Jantar Cego: como é a experiência de fazer uma refeição no mais completo breu em um hotel em São Paulo

Foto: Divulgação

Passar mais de três horas no mais absoluto escuro foi uma das maiores experiências deste ano lotado de emoções que estamos vivendo. É mais doido ainda pensar que, neste tempo todo no breu de um salão de eventos do hotel Hilton, em São Paulo, em grande parte dele estive degustando um menu caprichado assinado pelo chef Rodrigo Mezadri.

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A ideia do projeto “Música e Sentidos – Jantar Cego” é exatamente essa. Partindo de uma iniciativa do Caleidoscópio Comunicação & Cultura em parceria com a rede hoteleira, o evento é uma experiência sensorial em que se tem a mistura de (quase) todos os cinco sentidos em um jantar com entrada, prato principal e sobremesa.

Ao chegar, todos aguardam em um hall no terceiro subsolo da unidade do hotel no Morumbi até o host do jantar guiar, fileira a fileira em fila indiana, cada dupla até o lugar previamente marcado e identificado entre um cardápio vegetariano ou não, e vinho ou água como bebida principal.

Logo ao entrar, a completa escuridão te mostra que ela será sua grande companheira durante a noite. De bate pronto, você percebe que precisará aguçar seu tato para se situar onde você se encontra e o que pode existir na sua frente. É uma completa imaginação do começo ao fim do jantar.

Foto: Divulgação

Entre a entrada e o prato principal, bem como entre este último e a sobremesa, longos minutos de música ao vivo preenchem o vazio preto que se encontra à sua frente. Os garçons são as grandes estrelas da noite. Além de fazerem um trabalho exemplar servindo a todos e todas, os profissionais são deficientes visuais que detêm o talento de declamar notas musicais dos mais variados tons.

De grandes hinos da música popular brasileira a músicas atuais, é intenso e diferente presenciar um show ao vivo sem estar vendo e entendendo de qual canto da sala vem o som. É um exercício para a mente ouvir as notas vindas da direita, o som da bateria saindo da sua frente e sentir a presença de pessoas atrás de você.

O cardápio é totalmente pensado para você tentar imaginar o que está comendo. As escolhas dos pratos foram baseadas em comidas cheias de texturas diferentes, com destaque máximo para a sobremesa que, literalmente, lhe entrega explosões deliciosas no céu da boca.

É uma experiência cara, mas válida demais. Ao mesmo tempo em que é um evento de gastronomia, é possível enxergá-lo de diversas outras maneiras, como uma prática intensa e imersiva na realidade da população que tem algum tipo de deficiência. É a empatia tirada da teoria e do conceito e colocados à prova durante as três horas do mais pleno e completo breu. Vá com tempo e paz no coração. Vale a pena.