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Carol Marra organiza bazar para ajudar jovens trans

Foto: Felipe Censi

“Durante a pandemia, vi vídeos de meninas trans em situação de vulnerabilidade nas ruas, e me tocou muito. Fiquei incomodada, querendo fazer algo para poder ajudar não apenas a personagem do vídeo que viralizou nas redes, mas todas de uma forma em geral. Busquei informações de ONGs que fazem um trabalho sério e conheci, entre outras, a Casa Florescer – um espaço que abriga essas meninas, oferece todo suporte psicológico, jurídico, médico e ainda promove uma série de debates e cursos para inseri-las no mercado de trabalho formal.” A declaração é da jornalista e atriz trans Carol Marra.

Foto: Felipe Censi

Neste sábado (29.08), Carol organiza um bazar para angariar fundos para a Casa Florescer, a fim de ajudar as jovens trans que recebem auxílio no local. “Infelizmente muitas ainda trabalham na prostituição porque não tiveram outras oportunidades e precisam se sustentar de alguma forma.  Lamentavelmente ainda é uma parcela marginalizada e desassistida aos olhos da sociedade ‘são quase invisíveis’”, relata.

Para participar do “Bazar da Marra” basta acessar as redes (Instagram) do bazar: instagram.com/bazardamarra/.  As vendas das peças serão feitas online pelo Instagram ou na própria Casa Florescer com intuito de as pessoas conhecerem o espaço (o atendimento presencial será feito por uma pessoa seguindo todas as normas Organização Mundial da Saúde).

Foto: Felipe Censi

O “Bazar da Marra” dura até quando houver peças a serem vendidas. A curadoria das mercadorias é feita pela própria Carol. Quem quiser fazer doações pode entrar em contato direto com a atriz e jornalista pelo endereço: anacarolinamarra@gmail.com.

Casa Florescer

O projeto Casa Florescer nasceu há 4 anos e meio e já ajudou mais de 800 meninas, 30% delas  já estão trabalhando no mercado de trabalho formal. A ideia do “Bazar da Marra” surgiu porque Carol percebeu que temos e consumimos muito mais do que precisamos, e esse período de isolamento mostrou isso. “Comecei a repensar a moda (logo eu que sempre fui compradora compulsiva) de uma forma mais circular e não como um fast fashion.  É preciso fazer circular tudo aquilo que não usamos”, explica.

Carol passou a pedir doações para algumas amigas, como Carolina Ferraz, Hortência e também para algumas marcas. Recebeu muita coisa legal, peças novas com etiqueta, peças de coleções antigas e seminovas. “Tudo em ótimo estado”, conta.  Aí, ela selecionou tudo, fotografou, colocou preço e decidiu fazer o bazar com a renda total e integralmente revertida para a Casa Florescer.

Foto: Felipe Censi

“Acredito que se cada um fizer um pouquinho pelo outro teremos um mundo melhor. O que falta na verdade é inciativa, cada um pode fazer algo. Se não pode doar ou comprar algo, pode dar uma palavra amiga para essas pessoas, ter um olhar de mais empatia ou até  ajudar divulgando, sempre podemos fazer algo.”

Ela lembra que os que puderem comprar algum item do bazar, mais do que adquirir uma peça, essa pessoa estará ajudando quem precisa.

Carreira

Formada em jornalismo e artes cênicas, Carol iniciou sua carreira como repórter e produtora de moda. Descoberta nos bastidores de um dos maiores eventos de moda do País – o São Paulo Fashion Week, por um editor de revista de moda, ela se rendeu às passarelas e tornou-se também modelo.

Foto: Felipe Censi

Carol foi a primeira modelo trans a desfilar no Minas Trend Preview – terceira maior semana de moda no calendário brasileiro – e se destacou também nas passarelas do Fashion Rio. Depois de brilhar nas principais semanas de moda do País, participou de editoriais para revistas de moda e de entretenimento. Com toda versatilidade adquirida no jornalismo, na arte, na cultura e na moda seu rosto representa marcas mundiais a exemplo da Vodcka Absolut.

Na TV, seu primeiro trabalho como atriz foi na série “Psi” exibida no canal HBO, série que foi indicada ao Prêmio Emmy. Ainda no mesmo ano atuou em “Segredos Médicos” e “Espinosa”. nos canais Multishow e GNT, respectivamente. Na Rede Globo participou de novelas e séries como “Boogie Oogie” e “Brasil Abordo”.

“Foi uma honra pode estar e trabalhar ao lado de Miguel Falabella, Arlete Sales, Marcos Caruso, Stela Miranda entre outros”, afirma. Sempre aberta a novas experiências e desafios, Carol nas telonas ao lado da atriz Carolina Ferraz no longa “A Glória e a Graça”, com direção de Flávio Tambelline.

Em 2019, ela interpretou “Odara” no longa da diretora portuguesa Ana Cavazzana, ao lado de Ricardo Pereira, Maria Fernanda Cândido e Silvero Pereira.

“Eu me sinto uma privilegiada, tive suporte da minha família, pude fazer faculdade, trabalho, tenho minha casa, mas muitas não vivem essa realidade. Foram colocadas para fora de casa pelo simples fato de serem quem são. É muito triste! São pessoas que já têm um problema com aceitação do seu próprio corpo, querem se readequar, fazer transição e isso sem um suporte torna tudo mais difícil e doloroso.  O Brasil ainda é o País com o mais alto índice de crimes contra comunidade LGBTQI+, e os números são mascarados, uma vez que muitos casos não são nem investigados.”

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