Por Jeff Ares
A Indochina é longe, mas tão longe, que até a Conchinchina fica lá – no sul do Vietnã, perto de onde Judas perdeu as botas, onde o vento faz a curva. Espremida entre o leste da China e o sul da Índia (por isso a alcunha), compreende Camboja, Vietnã e Laos, e, “às vezes”, como diz o Wikipedia, Tailândia e Myanmar.
Aqui, vamos nos ater à Camboja e Vietnã, dois países muito particulares, experiências notáveis, de virar do avesso. Tudo é novo: cheiros, comida, pessoas, o ar, língua, gestos. A história, os hábitos, a relação com os mortos – e os vivos. Pra cada um, um impacto.
Potencializado pelo monstruoso jet lag, que pode demorar uns bons dias pra passar. Por isso também, e para amenizar sua experiência, recomenda-se buscar um hotel espetacular. Há muita espelunca no meio do caminho – o turismo na região é recente, coisa de 10 anos, e só aumenta. As opções de alto luxo não são a maioria. Mas são totalmente necessárias. Os hotéis serão seu porto-seguro, e tornarão bem mais confortável sua experiência nestes países tão fascinantes. Aqui, confira dois dos nossos preferidos. E outras duas dicas você confere na revista RG que está nas bancas!
La Residence d’Angkor, Siem Reap, Camboja
Da rede Orient-Express, este hotel tem a piscina mais bonita (e piscinas ali são realmente necessárias) de toda Siem Reap – a cidade mais pop da região, onde fica o conjunto arqueológico de Angkor, a experiência mais Indiana Jones de sua vida. Ali floresceu o Império Khmer, entre os século 9 e 13, com seus majestosos templos, inacreditáveis. O hotel organiza os melhores tours pelo sítio arqueológico: um carro de luxo, chofeur, guia fluente em inglês (o inglês deles, né…), toalhinhas umedecidas e champagne entre uma longa caminhada e outra. De volta para o hotel, assista a uma apresentação de música e dança típicas, durante o jantar. E não se assuste, no café da manhã, se esbarrar com um monge pelos corredores… faz parte da cena. Diárias a partir de U$ 415
Sofitel Legend Metropole, Hanói, Vietnã
Atravessar a rua é uma das atrações turísticas de Hanoi, acredite. Se você não morrer, parabéns! Não há faixa de pedestres ou motorista que respeite sinal… a dica é: siga em frente, em cadência marcada. E não pare – uma das 3 milhões de motocas da cidade (de 6 milhões de habitantes) desvia de você. E eles adoram acionar a buzina… Poluição sonora garantida, portanto. Mais aventuras? Insetos para o almoço: escorpiões, gafanhotos fritinhos, larvas de formiga… oh, God. Mais uma aventura: pegar a estrada rumo à Ha Long Bay, patrimônio natural da UNESCO. Autorama. Reze. Mas tudo vale, é aventura para contar para os netos. Um passeio pela cidade e seus hábitos rende observações sociológicas para uma vida inteira. Mas, para manter o estilo – que é bom e gostamos – hospede-se neste Sofitel, onde Joan Baez escreveu uma canção durante a Guerra do Vietnã. O maior luxo do hotel, para alem da comida excepcional, está debaixo de sua piscina: ali, um bunker original, guiado por uma simpática sobrevivente de guerra (fã do Guga Kuerten!). Prefira a ala antiga, colonial, a quintessência da chiqueria asiática. U$ 300