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Aura vintage: Audemars Piguet lança primeiro relógio remasterizado

Relógio remasterizado foi inspirado em modelo da década de 1940 (Foto: Divulgação)

Por André Aloi, da Suíça*

É inegável o sucesso do relógio Royal Oak na história da Audemars Piguet e da alta relojoaria. Desde a renovação desse modelo, nos idos da década de 1970, a marca soube muito bem dialogar com seu fiel séquito de admiradores – que vai do alto escalão de monarquias a grandes empresários, passando ainda pelo universo das estrelas de TV, do cinema e do Pop, além de rappers e esportistas.

Pela primeira vez em sua história de 145 anos, a Audemars foi buscar inspiração de um modelo do passado para apresentar um lançamento. O [Re] master01 Selfwinding Chronograph (uma recriação com base na ref. 1533, datada de 1943) foi feito em ouro e safira. Apesar de existirem colecionadores aficionados em relógios vintage da label, mas é quase impossível adquirir um modelo das décadas que vão de 1930 a 1950 – quando era produzido apenas uma peça de cada tipo.

Segundo o chefe de complicações, Michael Friedman, queriam dar oportunidade às pessoas para experimentar esses relógios. “Queríamos apresentar uma estética e um estilo diferente, usando um filtro para os dias de hoje”, reforça. “É uma espécie de relógio vintage. Mas ele reflete nossa personalidade, quem nós somos e respeitando nossas raízes”, explica a diretora da marca Olivia Giuntini. “Queremos prestar homenagem a alguns projetos que foram realmente importantes na nossa história”, reforça ela.

Foram produzidas apenas 500 peças e cada unidade custa em torno de R$ 350 mil, que poderão ser adquiridos nas lojas próprias espalhadas pelo mundo (que estão fechadas devido à pandemia de Covid-19).

COMO COMPRAR?
A aquisição não é tão simples. Para vender, a Audemars gosta de conhecer seus clientes como se fosse uma família, por isso promove eventos para se aproximar deles, conhecer e entender o gosto de cada um. É uma espécie de clube em que você precisa ser aprovado para poder colecionar. É um jeito de evitar que entrem em cena negociadores que só estão em busca da peça para revender a preços multiplicados. Os principais clientes brasileiros – muitas vezes – compram na loja de Miami, cidade onde a marca apoia alguns eventos esportivos e culturais, como a Art Basel. No Brasil, a Frattina é revendedora oficial.

A Audemars é uma das poucas marcas de luxo no mundo que permanece sob administração de herdeiros dos seus antepassados (os mestres relojoeiros Jules Louis Audemars e Edward Auguste Piguet, das Montanhas Jura) e não se rendeu a grandes corporações, conglomerados ou fundos de investimento.

CURIOSIDADE
Neste primeiro remaster, os contadores do cronógrafo foram reorganizados para melhorar a legibilidade, mas o novo modelo manteve sutilmente a indicação ⅘ do relógio original acima da marca de 15 minutos dentro do contador de 30 minutos às 9 horas para permitir que o usuário grave até 45 minutos. Essa indicação foi solicitada pelo fundador da família de terceira geração de Audemars Piguet, Jacques-Louis Audemars (1910 – 2003), para satisfazer seu gosto pelo futebol e indicar o intervalo do esporte favorito.

Marcação de 45 (minutos) é uma referência ao futebol, esporte favorito de um dos herdeiros da marca (Foto: André Aloi)

ROYAL OAK
Desde que foi relançado, na década de 1970, o Royal Oak mudou o jeito que a Audemars vende seus relógios.”É como uma banda de rock que tem um grande hit. Mas essa banda pode ter gravado algumas músicas bonitas antes disso. Você também quer descobrir”, explica Friedman fazendo uma analogia com “(I Can’t Get No) Satisfaction”, dos Rolling Stones. “É uma ótima música. Eles tocam em quase todos os shows. Mas isso não significa que as músicas que vieram antes não sejam dignas de serem redescobertas e apreciadas.”

SUCESSO ABSOLUTO
Os fãs famosos vão de Beyoncé e Alicia Keys, passando por Pharrell Williams e Jay-Z. Este ano, Millie Bobby Brown (jovem atriz de “Stranger Things”, da Netflix) apareceu no red carpet do SAG Awards usando um modelo do tão disputado Royal Oak. E não foi uma ação comercial, como apuramos. “Tem design icônico e inovador com quase 50 anos e ainda permanece atualizado e relevante”, explica Friedman. Depois desse período, o Royal Oak passou a ter ramificações, como o offshore e outras linhas. Até o Brasil já ganhou um modelo para chamar de seu, além de uma ode ao corredor Rubens Barrichello.

Millie Bobby Brown no red carpet do SAG Awards 2020 (Foto: Getty Images)

*O jornalista viajou em janeiro de 2020 a Le Brassux, na Suíça, a convite da Audemars Piguet.

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