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Relaxe para prevenir 7 danos do estresse à saúde

Foto: Pixabay

O Brasil é considerado um dos países mais estressados do mundo. Felizmente, estamos prestando cada vez mais atenção à saúde mental, com a adoção de medidas para gerenciar o estresse – um dos principais vilões do organismo e ligado a muitas doenças. “Praticar meditação, fazer exercícios físicos ou realizar atividades prazerosas, como ler e cozinhar, são excelentes maneiras de quebrar a rotina corrida e modular o estresse”, recomenda a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Esses cuidados são importantes, pois, apesar do estresse ajudar a lidar com perigos e crises, altos níveis dele por longos períodos de tempo podem gerar reações que, se não controladas, prejudicam seriamente a saúde do organismo.

“O estresse crônico leva ao comprometimento do funcionamento adequado de uma série de órgãos vitais em função do descontrole hormonal causado principalmente pelo desiquilíbrio nos níveis de cortisol, hormônio secretado pelas glândulas adrenais localizadas uma sobre cada rim”, explica a médica nefrologista Dra. Caroline Reigada, especialista em medicina intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira e também especialista em medicina interna/clínica.

Abaixo, um time de especialistas listou as principais estruturas afetadas pelo estresse:

Pele e cabelo O estresse é um grande inimigo da saúde da pele, favorecendo o surgimento precoce de sinais da idade como rugas e flacidez. “O cortisol está relacionado à potencialização do estado inflamatório persistente do tecido cutâneo, o que reduz o tempo de vida e a atividade das células. E isso contribui para o envelhecimento acelerado”, conta a Dra. Mônica Aribi, dermatologista sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e International Fellow da Academia Americana de Dermatologia, que explica ainda que a acne também está relacionada ao estresse. “O cortisol estimula os hormônios andrógenos e aciona as glândulas sebáceas, aumentando a produção de oleosidade com consequente entupimento dos poros e surgimento de cravos e espinhas. Além disso, a baixa imunidade e o excesso de queratina associados ao estresse favorecem a proliferação de bactérias relacionadas à acne”, explica a Dra. Paola Pomerantzeff, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Outra doença cutânea associada ao estresse é a rosácea. “A rosácea tem um componente inflamatório vascular, com vermelhidão, inchaço local, sensação de ardor e queimação e pústulas estéreis. Esse fenômeno está relacionado a situações como mudanças de temperatura ou estresse”, destaca a Dra. Cláudia Merlo, médica especialista em dermatologia e cosmiatria pelo Instituto BWS. E não só a pele, mas o cabelo também se beneficia do controle do estresse. “Níveis elevados de cortisol podem levar a um quadro inflamatório que impede o crescimento dos fios e está envolvido no processo de queda e embranquecimento do cabelo”, ressalta a Dra. Jaqueline Zmijevski, dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e fellow em tricologia pela Associação Médica Brasileira (AMB).

Infertilidade – A modulação do estresse é fundamental para garantir a fertilidade e o sucesso da gravidez. “Altos níveis de estresse podem tornar as chances de um casal engravidar menores. Isso porque o estresse causa processos fisiológicos que podem interferir na produção de hormônios reprodutivos importantes, além de, no homem, favorecer o surgimento de proteínas inflamatórias que prejudicam a qualidade do esperma”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e sócio-fundador do Mater Lab, laboratório de reprodução humana.

Circulação – O estresse prejudica a circulação, gerando uma série de danos em todo o organismo. “Quando estamos sob estresse, nosso fluxo sanguíneo diminui devido a liberação de hormônios como cortisol e adrenalina. E qualquer redução na circulação sanguínea significa que as funções corporais podem ser prejudicadas, levando ao surgimento de uma série de sintomas, como frieza ou dormência nas mãos e pés, devido à insuficiência de sangue chegando nos membros, tom azulado ou arroxeado nas pernas, principalmente em pessoas de pele clara, ressecamento da pele, quebra das unhas e queda de cabelo, além de cicatrização mais lenta de feridas e arranhões em pessoas diabéticas”, explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. “A inflamação gerada pelo cortisol também pode fazer com que os vasos sanguíneos sofram com lesões que podem reduzir o calibre das veias e artérias, assim aumentando o risco de hipertensão e trombose.”

Coração – Além de impactar a circulação periférica, a liberação de hormônios causada pelo estresse ainda leva a danos celulares estruturais que podem prejudicar o funcionamento adequado do coração. “O estresse favorece a elevação da pressão arterial, a aceleração da frequência cardíaca e o aumento dos níveis de gorduras e açúcar no sangue, assim contribuindo para o surgimento de hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares”, afirma Caroline.

Rins – Outro órgão vital gravemente afetado pelo estresse é o rim. “Condições de estresse crônico provocam a excreção de fosfato em níveis fora do padrão, o que prejudica a função renal, além de levar a fraqueza muscular e alterações na composição óssea”, completa Caroline. “Além disso, por serem as unidades de filtragem de sangue do corpo, os rins são impactados por problemas com os vasos e a circulação sanguínea. Dessa forma, a pressão alta e o açúcar elevado no sangue provocados pelo estresse podem sobrecarregar os rins. Inclusive, pacientes com hipertensão e diabetes correm maior risco de doença renal”, destaca a nefrologista, que alerta que as reações do organismo ao estresse são ainda mais perigosas para quem já sofre com doenças renais e cardiovasculares.

Metabolismo – Estresse elevado pode gerar uma série de alterações no metabolismo, inclusive favorecendo o ganho de peso. “O apetite emocional é uma das respostas ao estresse, já que o cortisol aumenta o desejo por uma alimentação altamente enérgica. Além disso, os hormônios do estresse também estimulam a formação de células adiposas, que armazenam gordura”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), que afirma ainda que períodos estressantes também prejudicam a perda de peso. “Seu corpo sabe que está em uma posição estressada e não vai deixar você perder peso como faria em condições normais”, destaca.

Dentes e gengivas – O estresse também pode afetar diretamente a saúde bucal. “O efeito pró-inflamatório desencadeado pelas substâncias produzidas pelo organismo em momentos de estresses, como a hidrocortisona, o cortisol e a adrenalina, favorecem o surgimento de doenças periodontais”, explica o Dr. Hugo Lewgoy, cirurgião dentista e doutor em odontologia pela USP. “Além disso, quando estamos estressados aumentamos a prática de hábitos negativos, como a má higiene oral, o que, somado a vulnerabilidade do organismo, pode favorecer o surgimento de cáries, gengivite e halitose”, alerta.

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