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Dea e Guili à bordo

Dea e Guili Lunardelli Alves de Lima à bordo de uma escuna em Ilha Grande e Paraty

Dea e Guili Lunardelli Alves de Lima atenderam ao pedido de RG e compartilham com voce uma viagem de encostar a cabeca e deixar a vida passar diante dos olhos. Guili, gentilmente, escreveu um diario de bordo inspirador. Acompanhe…


Diario de Bordo do SSA/Guama


Apos meses de muito trabalho produzindo o festival Motomix, apos ter sido pai pela primeira vez, resolvi dar uma esticada em junho e tirar uma mini ferias. Nunca havia tomado uma decisao assim: sem programar nada, resolvi ir.


Foi nesse turbilhao que meu grande e admirado amigo Jeff perguntou se eu nao gostaria de escrever sobre essa viagem. – Eu? Nunca fiz isso… – Guili, vale tentar, so umas fotos e um pouco de inspiracao…


Marinheiro de primeira viagem e com um pouco de receio aceitei. Ai vai, um pequeno relato de uma navegacao no litoral sul do Rio, mais precisamente Paraty e Ilha Grande.


Eu e my beloved Dea fomos convidados por um grande amigo, Guga Mattos, para passar alguns dias em Paraty a bordo de sua nova escuna de 90?, GUAMA/SSA.


Como tive que trabalhar ate 3ª feira, saimos eu, Dea e o artista plastico Sandro Akel depois das 18h. Uma hora e meia depois, ainda estavamos na Marginal. Realmente o transito de Sao Paulo e um pe no saco.


Depois de 5h de viagem, chegamos a Marina do Engenho em Paraty. Radio vai, radio vem, aparecem dois marinheiros para nos levar de bote ate a escuna.


Ancorada em frente a Ilha Da Bixiga, com vista para a cidade de Paraty, a escuna e maravilhosa. Quatro quartos, TV de plasma e conves gigantesco. Cozinhamos camarao na manteiga, um pouco de vinho branco, uma bela cachaca para comemorar a chegada. E cabine.
Manha seguinte de sol, (alias, essa epoca e bacana pois chove pouco e a temperatura e super agradavel), zarpamos em direcao a Ilha da Cotia. E uma pequena baia, a cerca de 40 minutos de Paraty. La voce encontra ostras, peixes e camaroes sendo vendidos por pescadores, de barco em barco. Visual maravilhoso. Paz.


A noite, voltamos para nosso ancoradouro na Ilha da Bixiga e fomos para Paraty ainda no inicio da noite: a cidade neste horario esta vazia, em transicao: quem volta de barco alugado vai para as pousadas tomar banho. Nao era nosso caso; ja prontos, fomos descobrir nosso proprio roteiro:


– Passeio pela cidade, sem destino;
– Tomar um drink no cafe Paraty e escutar o que se toca por todo lado: MPB. Alias ate cansa;
– Sair para uma pre balada no bar Paraty 33: sempre tem boas bandas que tocam sons alem de MPB – rock inclusive: ai pode-se continuar o drink e se preparar para a balada mais classica de Paraty: Dinho, em frente a praca. Desde 1988, quando fui pela primeira vez, convidado pela Bel Queiroz, e o local onde se encontram os nativos, os turistas, os loucos, os romanticos: enfim, e so entrar e ouvir musica boa, sem hora pra acabar. Divertidissimo e sem fotos.


Na volta ao barco, optamos por ir pela orla de Paraty, passando em frente a casaroes abandonados, e em frente a casa do principe D. Joao. Voce ja se sente mareado: do barco e do porre.


No barco, noite alta, DVD com o filme do Vinicius e uma aula de MPB. Vale lembrar a companhia do dono do Dry e do Sambao Traco de Uniao,  Germano Fehr, e do cineasta Paulo Machline. Amigos de longa data, poetas e boemios: Conhecem tudo de Vinicius, MPB e samba, e a minha contraparte do Rock na MPB.


No dia seguinte, navegacao inesquecivel: destino Ilha Grande.
Sao mais de 4h quase em mar aberto (se entrar sudoeste os menos avisados ficam enjoados). Ali encontra-se uma pequena vila de pescadores e o de sempre: bom humor, peixes, frutos do mar, cervejas e caiporas no ponto. A barraca da Dona Telma e excelente. Parece que voce e o dono. Neste local existe um casarao antigo, abandonado, que te faz lembrar o que ja deve ter ocorrido por ali. A Ilha Grande foi local de refugio de piratas desde o sec XVII, abrigou um presidio federal ate pouco tempo atras.


O programa e andar na praia, ler um bom livro, nadar um pouco, comer e beber. Alias, o principal programa mesmo e bater papo e jogar conversa fora: filosoficas ou nao, com seus companheiros de navegacao. Acaba-se redescobrindo as pessoas. O tempo parece um objeto distante, sem relacao com o cotidiano de Sao Paulo.


Dia seguinte, seguimos mais 40 minutos de navegacao rumo norte, a um lugar que eu havia estado muitos anos atras apos anos morando fora do Brasil: Saco do Ceu. E um tesao! A agua e cristalina, o mar reflete a alma. Tem um pequeno restaurante: Reis Magos, ate psicodelico de tao interessante. O proprietario Ivan (apelidado de Ivan, o Terrivel), nao te deixa ficar um minuto sem um bom bate papo e otimos aperitivos acompanhados de otimos drinks.


Dali, da pra caminhar uns 40 minutos no meio da mata e ter uma vista especial da baia. Imperdivel!


Como tinhamos que voltar para buscar alguns amigos em Paraty, zarpamos, sem ir ate Lopes Mendes, outro pico maravilhoso na Ilha Grande e que fica para a proxima viagem.


Quase 5 horas de uma vista deslumbrante do por do sol, navegando de volta para a Ilha do Bexiga. Ainda e 6ª feira… O que fazer? Repetir a dose. Por mais que exista a sensacao de deja vu, Paraty nunca e igual.


Fica a lembranca da recepcao do Guga, da Monica, da Ale e da Roberta Batocchio, dos marinheiros, dos bate papos com o Akel, Germano e Paulo, da Dea e, principalmente, da percepcao de que nossa vida e muito mais que nosso cotidiano. Ela pode e deve ser refletida na sua volta, com muito visual, horizontes infinitos, verdes para o lado, azuis e estelas para cima, agua para baixo, amigos ao redor… (meu lado poeta e piegas).


Enfim, como diz nosso ministro: “tempo rei, o tempo rei, transformai as novas formas do viver”. A sensacao de te-lo a seu lado e unica. Isso e Paraty, isso e o Guama.


Espero que Antonia, minha pequena filha de 4 meses, possa sentir isso um dia.


GUILI ALVES DE LIMA, 37
Marinheiro de primeira viagem, e diretor executivo da agencia LED, ama musica e esta aprendendo a entender o tempo.

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