Para nossa cultura obcecada por selfie, o desejo de parecer perfeitamente “filtrado” nunca foi tão forte. De fato, de acordo com a Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos, o número de procedimentos injetáveis e minimamente invasivos cresceu quase 200% desde 2000, sem indicação de desaceleração. Baseado nisso, conversamos com o cirurgião plástico Dr. Mário Farinazzo, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Chefe do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), para que ele apresente as principais tendências em cirurgia plástica para 2020. Veja abaixo:
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Injetáveis estão mais acessíveis do que nunca – “Essa é realmente a era de procedimentos estéticos médicos minimamente invasivos”, diz o cirurgião plástico Dr. Mário Farinazzo. “Acho que não é apenas por causa do baixo tempo de inatividade, menor custo e por ser um tratamento não tão invasivo, mas também porque há menor estigma e menor barreira à entrada”, completa o médico. Injetáveis, lasers e recapeamento da pele podem ser procedimentos rápidos na hora do almoço, geralmente com efeitos imediatamente visíveis e tempo de inatividade limitado, qualidades que contribuem para sua inclusão e confidencialidade. Injetáveis, como Botox e preenchimentos, tornaram-se tão comuns que, de acordo com a pesquisa anual da Academia Americana de Cirurgia Plástica Facial e Reconstrutiva (AAFPRS), quatro quintos de todos os tratamentos realizados pelos cirurgiões plásticos faciais em 2018 eram cosméticos e não-cirúrgicos, graças aos resultados sutis, mas perceptíveis, e custo relativamente razoável.
Pacientes buscam resultados cada vez mais naturais – Aprimoramentos desproporcionais nos seios, lábios cheios demais e procedimentos cosméticos exagerados são todas as tendências que estão saindo de moda. “Agora, uma cirurgia plástica ou procedimento injetável bem-sucedido não deve mais ser óbvio. Cada vez mais, os pacientes querem manter sua estrutura geral da face, traços familiares herdados e geralmente querem se parecer com eles mesmos, mas com alguns ajustes refinados”, afirma Farinazzo. Definitivamente, não é como há 10 anos quando as pessoas estavam chegando com a capa de uma revista querendo parecer mais uma supermodelo que não tinha nada a ver com suas vidas. “Agora, as pessoas querem se parecer mais com suas próprias fotos filtradas ou com uma versão do Photoshop delas mesmas. E, recentemente, as pessoas estão muito empolgadas com as pequenas micro-otimizações que as fazem se sentir um pouco mais confiantes, mas não são completamente óbvias”, acrescenta o médico. “Acho que o aumento dos seios continuará a ser popular, mas com implantes menores, com formas mais naturais ou posicionados. O enxerto de gordura continuará sendo popular até o próximo ano, mas mais para contornos e ajustes, em vez de mudanças grandes“.
Tratamentos de nicho em ascensão – Conjuntamente com o desejo de resultados mais naturais, surge também a necessidade de procedimentos pequenos e extremamente específicos para resolver pequenas e irritantes peculiaridades faciais e corporais. “Essas micro-otimizações incluem o uso não ortodoxo de preenchimento em locais que não sejam o osso da bochecha tradicional. Por exemplo: a aplicação no lóbulo da orelha para apertar um piercing mais preso (por conta do ‘buraco’ causado por brincos pesados) ou a ponta do nariz durante uma rinoplastia não invasiva. Outro procedimento que tenho visto muito recentemente trata do espaço entre o nariz e o lábio, o arco do pequeno cupido”, diz o Dr. Mário. “Ele alonga com o tempo e pode envelhecer o lábio, então fazemos uma pequena incisão logo abaixo do nariz e levantamos o lábio. Está se tornando muito popular; é um pequeno procedimento cirúrgico, mas faz uma boa diferença sem ter que preencher os lábios demais”, afirma o médico.
Mais espaço para o contorno corporal – Com o surgimento de diversos equipamentos poderosos com tecnologias como ultrassom, criolipólise, radiofrequência e tecnologia de energia eletromagnética para definição dos músculos (o equipamento EmSculpt), é possível que as cirurgias para contorno corporal também avancem. “Isso acontece por que esses equipamentos, apesar de excelentes, têm resultado mais limitado”, diz o cirurgião plástico Dr. Mário. Então, é possível que os pacientes procurem os consultórios tanto em busca de procedimentos invasivos como a Lipo HD, não-invasivos ou pouco invasivos.
Tratamentos preventivos serão grandes – Já que está cada vez mais em voga a ideia do resultado natural, é previsto que 2020 seja o “ano dos ajustes”. Por isso, os tratamentos preventivos irão crescer e, de acordo com especialistas, um número maior de pacientes mais jovens devem adentrar os consultórios médicos. Pesquisa anual da AAFPRS constatou que 72% dos cirurgiões plásticos viram um aumento na cirurgia estética ou injetáveis em pacientes com menos de 30 anos. “Os pacientes também estão recebendo tratamentos regulares a partir de uma idade mais jovem que impedem procedimentos invasivos a longo prazo”, diz o médico. E até a toxina botulínica teve que se adequar, com aplicação de microdoses (Baby Botox) que são indicadas principalmente para tratamentos preventivos.