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Dossiê do protetor solar: entenda todas as siglas do produto

Foto: Polina Kovaleva/Pexels

FPS, PPD, IR, o que significam todas essas informações presentes no rótulo do fotoprotetor? O consumidor brasileiro, que não é acostumado a usar protetor solar diariamente, em muitos casos nem imagina o que todas essas informações querem dizer. “Ao não entender o rótulo de um protetor solar, o paciente pode comprar o produto que não é o mais indicado para sua pele, por exemplo, ou então não dar valor a um produto que oferece outras formas de proteção, principalmente contra o calor e luz visível. Muitas pessoas desconhecem a importância de várias dessas siglas e palavras”, destaca a dermatologista Dra. Patrícia Mafra, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Para ajudar a decifrar todas essas informações, montamos um guia fácil e explicado, de maneira didática, pela médica.

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À prova d’água – Embora a informação pareça óbvia, o que significa dizer que o protetor é à prova d’água? Alguns protetores solares são resistentes à água do mar e à piscina, e também ao suor. Quando um filtro solar é resistente à água, ele permanece eficaz por, em média, 40 minutos na pele molhada. “Quando ele é muito resistente à água, o filtro solar permanece eficaz por 80 minutos na água. A versão “muito resistente à água” é mais indicada para crianças e esportistas. No entanto, sempre reiteramos a recomendação de reaplicar o filtro a cada duas horas e após os banhos de mar e piscina, uma vez que também tendemos a passar mais a mão no rosto ou no corpo, ajudando a retirar o filtro. Reaplicando, garantimos uma pele protegida”, explica Patrícia.

Amplo espectro – A proteção solar é um conceito que pode envolver uma cobertura da pele contra os danos causados pela radiação ultravioleta A (UVA) e ultravioleta B (UVB), que são prejudiciais à pele. “Mas um filtro solar de amplo espectro protege a pele do envelhecimento (manchas, rugas e flacidez), de queimadura e ajuda a prevenir o câncer de pele, através de extratos e ativos antioxidantes e anti-inflamatórios, que evitam os danos em cascata dessas radiações e do calor, da luz visível e da poluição”, enfatiza.

Antioxidantes – Não sabe o que são antioxidantes? Tudo bem, a gente explica: eles são moléculas que impedem a formação de radicais livres (e em alguns casos revertem os danos causados por eles). “Os antioxidantes são considerados excelentes aliados no dia a dia. Os radicais livres são átomos ou moléculas instáveis e altamente reativas que, em excesso, passam a atacar células sadias, como proteínas, lipídios e DNA. As radiações solares, o calor, a poluição, tudo isso gera radicais livres, que também danificam a membrana e a estrutura da célula, podendo, em casos extremos, levar à morte celular”, explica a Dra. Patrícia. “O protetor solar pode ir além dos ativos de proteção, oferecendo também multibenefícios com elementos de ação antioxidante, anti-inflamatória, reparadora e antipoluente para imediatamente reparar o processo inflamatório formado em função da radiação”, destaca a dermatologista. Os antioxidantes mais famosos são as vitaminas E, C e B3 (Niacinamida), além do ácido ferúlico e do resveratrol.

Cor – Filtros com cor servem para uniformizar o tom da pele, mas não só isso: “Eles geralmente têm alta cobertura, com base e cor, para oferecer uma barreira física à luz visível. Eles são aliados principalmente para pacientes com melasma”, conta a médica.

Filtros químicos e físicos – Divididos entre químicos e físicos, os filtros de fotoproteção atuam de maneiras diferenciadas. “Os filtros físicos são partículas inorgânicas que refletem ou dispersam a radiação, já os químicos são partículas orgânicas que absorvem o fóton de energia”, explica. “Em outras palavras, no filtro físico, a maior parte da radiação bate e volta. No filtro químico, ela é absorvida e ‘desgastada’, transformada em uma baixa energia que não penetra na pele. Qual o melhor? Depende da indicação. No geral, o melhor é associar os dois. Pacientes com pele sensível e reativa devem usar filtro físico”, diz a Dra. Patrícia. Os filtros físicos são ‘bloqueadores’ à base de dióxido de titânio, óxido de ferro e zinco. Já os filtros químicos são importantes, mas também podem ser instáveis na presença de calor e sudorese, segundo a médica.

