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Empresária e influenciadora negra Priscila Santos fala sobre carreira e relembra momentos difíceis

Foto: Reprodução/Instagram/@priscilasantosk

Com uma trajetória cheia de reviravoltas, Priscila Santos tem muito o que falar. Foi por isso que ela criou um perfil no Instagram, no qual compartilha suas histórias e traz dicas sobre autoestima para os seus mais de 90 mil seguidores.

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Mas para quem acha que ela é apenas mais uma das inúmeras influenciadoras digitais que surgem na internet de tempos em tempos, está muito enganado: com uma forte veia empreendedora, comanda a Rebocar, uma das maiores empresas de reboque e leilão de carros da cidade do Rio.

Nascida e criada no Espírito Santo, Priscila foi para o Rio e transformou sua história profissional. Uma boa dose de coragem e dedicação fez com que sua companhia crescesse, contasse atualmente com mais de 120 funcionários e se tornasse referência na área de administração de veículos apreendidos.

Fica uma pergunta no ar: se já é uma empresária super bem-sucedida, por qual motivo ela resolveu se dedicar também aos conteúdos do Instagram? Ela mesmo responde: “ajudar as pessoas”.

Após pouco mais de um ano utilizando a plataforma, ela afirma gostar da experiência e já ter recebido muitos retornos positivos. “A ideia surgiu a partir do interesse das pessoas pela minha história e pelas situações que já vivi”,  comenta. “Minha intenção foi fazer que quem me segue conseguisse se enxergar nas minhas vivências e dificuldades e acreditasse em si mesmo.”

Olhando para o passado, hoje ela percebe que essa necessidade de ajudar o próximo refletia alguns dilemas pessoais. “Eu não acreditava em mim mesma, dava muita importância para a opinião dos outros e vejo que perdi muito tempo da minha vida”, lamenta. “Mas hoje superei essa fase e acho que isso foi primordial para alavancar tanto o meu lado pessoal quanto o meu lado profissional.”

Na sua carreira de empresária, ela conta que sofreu muita discriminação por ser mulher. Também é de se imaginar: o seu ramo de atuação não é lá muito amigável e receptivo para com o público feminino e é carregado de preceitos machistas ligados ao setor automobilístico. “O meio no qual eu estou inserida é totalmente masculino. As pessoas não acreditam até hoje que, por trás da Rebocar, exista uma mulher”, revela.

Além de ser mulher, ela também é negra. E como tal, afirma que nunca deixou a cor da sua pele interferir em como as pessoas a tratavam. “Não dou nem oportunidade de me olharem de maneira diferente, como se eu não merecesse o espaço que ocupo, por eu ser negra. Então, onde quer que eu vá, tenho orgulho da minha cor”, conta.

Ao analisar o racismo presente na sociedade, ela encara o problema como uma via de mão dupla. Enquanto a sociedade necessita rever os seus conceitos e evoluir no combate ao preconceito, Priscila defende que a pessoa negra também deve abrir sua mente e se valorizar mais.

“Antes dessa evolução da sociedade, acho que cada negro tem que evoluir dentro de si mesmo. Todos somos iguais perante a lei e perante Deus. Muitos ainda precisam se aceitar como negros e se impor para cobrarem uma mudança de modo mais assertivo”, diz.

Foto: Reprodução/Instagram/@priscilasantosk

Sua vida anda bastante agitada com tantos projetos, mas ela ainda quer mais. Em seu trabalho, os planos futuros incluem levar a empresa para vários municípios do Rio e chegar a mais regiões do País. A vida pessoal também requer espaço para mudanças. Mãe de Brenda e Bernardo, deseja se casar, ter outros filhos, adotar uma criança e oferecer ainda mais estabilidade para sua família.

A longo prazo, Priscila destaca um plano superespecial: a criação de uma ONG voltada para a fase da infância. “É o meu projeto de vida”, destaca. “Sendo negra, filha adotiva, vinda do interior do estado, de uma família sem boas condições financeiras, eu consegui. Quero mostrar às crianças que, se eu consegui, elas também conseguem alcançar seus sonhos.”

Ela revela que arranjar essa força de dentro não é fácil e que já enfrentou muitos momentos conturbados, mas que, com muita luta, conseguiu deixá-los para trás, vivendo um dia após o outro. “Sei o quanto isso é difícil: os quadros de depressão aumentaram na nossa geração, assim como as questões de sentimento de inferioridade, de falta de amor próprio… mas não dá para deixar isso te derrubar”, conclui.

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