RG está na coletiva de imprensa de Gisele Bündchen, aguardando sua entrada naquela salinha upstairs do hotel Emiliano, em São Paulo. Enquanto ela não vem, a gente foi espiar os produtos Sejaa, linha de cosméticos naturais eco-friendly compostas de um creme para a noite, um para o dia e um tratamento a base de barro. Tudo super bem cuidado, com embalagem reciclável, tinta natural, matérias-primas orgânicas…
Tudo muito bom, tudo muito bem. Mas RG, que mexe com palavras, achou um errinho na embalagem… A palavra “creme” tem um acento agudo no “e”… Um acento sem necessidade, já que o resto do titulo (“da noite”, ” do dia”) está escrito em português. Segundo Stephany Aubry, diretora de marketing da marca, é “porque fica mais chic”. Hum, ok.
Eis que Gisele aparece. Muito magra, muito loira, um brinco de folhas, só a aliança nas mãos, aquela pele impossível. Sorri com vontade. Está muito feliz com a sua empreitada. E ansiosa. “Essa é a primeira vez que eu faço uma coletiva para falar da Sejaa”, ela conta, animada. É de fato raro conseguir entrevistar a modelo/celebridade. Raro mesmo. Ela é muito reservada quanto aos aspectos da sua vida pessoal, mas deixa escapar uma coisa aqui e ali, já que a marca é claramente uma extensão da sua personalidade. “Tudo começou quando eu parei de fumar. Comecei a pensar no meu corpo como meu templo. Cuidei da alimentação, comecei a fazer ioga… E a pele é nosso maior órgão, tudo o que você coloca nela vai imediatamente pro organismo. Decidi então, há dois e anos e meio, criar a Sejaa. Eu sei o que tem nos produtos, eu os testei em mim – criei o produto pra mim”, contou, assim como quem bate um papo com a amiga no salão. “É para uma pele normal, como a minha, nao é para pele seca… Para quem tem pele oleosa, eu sugiro que use um pouquinho mais”, aconselhou.
Muito preocupada com a questão verde, Gisele frisou o uso de materiais orgânicos e o caráter reciclável das matérias-primas das embalagens dos seus produtos. “O packaging (‘Me desculpem, moro fora há 15 anos, às vezes confundo!’) é o mais verde possível, com papel reciclável de uma fábrica que usa energia eólica e luz solar. E a tinta é feita à base de soja”, comemorou. E o nome? “Eu fazia ioga com a minha professora, a Amy, em Boston, e nós ajudávamos um abrigo de meninas. Mas eu percebia que não adianta carregá-las, elas têm que fazer por elas mesmas… Têm que ‘ser’. Seja! A coisa mais importante do mundo é se amar, se gostar… Se você vê a coisa positiva, vai… Você é o que há de mais importante na sua vida. Os dois ‘a’ no fim vêm da ioga, que eu faço há 8 anos é uma religião pra mim, mantém o meu pé no chão. O ‘a’ tem que vir depois da respiração, sabe? Quer ver? Gente, façam comigo: respirem e depois digam ‘aaaa’…”. Jornalistas soltaram um sonoro “aaaaa”, já entregues ao charme da moça, que é boa de show.
Hora das perguntas dos jornalistas. RG quer saber se a linha de cosméticos a desobrigou a escrever um livro de auto-ajuda. “Não pensei sobre isso… Mas vou escrever um livro. Não é de auto-ajuda… Ai, não posso contar!”. Hum, vem biografia por aí… Outra pergunta: você pesquisou as propriedades do coco, já que é quase uma garota-propaganda? “Não! Puxa, não pensei nisso, mas vou pesquisar, obrigada!”, agradeceu, tomando mais um golinho da água de coco que a esperava.
Hora do business. Colega jornalista quer saber onde vai vender, outro se ela pensa em loja própria. “” Não pensei em lojas próprias. Aqui no Brasil tem na Sacks e na Droga Raia. RG quer saber do preço. “Olha, a minha mãe fez a mesma pergunta. Me mostrou um pote de creme, acho que era da Natura, e perguntou porque era mais barato. Eu falei: ‘Mãe, o meu pote é o dobro desse, é por isso'”, brincou. “Mas eu adoraria fazer a produção aqui no Brasil e conseguir cobrar menos por eles, mas temos que importá-los, tem muita burocracia, muitos impostos, e isso encarece”, defendeu, com toda razão. “Mas eu falei pros meus parceiros aqui: ‘Faz em 500 vezes! Meu sonho é ver todo mundo usando'”. Se depender do carisma dela, já é. Os três produtos Sejaa já estão à venda em 20 países…
*Update: a assessoria da marca, a competente Cartaz, nos mandou um e-mail dizendo que “realmente o acento está errado. Na tradução, esse detalhe passou despercebido e por conta da quantidade de caixas ainda disponíveis, a equipe decidiu continuar usando essas embalagens e não jogá-las fora, o que iria na contramão de toda filosofia da Gisele e de Sejaa”. Super compreensível. RG espera ter ajudado, então.