Fotoenvelhecimento – Quando há a informação no rótulo do filtro de que protege contra o fotoenvelhecimento, isso significa que ele forma uma barreira de amplo espectro para evitar a formação precoce de rugas, manchas, mudança na textura da pele, angiogênese (formação de novos vasos), flacidez e outros danos da radiação à membrana hidrolipídica da pele. “Com a radiação, as manchas do melasma também podem piorar. Além disso, a radiação ainda aumenta o risco de lesões cancerígenas na pele”, diz. Para evitar danos, é necessário aplicar duas colheres de chá de protetor solar no rosto 30 minutos antes de sair para o sol, e evitar a fotoexposição das 10 da manhã às 4 da tarde (nesse horário, prefira a sombra). “Reaplicar de duas em duas horas em ambientes abertos e de 4 em 4 em ambientes fechados”, orienta.

FPS – A sigla de Fator de Proteção Solar refere-se apenas aos raios UVB. “É o valor obtido pela razão entre a dose mínima eritematosa (de vermelhidão) na pele protegida por um protetor solar e a dose mínima eritematosa na mesma pele quando desprotegida”, explica. Mas um FPS alto vai necessariamente me proteger? “Na verdade, temos que considerar outras variáveis além da vermelhidão, então esse protetor também deve contar com proteção contra os raios UVA, infravermelho e luz visível. Como nenhum protetor solar pode filtrar 100% dos raios UVB do sol, as roupas de proteção (com FPS), chapéus e procurar sombra também são indicações importantes”, completa.

IR – Sem rodeios: IR é Infrared ou infravermelho, uma radiação sentida na pele por meio do calor ou mormaço. “O comprimento de onda atinge a derme mais profunda onde estão as fibras de ancoragem e sustentação da pele. E isso provoca um dano grande, com consequências à elasticidade e piora do aspecto geral com a destruição das estruturas de sustentação”. A dermatologista explica que, para evitar a flacidez e rugas, é importante o uso do bloqueio físico solar e antioxidantes que diminuam o processo inflamatório causado pelo Infrared.

Luz visível – A luz visível é toda luz vista a olho nu, que abrange a luz do sol, dos smartphones, das lâmpadas artificiais e dos computadores. “Ela é capaz de promover a médio e longo prazos um quadro de vermelhidão, estimular a formação ou piora das manchas e causar danos ao DNA celular. Os protetores com ação protetora contra a luz visível geralmente contam com extratos e ativos antioxidantes e anti-inflamatórios”, explica.

PPD –  Persistant Pigment Darkening indica o grau de proteção contra os raios UVA. Nos rótulos, o PPD pode aparecer como FP-UVA (Fator de Proteção UVA). “O PPD ideal é a partir de 10 e deve representar, no mínimo, um terço do FPS.”

Protetor solar com repelente – Cuidado! Se um rótulo de filtro solar diz que contém repelente de insetos, é melhor procurar outro protetor solar. Embora ambos os produtos ofereçam proteção importante, a compra de produtos separados é necessária porque o protetor solar deve ser aplicado de forma generosa; o repelente de insetos deve ser aplicado com moderação e com menos frequência do que o protetor solar.

Toque seco – Muitas vezes a textura, ou melhor, o veículo do protetor solar também consta no rótulo. São eles: gel, creme, gel-creme, loção, spray, bastão. E também informações como “toque seco”, “efeito matte” ou “hidratante”. “Todos esses são veículos dermocosméticos que devem ser considerados na hora da escolha de um fotoprotetor, pois isso ajuda na prevenção de acne e oleosidade. Pacientes com pele com tendência à acne devem optar por veículos livres de óleo, como o gel, que tem toque seco, podem controlar a oleosidade e oferecer efeito matte. Pacientes com pele seca e desidratada devem preferir as loções e priorizar termos como ‘hidratante’ no rótulo”, diz a médica.

UVA – Principal responsável pelo envelhecimento precoce (manchas e rugas), esse tipo de radiação atravessa nuvens, vidro e epiderme, é indolor e penetra na pele em grande profundidade, até as células da derme – sendo o principal produtor de radicais livres. “Os raios UVA afetam a pele o ano todo, independente da estação. Esse tipo de radiação não é bloqueado totalmente com protetor solar e traz prejuízos, desde lesões mais simples até, em casos mais graves, câncer de pele”, relata Patrícia.

UVB – A radiação ultravioleta B deixa a pele vermelha e queimada, danificando a epiderme e é mais abundante entre às 10h e às 16h. “Seu grau de proteção é medido pelo FPS e é uma radiação que pode furar o bloqueio dos filtros químicos e aumentar o risco de cancerização”, finaliza a médica.

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