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O que levar em consideração na hora de escolher um cosmético

Foto: Pixabay

Pele oleosa, mista, seca ou normal… logo que começamos a nos aventurar pelo mundo dos cuidados com a pele somos encaixados em uma dessas categorias, que dizem respeito à relação entre água e óleo de cada tipo de pele. Porém, ao contrário do que muitos acreditam, basear-se apenas nessa característica para escolher seus cosméticos e montar uma rotina skincare pode ser um verdadeiro engano. “Primeiro porque, geralmente, as pessoas tentam descobrir o tipo de pele em casa ao invés de consultarem um médico, o que leva a diagnósticos incorretos que podem colocar a saúde do tecido cutâneo em risco. Por exemplo, é muito comum que as pessoas acreditem possuir pele oleosa simplesmente por apresentarem espinhas quando, na verdade, possuem a pele seca e, na tentativa de controlar a oleosidade por meio da utilização de ativos seborreguladores, acabam ressecando ainda mais a pele”, alerta a Dra. Roberta Padovan, médica pós-graduada em Dermatologia e Medicina Estética. “Além disso, com os avanços das pesquisas na área dermatológica, nós estamos aprendendo sobre novas formas de funcionamento da pele que devem ser levados em consideração na hora da escolha dos cosméticos”, destaca. 

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Por isso, na hora de escolher um cosmético, é importante levar em consideração, além do tipo de pele, algumas outras características que influenciam diretamente na saúde e beleza do tecido cutâneo.

Tipo de pele – Apesar de não ser o único fator importante, o tipo de pele deve sim ser considerado antes de optar por um cosmético. “Para identificar o tipo de pele devemos observar suas características e a forma como ela reage aos diferentes estímulos ao longo do dia. A pele oleosa, por exemplo é mais espessa, possui maior tendência a acne, é mais resistente a rugas e aparenta poros mais dilatados, além de ficar mais úmida e brilhante ao longo do dia. Já a pele seca é mais fina, costuma ser mais sensível, está mais sujeita a um envelhecimento precoce, tem um aspecto menos brilhante e tende a apresentar descamação”, explica a dermatologista Dra. Patrícia Mafra, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Dessa forma, a escolha do produto ideal vai variar com o tipo de pele. Para peles oleosas, esses produtos devem ser livres de óleo, ter toque seco ou matificante e possuir veículos mais fluídos, como séruns. Já para peles secas, os cosméticos devem proporcionar uma hidratação mais potentes, com ativos próprios para essa finalidade em veículos mais espessos, como cremes”, acrescenta.

Saúde da microbiota – Hoje sabemos que a pele de cada pessoa possui uma “impressão digital” única conhecida como microbiota cutânea, que consiste em um conjunto de microrganismos variável de indivíduo para indivíduo que coloniza a superfície da pele. “Esse pequeno ecossistema de bactérias da pele tem muitas funções, controlando a colonização de organismos potencialmente patogênicos, modulando a resposta imune e auxiliando na manutenção da barreira da pele. Dessa forma, a microbiota cutânea é parte integrante da saúde da pele, desempenhando um papel especialmente significativo no combate ao surgimento de condições como dermatite atópica, psoríase e acne”, afirma a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Dessa forma, levar o estado da microbiota cutânea em consideração na hora de montar a rotina skincare é tão importante quanto o tipo de pele, já que esse ecossistema necessita de cuidados específicos quando desequilibrado. E uma das melhores maneiras de cuidar do microbioma cutâneo é através da adoção de cosméticos formulados com probióticos em sua rotina diária de cuidados com a pele. “Um probiótico é um microrganismo vivo que, quando administrado em quantidades adequadas, é extremamente benéfico à saúde. E existem muitos cosméticos formulados com probióticos, que são usados como protetores da saúde da pele, já que ajudam a fortalecer as respostas imunes do tecido cutâneo contra estressores externos como a poluição”, diz a médica.

Fototipo e etnia – Até mesmo o fototipo e a etnia do paciente devem ser levados em consideração para um tratamento eficiente da pele, afinal, são fatores que tornam nossa pele única. “Por exemplo, pessoas de fototipos mais altos são mais propensas a sofrerem com hiperpigmentação. Saber disso é importante para que sejam incorporados cosméticos clareadores e calmantes na rotina skincare, ajudando assim no combate às manchas e inflamações”, diz Roberta. “Já para quem tem a pele mais fina, como é o caso dos asiáticos, o ideal é investir em produtos calmantes e altamente hidratantes para prevenir o ressecamento e a hipersensibilidade do tecido”, recomenda a médica.

