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Sanches: “Primeiro eles riem, depois te copiam”

Sanches fala sobre a autenticidade dos artistas e os movimentos criativos. Na foto, o artista Keith Haring, que fez muito sucesso nos anos 1980 (Foto: Reprodução/Instagram)

O jeito único de cada um ver o mundo é o principal componente que induz as escolhas que fazemos, o que normalmente diferencia, por exemplo, o seu trabalho do meu. Como se nossos pontos de vista fossem uma assinatura singular no jeito que fazemos e criamos as coisas e o mundo a nosso redor.

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Um dos aspectos mais agradáveis da criatividade, na minha opinião, é o modo como ela celebra e recompensa nossas peculiaridades e idiossincrasias. Peculiaridades essas que são, na maioria das vezes, infelizmente vistas pela sociedade atual como sinônimo de fraqueza. Como é possível as pessoas ainda tratarem os elementos que tornam os seres humanos únicos e autênticos como chacota ou demonstração de fraqueza? Fraco é aquele que segue o rebanho, não o ser de ideias próprias.

É, por essas e outras reflexões, que cada vez mais concentro minha energia em encontrar as fontes de inspirações dentro de minhas próprias experiências, reflexões e vivências. Quando a criatividade do meu trabalho vem das minhas peculiaridades e idiossincrasias, ela naturalmente se torna mais robusta e autêntica. Quanto mais eu entendo isso, mais me encontro em um lugar de paz junto ao meu trabalho por sentir mais verdade na criação.

Acredito, porém, que esse ponto sozinho não resolve o problema da autenticidade, tem mais um detalhe aí. Se tudo que eu disse acima for somado a clareza e, principalmente, a vontade de dizer algo, de se expressar, de querer ter a própria voz, a verdade criativa estará certamente menos distante.

Quando descobrimos o que realmente queremos dizer, a vida cotidiana se torna uma fonte rica de estímulos criativos e vontade de execução. É claro que não descobri minha voz no momento em que decidi ser artista, muita coisa teve que acontecer para eu achar essa voz e, para ser sincero, apesar de ter uma clareza atual dela, ainda estou e sempre estarei lapidando essa voz. Há muito o que aprender. Como disse certa vez o pintor Eugène Delacroix: “O que torna uma pessoa genial ou que inspira seu trabalho, não são as novas ideias, mas sua obsessão pela ideia de que o que foi dito não foi o suficiente.”

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Rafael Sanches – Colunista de arte do Site RG

Foto: Arquivo Pessoal

Sanches é um artista multidisciplinar que confunde as linhas entre arte, arquitetura e moda, entrelaçando desde a criação de obras de arte tridimensionais até o design de futuros espaços “reimaginados”. O artista é conhecido por sua incansável experimentação de formas, materialidades e formatos em muitos gêneros de trabalho. Abrangendo esse conceito tipográfico que vai além de letras e palavras – formando forte comoção estética, ele se transformou em um dos novos artistas contemporâneos mais requisitados do País.

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