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Entre lobbies e pick-ups

RG bateu um papo exclusivo com Michaelangelo L’Acqua, produtor e DJ com experiência em marcas como YSL e Gucci, que assina a boa direção musical da rede W de hotéis-design

Por Alvise Lucchese

Para além da ferveção que invadiu Bangkok e a ilha de Koh Samui, na Tailândia, durante o DJ Lab https://siterg.com.br/viagem/2013/10/01/dj-lab-2013-bangkok/, RG conferiu de perto o trabalho de Michaelangelo L’Acqua, um italiano boa-pinta que, além de ser fera das pick-ups, também assina a direção musical da rede W de hotéis-design.

Envolvido com música desde os sete anos, L’Acqua é o responsável por alinhar a música ambiente dos luxuosos hotéis ao gosto de seus hóspedes. Sua experiência, que acumula trilhas sonoras para desfiles de marcas como YSL e Gucci, garante o know-how do produtor, que afirmou, em entrevista exclusiva a RG: “A música brasileira sempre foi uma das minhas maiores paixões”. Abaixo, a íntegra do bate-papo e uma playlist com a seleção apurada de Michaelangelo.

RG: Conte-nos um pouco sobre você, sua trajetória e como descobriu seu fascínio pela música eletrônica.

Michelangelo L’Acqua: Desde a infância eu sempre estive envolvido com música. Estudei violino aos sete anos, e na adolescência, já morando em Nova York, me formei na The New School Jazz and Contemporary Music School. Por volta dos 20 anos, comecei a produzir música eletrônica e tive a oportunidade de compor trilhas sonoras para desfiles de marcas consagradas, como YSL e Gucci. De lá pra cá, continuo atuando como DJ e produtor musical.

RG: Como diretor global de música da rede W Hotels, qual a sua função por lá?

ML: Atualmente, minhas funções contemplam ser um consultor estratégico para a marca W, fortalecendo a presença da rede dentro da comunidade musical, incluindo a criação de conteúdos de música para eventos do W em todo o mundo, curadoria para som ambiente, seleção de faixas para a coleção de CDs próprios do hotel e do aplicativo da rede para smartphones, além de ser o mentor e curador dos participantes do DJ Lab.

RG:O que deve ser levado em consideração quando o assunto é dirigir musicalmente uma rede de hotéis? É muito diferente do que produzir um novo álbum de algum cantor ou criar trilhas para desfiles e TV, por exemplo?

ML: Trabalhar um hotel é diferente, pois você está criando uma trilha sonora para ajudar a melhorar a experiência dos hóspedes durante sua estada. A principal função da música no W é inspirar e influenciar seus clientes e criar um link entre moda e design, um dos pontos fundamentais da rede.

RG: Você produz música para hotéis espalhados por vários continentes. Você leva em consideração o gosto musical de cada região? A música eletrônica produzida para o W Hotel na Ásia se encaixa também em um hotel dos EUA, por exemplo? Como você faz essa distinção?

ML: Primeiramente você deve ter uma compreensão clara da marca e estabelecer sua identidade musical particular. A partir disso, você pode começar a regionalizá-lo levemente para diferentes partes do mundo. A coisa mais importante é não ficar muito longe da identidade central da marca, independentemente do local.

RG: O DJ Lab, projeto do W Hotel para se descobrir novos talentos na música eletrônica foi criado por você? O que deve ser levado em consideração na hora de selecionar os participantes, os mentores, etc?

ML: O projeto começou em 2011 como uma colaboração entre o W Hotels e o Burn, energético da Coca-Cola, em Ibiza, Espanha, onde mentores indicavam participantes para serem ajudados a refinar seus conhecimentos em música eletrônica. Em 2012, decidimos abrir o evento para um procura global, onde DJs, profissionais ou não, poderiam enviar seus trabalhos via internet para participarem do programa. Tanto participantes quanto mentores são escolhidos de forma criteriosa para, juntos, expandirem conhecimentos e aplicá-los ao mercado.

RG: Depois de três edições à frente do DJ Lab, fazendo a curadoria e coordenando os workshops dos participantes, o que foi possível aprender com essa nova geração da música eletrônica?

ML: Cada classe tem sua característica própria e as experiências que eu compartilhei com cada um são muito especiais para mim. Minha lembrança favorita, comum para todas as três classes, consiste nos momentos especiais que eu compartilhei com cada jovem DJ em nossas sessões privadas. Nestas sessões, os mentores e eu discutimos o nosso amor pela música e experiências de vida para que esses novos DJs possam usar como inspiração e seguir adiante com suas carreiras.

RG: Vemos a presença de artistas brasileiros em todas as coletâneas feitas por você. Qual a sua ligação com a música brasileira? Quais são seus artistas favoritos?

ML: A música brasileira sempre foi uma das minhas maiores paixões. Bossa Nova é um presente de Deus! Bebel Gilberto é um amiga especial e eu tenho a sorte de ter trabalhado com ela inúmeras vezes. A lista de cantores brasileiros que gosto é bem extensa, mas posso citar Vinícius de Moraes, Toquinho, Jorge Ben Jor, Tom Jobim, Céu, Seu Jorge, Caetano, João e Astrud Gilberto… E por aí vai!

RG: E quais são seus novos projetos para 2014?

ML: Ainda este ano, vou lançar um álbum para a organização de caridade amfAR. Vai ser uma coleção de músicas dos anos 80 gravadas por alguns dos artistas mais populares da atualidade, entre eles, claro, minha querida Bebel. O objetivo é aumentar a conscientização sobre a AIDS e que podemos achar um caminho de acabar com ela.

Your Drums, Your Love – AlunaGeorge

Drowning Butterflies – Bipolar Sunshine

Speed of Dark – Emilíana Torrini

Warm Water – Banks

So Much to Me – FKJ

Kathy Lee – Jessy Lanza

Line of Fire – Junip

Hey Now – London Grammar

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