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Projeto Justiceiras ajuda mulheres vítimas de violência doméstica na quarentena

Foto: Divulgação/justiceiras.org.br

O número de denúncias de violência doméstica cresceu 50% desde que o isolamento social foi adotado, em março, de acordo com dados do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ). Ao todo, no primeiro semestre de 2020, 1.890 mulheres foram mortas de forma violenta, número 2% maior do que o registrado no mesmo período de 2019. Esses acontecimentos aceleraram a criação do Projeto Justiceiras, que reúne mais de três mil voluntárias para acolher e orientar as vítimas durante a quarentena.

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A iniciativa conta com advogadas, psicólogas – e outras profissionais da saúde – e assistentes sociais. O objetivo principal é prestar apoio e mostrar para mulheres vítimas de violência como sair dessa situação, por meio das orientações jurídicas, médicas e socioassistenciais. Desde março, 1.800 mulheres foram atendidas em 17 estados e no Distrito Federal, com destaque para São Paulo, que conta com a maior parte das denúncias.

É possível entrar em contato com o projeto para pedir ajuda em dois canais: pelo WhatsApp (11) 996391212 ou pelo site https://justiceiras.org.br/. Quem pretende se tornar voluntária da área profissional – as que prestam orientações – precisa entrar no site e preencher um formulário, com um questionário sobre a atuação na profissão e termos dos conselhos profissionais, como CRP (Conselho Regional de Psicologia) e OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Em seguida, basta esperar o contato das líderes do projeto. Agora, para quem ainda não possui os registros, como estudantes, estagiárias, recém-formadas ou simplesmente quem não era da área selecionada, há a opção de ser responsável pela etapa de acolhimento das vítimas.

Segundo a promotora de justiça de São Paulo Gabriela Manssur, criadora do projeto, a ideia é diminuir a necessidade de locomoção e oferecer informações capazes de ajudar a vítima a denunciar o agressor com toda a segurança necessária. “É um trabalho para informá-las e orientá-las. Afinal, as vítimas de violência estão em quarentena, dentro de casa, vigiadas pelo agressor e precisam de respostas para as perguntas mais básicas. O que fazer? Quem procurar? A quais locais ela deve se dirigir? Conseguem resolver sem sair de casa?”, afirma a promotora.

O isolamento social

Para a Manssur, mesmo que o isolamento tenha potencializado o número de denúncias, a culpa não é, exclusivamente, do método, colocado em prática por conta do coronavírus. “O confinamento não é a causa da violência contra a mulher, mas intensifica essas situações. Por exemplo, o aumento de convivência pode fazer com que aumente o controle, a posse, a humilhação e, muitas vezes, a agressão física acontece pela primeira vez. Mulheres que não percebiam que viviam relacionamentos abusivos, porque tinham altos e baixos, passaram a perceber”, explica a promotora de justiça.

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