Foto: Pixabay
A indústria dermocosmética está sempre procurando ingredientes cada vez mais inovadores e eficazes. E essa busca é realizada nos mais diferentes e inesperados lugares. Por exemplo, o Ácido Tranexâmico, que por muito tempo foi utilizado pela medicina como um anticoagulante para tratar e prevenir hemorragias, tem sido cada vez mais usado na dermatologia e cosmetologia como um poderoso aliado no tratamento de manchas e no clareamento e uniformização da pele.
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“O Ácido Tranexâmico é um aminoácido sintético extremamente eficaz no tratamento das manchas escuras, pois atua no bloqueio dos mensageiros inflamatórios responsáveis pelo processo de hiperpigmentação da pele, inibindo assim a síntese de melanina (pigmento que dá cor à pele), além de também reduzir a atividade da enzima tirosinase, que é responsável pelo processo de formação desse pigmento”, afirma o Dr. Maurizio Pupo, farmacêutico, pesquisador, consultor em cosmetologia e diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Ada Tina Italy.
Outro benefício do Ácido Tranexâmico que tem ganhado grande destaque é seu efeito contra o melasma, principalmente dos graus mais severos, sendo considerado uma excelente alternativa ao tratamento da condição com a Hidroquinona, que, apesar de apresentar bons resultados, é considerada tóxica. “Por muito tempo, a Hidroquinona foi utilizada como o tratamento padrão-ouro para as manchas escuras do melasma, já que é um ativo fenólico de alta capacidade de penetração cutânea capaz de destruir a melanina que já foi produzida nos melanócitos, assim promovendo um resultado rápido. Entretanto, a substância foi proibida em quase todo o mundo por ser uma molécula altamente tóxica, causando efeitos colaterais importantes como a irritação de peles sensíveis, a morte do melanócito e a hipopigmentação em confete, que é caracterizada pelo surgimento de manchas brancas no lugar das manchas escuras que, por sua vez, não possuem tratamento”, afirma o especialista.
A ação do Ácido Tranexâmico contra o melasma é, inclusive, comprovada por estudos, que demonstraram a eficácia do ácido no tratamento da condição sem a recorrência de efeitos adversos. “A aplicação tópica de Ácido Tranexâmico em pacientes com melasma moderado mostrou-se capaz de reduzir significativamente o conteúdo de melanina na epiderme, além de também ter conseguido diminuir a vascularização também ligada às lesões do melasma”, destaca o farmacêutico.
E o melhor é que o Ácido Tranexâmico pode ser incorporado nos cosméticos em diversas concentrações para atender as diferentes necessidades de cada pele, sendo que a maior concentração do ativo atualmente disponível no mercado é de 5%. “Nessa concentração, a substância é capaz de atuar em 8 mecanismos diferentes de formação de manchas, prevenindo a hiperpigmentação induzida por raios UV, suprimindo a síntese de endotelina-1 (peptídeo que afeta a expressão de fatores envolvidos no transporte da melanina), bloqueando a transferência de melanina para as células da pele, impedindo a liberação de ácido araquidônico (aumenta os níveis de mediadores inflamatórios que promovem a formação de melanina), e inibindo a síntese de melanina, a plasmina (induz a formação de melanina) e o alfa-MSH (hormônio estimulador de melanócitos – células produtoras de melanina)”, afirma o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Ada Tina Italy.
Considerado um ácido do bem, já que pode ser utilizado no verão sem o risco de causar fotossensibilidade da pele, o Ácido Tranexâmico ainda pode ser prescrito de forma oral ou aplicado em consultório por meio de procedimentos injetáveis e microagulhamento. “Porém, vale ressaltar que, apesar de seu uso tópico e injetável não possuir contraindicações, salvo nos casos de indivíduos que possuem alergia especificamente ao ativo, a utilização oral do Ácido Tranexâmico não é indicada para pacientes que sofrem com doenças que afetam a coagulação e a circulação sanguínea, como trombose, embolia e isquemia”, finaliza Pupo.