Foto: Divulgação
Pouco explorado, o País Basco reúne ótima gastronomia, belas paisagens e praias além, é claro, de clubes de futebol muito tradicionais. Geralmente preteridas pelos turistas, que optam por explorar o sul da Espanha, e com a forte concorrência da Galícia – famosa pelos Caminhos de Santiago -, as cidades bascas possuem muitos segredos que precisam ser desvendados, e que vão muito além do esporte da bola nos pés.
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De paisagens naturais incríveis, com montanhas e praias, a restaurantes de arquitetura e gastronomia admiráveis, se engana quem pensa que o roteiro gastronômico do País Basco se resume aos famosos restaurantes com estrela Michelin. Apenas para citar um exemplo, a peculiaridade da região já começa com as tradicionais tapas – os famosos os tira-gostos espanhóis -, que tanto em San Sebastián quanto em Bilbao são chamadas de pintxos .
Trata-se da famosíssima “cozinha em miniatura”, marca registrada do País Basco, que consiste em pratos como croquetes de presunto, bacalhau, cogumelos e carne, geralmente servidos em bares, sobre os balcões, onde é normal comer em pé – sempre acompanhado de alguma bebida, seja vinho branco, tinto, cerveja ou sidra (bastante tradicional no país).
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A dica para quem quer passar o dia comendo e bebendo é começar cedo, assim os bares estarão mais vazios e ficará mais fácil encostar no balcão para pedir uma bebida e pegar os pintxos que ficam dispostos em enormes quantidades.
O movimento de andar de bar em bar, petiscando e bebendo pequenos copos de bebida é um clássico e faz parte do DNA espanhol. No País Basco, onde os restaurantes com estrela Michelin brilham aos olhos dos foodies de plantão, há também a tradição de curtir as cidades fazendo uma rota de botecos que não tem hora para acabar.
O centro antigo de San Sebastian, por sua vez, concentra a maioria dos mais de 200 bares da cidade, repletos de ingredientes emblemáticos da região – como vitela, porco, merluza, anchova e caranguejo – que podem ser preparados de diversas formas. A cidade que serve de casa para o Real Sociedad, que já conquistou a LaLiga em duas oportunidades na década de 1980, hospeda alguns dos melhores bares da região, como o Goiz-Argui – famoso pelas suas bruschettas de camarão sem casca, fresquíssimos, e temperadas com o vinagrete secreto da casa.
Há também o bar Txepetxa, onde quase todo mundo vai atrás das anchovas, que são servidas em mil e uma variações, tidas como as melhores da cidade; o Zeruko, um dos redutos com os pintxos mais inventivos e meticulosamente apresentados, contrastando texturas e sabores; o Fuego Negro, onde o chef Edorta Lamo faz uma cozinha caprichada e muito acessível, feita especialmente para se comer em pé; e o Nestor, um dos favoritos de muitos chefs e críticos gastronômicos, onde a tortilha de batatas é um concorrido hit, que pode acompanhar uma celebrada salada de tomates (prato mais famoso da casa).
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Isso, sem falar no bar Ganbara, cuja especialidade são os cogumelos selvagens preparados na chapa e servidos com uma gema mole; o La Cuchara de San Telmo, onde chegar ao balcão já é uma aventura, pois os pintxos são preparados na hora, sem ficar expostos – além de ser dono de uma das melhores bochechas de vitela, que chegam a desmanchar na boca; e o La bodeguilla Donostiarra, aconchegante e queridinha de muitos chefs, tem como carro chefe as saladas russas e as gildas (famoso pintxo de azeitona, anchova e pimenta guindilha servidos num palito).
Já Bilbao, tida como o “patinho feio” do País Basco até os anos 1990, deu a volta por cima quando ganhou sua principal atração turística: o Museu Guggenheim. Sua gastronomia, no entanto, tem as mesmas raízes de San Sebastian – sendo mais barato e com menos turistas.
As duas zonas que merecem a atenção dos apaixonados por gastronomia são o centro antigo (“casco viejo”, em basco) e os arredores da Diputación (que nada mais é que a administração regional), onde as tapas são elevadas à já citada categoria de alta cozinha em miniatura.
A casa dos Leones do Athletic Club, equipe que já venceu a LaLiga em oito oportunidades, entre as décadas de 1930 e 1980, também possuem grandes e famosos bares: como El Globo, que além do balcão também contra com um salão, que vende o famoso pintxo Txangurro (com caranguejo desfiado e gratinado sobre uma torradinha).
Já o bar Promenade, que se esconde por trás de uma porta amarela, serve com maestria um virtuoso vermute – delicioso aperitivo amarginho – tanto puro, como aditivado com gostas de gin ou angostura, principalmente como acompanhamento das já citadas gildas, a mãe de todos os pintxos .
Há ainda o La olla de la Plaza Nueva, que conta com um extenso balcão de pintxos como as latinhas de boquerones (ou anchovas, em português) em vinagrete e cogumelos recheados; e o El puertito, especializado em ostras nacionais e importadas, que acompanham uma seleção enxuta de txacolis (vinho branco ou tinto de baixa graduação alcoólica do País Basco, que tem duas denominações: Txacoli de Getaria e Txacoli de Vizcaya, sendo leve e ligeiramente frisante).
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Por fim, mas não menos importante, tem o La Viña del Ensache, que além do balcão de pintxos, serve pratos como ovo, foie gras, cogumelos e purê de batatas em uma panela ou com o delicioso porco ibérico cozido a baixa temperatura; e o Sorginzulo, um minúsculo bar que possui ótimos pintxos quentes como o brioche com foie gras, nozes e mel, acompanhado de um típico clarete (vinho rosado bem suave).
Dentro de campo, a magia gastronômica e as belíssimas paisagens se transformam em uma das rivalidades mais quentes do futebol espanhol. Aquele que é chamado de ‘Derby Basco’, entre Athletic Club e Real Sociedad, terá mais um capítulo escrito nessa rica história ainda em 2020, no dia 31 de dezembro – quando os dois clubes entram em campo em confronto pela 16ª rodada da LaLiga Santander. A partida será disputada às 10h (horário de Brasília), no estádio San Mamés.