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Rio: “Mãe Arrependida” trata sobre a maternidade compulsória

Cena de “Mãe Arrependida”- Foto: divulgação

Há muitas gerações o tema da maternidade é romantizado, criando uma cisão entre o universo imaginário e as vivências subjetivas das mães. Ao se tornar mãe, a realidade é testada diante de expectativas idealizadas sobre a maternidade. Sentimentos diversos podem surgir e, dentre eles, o arrependimento. Este é o ponto de partida de “Mãe Arrependida”, espetáculo inédito no Rio de Janeiro criado por Karla Tenório que estreia no dia 08 de julho, às 16h, no CCJF (Centro Cultural da Justiça Federal).

Sob direção de Pâmela Côto e Joana Lerner, artistas feministas que também assinam o texto com Karla, a peça abre reflexões sobre um tema tabu ainda pouco falado, em consequência da maternidade compulsória e seus desdobramentos na vida da mulher.

Por meio de um bate-papo confessional, que se endereça do íntimo ao coletivo, Karla conduz a plateia para uma viagem pelo lado sombrio e oculto da maternidade. A peça pretende reafirmar a responsabilidade social sobre as condições de frustração e silenciamento das mulheres ao vivenciar essa experiência.

“O espetáculo é um convite para transformar as nossas crenças sobre a maternidade e conscientizar o público a respeito da construção social da mesma”, pontua.

O trabalho mergulha no tema da maternidade compulsória, conceito que aborda a pressão social que as mulheres sofrem para se tornarem mães, como sendo a única possibilidade de cumprirem seu papel social. “A maternidade compulsória é um assunto essencial nos dias atuais, uma vez que mais mulheres querem ser livres para não se tornarem mães e terem os seus direitos reprodutivos protegidos”, reitera Karla, que começa a peça trazendo a plateia para uma conversa despretensiosa, onde conta de forma íntima a sua experiência inicial com a maternidade e o desdobrar de seus sentimentos ao longo dessa trajetória.

A dramaturgia traz também o depoimento de outras mães arrependidas com as quais Karla teve contato, engrossando o coro que questiona o real direito de escolha das mulheres sobre seus corpos. A obra autoficcional traz também informações e estatísticas ao público quanto à construção social e psíquica da maternidade, numa sociedade onde a uma mulher não é permitido refletir sobre a função exaustiva que é ser mãe. O texto carrega em si a esperança de um mundo onde cada mãe exercerá a maternidade com liberdade e honestidade, sem idealizações.

Com o apoio do movimento Mãe Arrependida, nascido em abril de 2021 e hoje com mais de 53 mil mulheres ao redor do mundo em sua página do Instagram, o espetáculo é construído de forma simples – cenário minimalista, luz e figurino, estética que faz jus à solidão do arrependimento. O clima intimista é construído a partir de uma estrutura testemunhal que conduz a plateia a uma imersão nos questionamentos, medos e angústias da atriz.

Teatro do CCJF – Av. Rio Branco, 241, Cinelândia, Rio de Janeiro.

 

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