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Paula Lima: “Emicida é uma pessoa adorável, intensa, serena, sábia. Estratégico”

Angela Merkel – Foto: Divulgação

Angela Merkel, chanceler da Alemanha, foi eleita pela Forbes a mulher mais poderosa do mundo. Ela está há 15 anos no poder. É considerada fria – aquele tipo de observação feita por homens para falar sobre mulheres profissionais, focadas e principalmente, de sucesso. No momento em que o mundo enfrenta a maior crise ocasionada por uma doença, altamente fatal, a Covid-19, Merkel chega com um discurso relevante e humano.

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Uma verdadeira líder entende que pessoas não são números. Entende que há uma grande dor presente na vida das famílias que perderam um ente querido. E fez um apelo de forma emocionada, dizendo que, apesar de ter consciência e entender o significado das festas de fim de ano, com os seus preparativos, trouxe a seguinte reflexão: “Se esse for o último Natal que passamos com nossos avós, teremos falhado, e não podemos deixar isso acontecer”.

Merkel também afirmou que quase 600 mortes em um dia é inaceitável. Ela pediu que a população e governantes ajam com responsabilidade. Ela é uma mulher que está a serviço, preocupada com o seu povo. Diz que com a ciência não se negocia.

O Reino Unido iniciou a vacinação nesta semana. Foi um sopro real de esperança necessária para todos nós voltarmos à vida em 2021.

Ontem assistindo ao discurso da chanceler no parlamento alemão, com  a sensibilidade e o enfrentamento esperados sobre o problema, tive uma crise de choro. Jornalistas brasileiros que faziam os comentários na TV naquele momento, também se emocionaram e estavam pesarosos com a realidade oposta que enfrentamos por aqui.

Triste. Dolorido. Revoltante. Sim, tudo isso. É inaceitável que se faça piada em relação às quase 200 mil mortes. É inaceitável a desorganização em relação à vacina, vacinação e insumos. É inaceitável. Estamos perdendo pessoas. Não estamos ou chegamos ao final. Precisamos cuidar, proteger e servir o povo com a salvação que há até aqui: a vacina!

Pretinho da Serrinha – Foto: Reprodução/Instagram/@pretinhodaserrinha

Logo após passar por esse momento de profunda dor, entrevistei meu querido e genial amigo Pretinho da Serrinha, que estava no seu primeiro dia livre da Covid-19. Disse que sobreviveu, que os sintomas são horríveis, e até inexplicáveis… que ficou numa angústia e na ansiedade. Faltou ar, e ainda falta. Houve febre. Também disse que não deseja para ninguém o que sentiu. Disse que poderia não estar ali, falando comigo. Pediu para que todos se cuidem, e muito. A coisa é muito séria.

Pretinho me lembra a Angela Merkel. Ele é um cara que olha além dele. É generoso, parceiro, amigo, profissional, correto, pronto para fazer o melhor e o certo. Se diz frio, mas tem um coração enorme e produz lindamente. É grato e tem consciência das suas responsabilidades sociais e civis. Ele é autor de muitos hits, entre eles, “Felicidade”: “Felicidade é viver na sua companhia, felicidade é estar contigo todo dia.”

Isso é valorizar e respeitar a presença do outro, e a própria vida. A live completa da minha conversa com Pretinho da Serrinha está no IGTV da @ubcmusica. Uma live de música e de amor.

Neymar – Foto: Reprodução/Instagram/@https://www.instagram.com/neymarjr/

Felicidade também está sendo acompanhar essa nova postura e consciência adquirida que apresentou Neymar. Essa voz é importantíssima na luta antirracista! E orgulho foi ver os jogadores de futebol, ídolos influentes conhecidos por praticar o esporte mais popular do mundo, assumirem papel nessa luta. Parabéns aos times Istambul Basaksehir e PSG! Racistas não passarão. Que sirva de exemplo.

Emicida – Foto: Divulgação

E para terminar, quero, e preciso, falar da catarse absolutamente sensacional que é o documentário “AmarElo – É Tudo Para Ontem”, do rapper Emicida. É profundo, intenso, social, genial, generoso… trata do coletivo!

O documentário traz o registro do show histórico no Theatro Municipal de São Paulo, e, por meio de um texto potente narrado por Emicida, fala sobre o racismo, a história e a importância do negro no Brasil e em São Paulo, e traz a religião católica e de matriz africana, o candomblé. Fala ainda sobre invisibilidade, desigualdade e reparação social, além de unir arte, política e movimentos sociais.

Emicida é uma pessoa adorável, intensa, serena, sábia. Estratégico. Falo por experiência própria, das muitas conversas e encontros que tivemos. É apaixonante ouvi-lo falar e acompanhar o seu raciocínio. Na vida, se coloca sem vaidade, fala e defende os seus com alegria, amor, valorizando o outro.

Fióti e Emicida – Foto: Divulgação

Quero registrar aqui a presença de Fióti, irmão do Emicida, sócio e cocriador da Lab Fantasma. Uma mente brilhante e essencial na construção dessa narrativa de sucesso. “AmarElo”, o documentário e o álbum, são fundamentais para a cultura e para a sociedade brasileira. O documentário devia se tornar obrigatório no currículo escolar.

Emicida diz: “Vencer é muito mais que ter dinheiro. Esses jovens querem reescrever a história desse País“. Assim como ele que já entrou e escreve uma nova história”.

Ubirany – Foto: Divulgação

Por fim, com muito pesar e tristeza, deixo aqui o meu carinho e meus sentimentos ao singular mestre Ubirany, um dos membros do grupo Fundo de Quintal e um dos pilares do samba, que nos deixou, lutando contra a Covid-19.

Emicida e Fióti sabiamente organizam e sugerem novos caminhos, mas têm o samba como o centro de tudo que consideram positivo no Brasil, dizendo que tudo que acham que deu certo, tem uma influência do samba.

Obrigada Ubirany, por tanto. E Emicida e Fióti, vocês nos trazem esperança, força e luz.

Cuidem-se e protejam-se! Abraços.

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