Genética – Nosso material genético também possui grande influência na saúde e beleza da pele, devendo ser levado em consideração na hora de escolher um cosmético. “Todos nós somos resultados da interação dos nossos genes com fatores ambientais. O nosso estilo de vida, nossa alimentação, nível de atividade física e nível de estresse modulam a nossa suscetibilidade genética a desenvolver doenças e alterações, inclusive de pele”, afirma o geneticista Dr. Marcelo Sady, pós-doutor em genética e diretor geral da Multigene. “Além disso, a genética impacta funções do organismo importantes para a pele. Sabemos, por exemplo, que indivíduos que possuem carência de genótipos de genes como SOD2 e CAT têm sua capacidade antioxidante comprometida, o que faz com que o organismo não responda adequadamente a ação dos radicais livres, que podem acelerar o envelhecimento da pele”, afirma o geneticista, que ainda diz que qualquer suscetibilidade genética pode ser amenizada com hábitos saudáveis, principalmente uma alimentação adequada e personalizada com base no nosso genótipo e, no caso da pele, uma rotina skincare com produtos altamente personalizados, que permitem uma melhor estimativa das nossas necessidades individuais. É por isso que cresce no mundo inteiro a ideia da personalização dos cremes baseada no DNA, o que pode ser feito a partir dos resultados dos testes genéticos disponibilizados pela Multigene.

Idade – Outro fator que possui grande influência sobre as alterações que ocorrem no tecido cutâneo e precisam ser tratadas é o processo natural de envelhecimento da pele. “Conforme envelhecemos ocorre a quebra das fibras de colágeno e elastina, que dão sustentação à pele, e uma diminuição na produção de oleosidade pelas glândulas sebáceas, além da reabsorção dos compartimentos de gordura do rosto. Como resultado, a pele torna-se mais ressecada, fina, flácida e sem brilho e passa a necessitar de cuidados redobrados”, afirma Roberta. Outro fator alterado com o processo de envelhecimento é o pH do tecido cutâneo. “Quando somos mais jovens, o pH da pele é mais ácido e, conforme envelhecemos, se torna mais básico, ativando enzimas que aceleram a quebra das fibras de colágeno e, consequentemente, o surgimento de rugas e flacidez. Por isso, é importante sabermos o pH da pele para, se necessário, normalizá-lo através da rotina skincare, inativando assim essas enzimas destruidoras do colágeno e prevenindo o envelhecimento precoce”.

Estação do ano – Além das características intrínsecas, a pele ainda pode sofrer alterações de textura e aparência devido a fatores externos, principalmente relacionados às mudanças de estação, o que exige que os cuidados com a pele sejam adaptados conforme o necessário. “Os principais fatores que provocam mudanças no comportamento da pele frente aos estímulos externos são a exposição à radiação UV e a umidade. Então, nos climas mais quentes, como na primavera e no verão, o ideal é proteger bem a pele do sol com um bom filtro solar e reforçar o uso dos antioxidantes nos cosméticos. Já no inverno, o clima fica mais seco e as baixas temperaturas fazem com que as pessoas tomem banhos mais quentes e demorados, o que favorece o ressecamento da pele, sendo necessário então reforçar a hidratação”, explica Patrícia Mafra. “Já o outono é preocupante para pessoas com pele sensível, pois representa a chegada das temidas alergias. O tempo seco e frio dessa época pode causar e agravar enfermidades cutâneas, como eczemas, em pessoas que possuem predisposição ao problema”, afirma a médica.

Ou seja, escolher um cosmético levando em consideração apenas o tipo de pele poderá fazer com que o tratamento não seja tão eficaz, afinal, você estará focando em apenas uma necessidade/característica de sua pele. Para um tratamento realmente eficaz, é importante escolher os produtos que você utilizará diariamente com base em dois, três ou todos os itens citados acima, dependendo de cada pessoa. Por exemplo, indivíduos com pele oleosa, mas também sensível, e que possuem a capacidade antioxidante comprometida devido a fatores genéticos devem optar por produtos com veículos fluídos que possuam potente capacidade seborreguladora, antioxidante e calmante. 

Mas é claro que é impossível descobrir sozinho todas as características que influenciam sua pele. Justamente por esse motivo que as consultas regulares ao dermatologista são tão importantes. “Apenas o profissional especializado poderá, após uma avaliação profunda de sua pele, indicar a rotina de cuidados mais adequada para você, evitando assim uma série de problemas que podem surgir devido ao uso inadequado de produtos dermocosméticos”, finaliza Roberta.

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