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À la Masterchef: o dia em que fui aluna da Le Cordon Bleu, em São Paulo

Quem assistiu a qualquer episódio, de qualquer temporada de Masterchef sabe que um dos prêmios mais desejados dos participantes é o curso de técnicas culinárias no Le Cordon Bleu, em Paris, para o primeiro lugar, ou em Ottawa, para o segundo. Neste domingo (25.08), Rodrigo MassoniLorena Dayse disputam quem ganhará esta edição do reality show, mas você sabia que dá para cursar a tradicional escola de culinária aqui em São Paulo?

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À convite da Le Cordon Bleu, fui conhecer a experiência de ser um de seus alunos. Detalhe: sou uma negação da cozinha! Ao chegar no lugar, já me senti intimidada ao perceber que os outros convidados eram todos relacionados ao universo da culinária: críticos, jornalistas, influenciadores digitais e, até mesmo, chefs.

Fomos recebidos na escola com uma seleção de doces franceses deliciosos e o ambiente se mostrou muito profissional: paredes brancas e azuis, decoradas com desenhos e fotos de ex-alunos conhecidos – incluindo Érick Jacquin -, funcionários educados, cara de tudo novo. No tour pelo espaço, as cozinhas profissionais e salas de aula reforçam a excelência do local.

A experiência se dividia em dois momentos: uma aula demonstrativa do prato que cozinharíamos e depois, em duplas, colocaríamos o ensinado em prática. O meu susto foi quando Patrick Martin, diretor do Instituto aqui em São Paulo e responsável pela implementação de unidades em vários países, começou a ensinar suas técnicas. Mais um problema: por falar pouco português, a aula foi dada em francês.

Tudo bem que Michel Darqué, outro chef e professor do Instituto, traduzia a aula simultaneamente, mas não sabia se ficava impressionada com a facilidade do professor, prestava atenção na aula ou continuava morrendo de medo. Martin fez uma entrada com vieiras, guacamole e uma vichyssoise. Para minha sorte, não era o prato que precisaríamos reproduzir.

Foi Darqué que passou as instruções para cozinharmos o salmão, que seria acompanhado de um purê de couve-flor, alguns pedaços desse legume tostados e um molho de rúcula. Segundo minha mãe – que é fera na cozinha e recebeu uma centena de fotos de tudo o que acontecia na aula -, a receita era bem simples. Mas a quantidade de pratos e coisas cozinhando ao mesmo tempo me assustou.

Quando fomos para a cozinha reproduzir a receita, fiz dupla com outra jornalista, que tinha mais experiência do que eu. Enquanto ela cortava a couve-flor, eu desastrosamente cortava a rúcula. Na hora de ligar o fogo para cozinhar o legume o primeiro problema: qual boca respondia a cada botão? O fogo deveria ser acesso com uma espécie de isqueiro e, independente da quantidade de gás que você ajustava, sempre eram acessos em enormes labaredas.

Passado o medo de me queimar, couve-flor na água fervendo, cebola picada, hora de iniciar o molho. Confesso que colocar manteiga na panela e não queimar o refogado foi fácil. O líquido que servia de base para o molho estava pronto, então o mais difícil estava feito. Seguimos fielmente os passos do professor – que eu havia anotado com medo de esquecer -, na ordem exata e com muito cuidado. Mas Darqué foi tão simpático que facilmente respondia quando chamávamos com alguma dúvida.

Com o molho pronto, purê cremoso e couve-flor tostadinha, havia chegado a hora que mais esperava: grelhar o salmão. Com a frigideira bem quente, fui colocando minha bela posta quando o Darqué vem rapidinho e me manda tirar. Havia esquecido a manteiga. E acredite, esse é o ingrediente mais importante e mais usado naquela cozinha. Em grandes quantidades!

Manteiga derretida, peixe na frigideira e duas jornalistas ansiosas para que o salmão cozinhasse e ficasse no ponto perfeito. E sabe aquele ditado que diz que o leite só ferve quando você para de olhar? O peixe não é bem assim… Bem mais rápido do que imaginava, a pele já estava crocante e a posta pronto para ser virada. Bem delicadamente, com um pegador, viramos o salmão para que a posta não quebrasse. Realmente, foi bem mais fácil do que imaginava.

Com todos os elementos prontos, hora de montar os pratos e levar a primeira bronca. Segundo Darqué, se estivéssemos em uma prova de sua aula já teríamos perdido cinco pontos pela bagunça da nossa bancada. Ou seja, já teríamos reprovado, não? Com alguns toques do chef, demos uma pequena limpada e pegamos o prato.

Sabe aquele fiozinho de molho que os cozinheiros fazem em pratos chiques? É bem mais difícil do que parece. O prato não ficou tão bonito, mas o sabor era inacreditável. Eu havia mesmo feito aquilo? Sim! O prato havia ficado maravilhoso e, pela primeira vez, eu havia me divertido na cozinha.

Uma das ajudantes dos professores é Juliana Nicoli, uma das eliminadas dessa edição que chegou bem perto da final. Ao ser questionada por outra dupla se daria para nos inscrevermos no Masterchef, ela disse que o único problema seria o tempo, mas que havíamos nos saído muito bem.

Saí do Le Cordon Bleu com um diploma da aula e uma vontade de aprender mais – mas nada de Masterchef para mim.

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