômica do Empoderamento Feminino no Capitalismo Transnacional”, parte do programa de mestrado e doutorado em Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove), instituição em que atua desde 2010.

Com uma carreira onde a necessidade de estudos e dedicação é constante, e o ambiente é formado majoritariamente por homens, a maternidade parecia algo arriscado para Samantha, mas se tornou a experiência mais marcante e transformadora de sua trajetória. Ao tornar-se mãe de Pedro, atualmente com 12 anos, Samantha viu de perto como a sociedade ainda subestima mulheres mães que seguem exercendo suas funções profissionais da mesma forma. “As mulheres enfrentam inúmeras desvantagens no mercado profissional ao se tornarem mães, em razão da licença maternidade, principalmente da falsa ideia de que as mulheres com filhos pequenos não conseguirão dar conta do trabalho. Esse preconceito vem da nossa própria cultura, pois até algum tempo atrás no Brasil, não tínhamos autonomia e o marido era considerado a cabeça do casal”, pontua.

Tanto em seu âmbito profissional quanto em sua vida pessoal, Samantha procura usar sua voz para falar sobre a igualdade de direitos e equidade de gênero em diferentes setores da sociedade, sob o aspecto constitucional. “Nossa Constituição Federal possui fatores bem adiantados em comparação a outros países, e também bem atrás em relação a outros”, afirma a jurista. “Na prática, as mulheres têm há anos buscado por posições de igualdade em comparação aos homens em diversas esferas, principalmente no mercado de trabalho, por isso, o papel de diversos movimentos sociais e de termos mais mulheres na linha de frente pública tornam-se tão importantes para dar voz a essa parcela em posições menos favorecidas socialmente”, completa a advogada.

Como escritora, Samantha já publicou e contribuiu na construção de mais de 40 títulos voltados para a área jurídica, e hoje se prepara para o lançamento do livro “A Constituição Por Elas”, obra coordenada por ela e pela Dra. Renata Mota Maciel. Prevista para publicação ainda em 2021, a obra é voltada para os direitos da mulher e produzida em colaboração com cerca de 100 profissionais da área do Direito. “O livro nasceu da necessidade de conferir um olhar feminino sobre as normas constitucionais e divulgar o trabalho magnífico de professoras, magistradas, deputadas, senadoras, promotoras e advogadas que desempenham um trabalho brilhante, mas que em grande maioria nem sempre tem a oportunidade de expandir seu conhecimento para outras mulheres”, conclui.

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