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Jessica Nabongo: a primeira mulher negra em vias de visitar todos os países do mundo

Jessica Nabongo se declara uma “viajante de coração”. Por isso, decidiu se desafiar e busca ser a primeira mulher negra visitar todos os países do mundo. Acostumada a viajar com os pais desde os 6 anos, Nabongo abriu mão de grandes empregos para conhecer a imensidão do planeta.

Filha de imigrantes da Uganda e nascida nos Estados Unidos, Jessica já era acostumada a visitar parentes em diferentes países. Agora, estabeleceu como meta passar pelos 195 países-membro da Organização das Nações Unidas (ONU) e outros territórios (Vaticano, Palestina, etc) até completar 35 anos, em 15 de maio de 2019. A viajante já riscou 118 países da sua lista.

Ainda tem muitas coisas que quero ver e fazer ao redor do mundo que não vou conseguir fazer nos próximos 12 meses”, contou em entrevista à RG. O plano de Jessica consiste em voltar ao países no futuro e abrir hotéis boutique em seus lugares preferidos. 

Ao fim da jornada, outras novidades prometem surgir. Um livro e um documentário fazem parte dos planos e devem ser produzidos em um período de dois meses em 2019.

O interesse pelo mundo veio de casa – ela recorda de sempre ter enciclopédias e globos ao redor. Mas foi só quando conquistou sua independência financeira que Jessica se comprometeu a conhecer diferentes países. “Me interesso muito em viajar porque consigo aprender como somos mais parecidos do que diferentes, mesmo em diferentes lugares do mundo”, diz.

Racismo 

Nascida e criada em Detroit, em Michigan, Jessica tem dupla cidadania – seus pais migraram da Uganda para os Estados Unidos.

Mas quando o assunto é racismo, ela afirma que o passaporte americano não influencia no fato de ser discriminada por ser negra. “Fui interrogada pela imigração americana várias vezes”, ela diz, lamentando que “embora eu tenha nascido nos EUA e tenha um passaporte americano, enfrento muita discriminação nas fronteiras porque sou visivelmente africana”.

Esse é um dos motivos que levam Nabongo a acreditar que sua história atual pode inspirar outras mulheres negras e sonhadores em geral a irem atrás de seus objetivos. “A meta não é encorajar outras pessoas a visitarem todos os países do mundo, mas sim dar um impulso às pessoas para viverem a vida que desejam ao invés de somente viver de um jeito passivo”, ela conta.

Racismo é parte da herança colonial global, não há nada que podemos fazer para mudar essa história. Eu enfrento racismo regularmente, mas eu não deixo isso me parar porque eu conheço mais pessoas gentis no mundo do que pessoas más”, reflete Jéssica. Sempre otimista, ela mantém um site que conta por onde tem andado e o que tem visto, o The Catch Me If You Can.

Dinheiro?

A decisão de rodar o mundo começou quando Jessica decidiu largar seu emprego na indústria farmacêutica para morar no Japão, onde se mantinha dando aulas de inglês. Depois desse primeiro passo, seguiram-se períodos mais longos em outros países – uma parada na Inglaterra para o curso de mestrado foi seguido por uma temporada na Itália, onde trabalhava para a ONU.

Mas foi quando voltou aos Estados Unidos que Nabongo decidiu mergulhar de cabeça no desafio.

Em Washington, Jessica largou seu emprego de consultoria parar abrir sua própria empresa: a Jet Black,  agência de viagens que incentiva a escolha de localizações tipicamente esquecidas nos planos de férias, como países na África, América Central e do Sul e Caribe.

A empresária precisou se afastar da agência de viagens para curtir sua aventura, por isso, conta com outras formas de conseguir financiar sua viagem. Além de fazer parcerias com companhias aéreas e hotéis, como a maioria dos influenciadores digitais, Jessica também tem uma página de crowdfounding, onde busca o apoio financeiro de pessoas que acreditam em sua jornada.

“Nunca fui motivada pelo dinheiro, então deixar trabalhos bem pagos para trás sempre foi fácil”, ela reflete. “Descobrir pelo o que você é apaixonado e monetizar essa paixão que é difícil”. 

Conforto e estilo

Jessica encontrou em seu estilo uma das formas para popularizar seu Instagram, onde conta com pouco mais de 42 mil seguidores até o momento. Priorizando peças coloridas e batons chamativos, as fotos da viagens chamam a atenção tanto quanto pelo conteúdo com pela estética.

Os cabelos raspados também tem razão de ser.

No Japão, ciente da falta de lugares especializados no tratamento de cabelos afros, Nabongo decidiu que raspar a cabeça seria a melhor saída. A solução, por fim, tornou-se uma de suas marcas registradas. “Sempre odiei ter que arrumar o cabelo e nunca fui boa em fazer isso sozinha”, conta.

Destinos 

Jessica confessa que odeia ser questionada sobre seu país favorito, mas não nega que tem um carinho especial por alguns deles. “Tanzânia, Quênia, Itália, Japão, Colômbia e Indonésia são alguns dos países que adoro”, conta.

E a nação que está mais ansiosa para conhecer?  “Estou animada pra ir ao Irã, que tem uma história incrivelmente rica”, ela diz sobre o país persa. “Ouvi que os iranianos são as pessoas mais legais do mundo, e estou ansiosa para conhecer a cultura, a comida, a arquitetura e os tecidos”.

Enquanto falava sobre o que tinha gostado no Brasil, Nabongo decidiu que nosso país também merece um lugarzinho em sua lista. A empreendedora já esteve duas vezes no Rio de Janeiro e uma na Bahia, curtiu o carnaval, se apaixonou pelo Pelourinho e disse estar morrendo de saudades de tomar uma caipirinha e comer uma moqueca.

 

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