Conhecida como o berço da Renascença, Florença é uma cidade culturalmente rica no coração da Toscana, na Itália (274 km de Roma). Ao longo dos séculos, foi a casa de um dos mestres desse período, o pintor, inventor e, posteriormente, engenheiro Leonardo da Vinci, além de outros grandes nomes das artes, como Giotto, Michelangelo, Dante e Brunelleschi, que deixaram legados exaltados no mundo contemporâneo.
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Esse legado, além do mais, inspira milhões de turistas durante todas as épocas do ano que vão a Florença em busca dos grandes tesouros da Renascença ー no verão, quando multidões tomam as ruas da cidade, as companhias oferecem passagens aéreas baratas para quem sai de grandes centros europeus, como Paris, Londres, ou mesmo Roma.
Embora pequena, Florença possui um quarto de todos os patrimônios da humanidade listados pela Unesco – todos eles acessíveis aos visitantes. Com essa taxa de lugares históricos por metro quadrado, é impossível ver tudo em uma única visita. “Acho que nem se você morar lá consegue dar conta de tudo”, diz o publicitário Rafael Oliveira, que morou dois anos na Itália.
Um bom começo é a catedral da cidade, a Duomo, localizada em frente à praça de mesmo nome e cujas cores terracota e branco dominam o céu de Florença. A fachada ornada do edifício é decorada em mármore branco, verde e rosa, apesar da nave interna ser relativamente simples. Uma escada de 700 degraus dentro do domo permite ver a cúpula do templo – construída por Brunelleschi no século 15. Na praça da igreja está a campanilha de Giotto, uma torre com um sino que soa durante o dia inteiro no alto da cidade. Com estátuas magníficas, esculturas em relevo e um projeto belíssimo, é um grande exemplo da arquitetura renascentista – que ainda permite ver o município quase inteiro.
Um dos museus mais antigos do mundo ocidental, a galeria Uffizi também é imperdível, porque ensina os visitantes sobre os trabalhos de cada um dos renascentistas. Ali estão obras como “Anunciação” e “A Adoração dos Magos”, de Da Vinci, além de “O Batismo de Cristo”, que ele pintou em parceria com Verrocchio, e várias telas de Michelangelo, Botticelli, Giotto, Raphael, Titian e Tintoretto.
Os turistas também são levados a visitar o Palazzo Vecchio, onde muitos acreditam que “A Batalha de Anghiari”, de Da Vinci, está escondida entre os afrescos de Vasari, porque ele escreveu “procure e você vai encontrar” em um das suas pinturas ー ele era um admirador da obra de Da Vinci. Recentemente, uma universidade italiana afirmou que está procurando a obra por meio de raios infravermelhos entre as tintas de Vasari.
Davi, escultura de Michelangelo, está exposta na galeria Accademia, onde ainda é possível ver “Madona e o Menino”, de Botticelli. No Museu Nacional Bargello há outras peças do Renascentismo, de nomes como Donatello, Luca della, Robbia, Verrocchio, Cellini e, claro, Michelangelo. Mas se a busca for especificamente por Leonardo da Vinci, é possível visitar um museu dedicado apenas ao artista, inventor e engenheiro que, por sorte do destino, morreria na França em maio de 1519: ali estão modelos em tamanho real das ideias e invenções, de um planador a um tanque, todos feitos com madeira.
Ali também está contada a história de “Mona Lisa”, seu trabalho mais famoso, hoje exposto no Museu do Louvre, em Paris. Não apenas a modelo do quadro, mas também como o rei da França descobriu, no século 16, que Salai, um dos alunos de Da Vinci, tinha voltado para Milão após a morte do seu mestre com a tela famosa.
O monarca a pendurou no palácio real de Fontainebleau, no subúrbio de Paris, onde ela ficou até Luís XIV transferi-lo para Versalhes. Com a Revolução Francesa, que transformou o Louvre em museu e inutilizou o edifício real monumental, a tela foi levada novamente para Paris, onde hoje recebe a visita de 30 milhões de pessoas por ano.
Para além dos grandes pontos turísticos que levam multidões a Florença, a cidade tem seus respiros: a ponte Vecchio é uma das construções romanas da cidade que hoje abriga uma série de joalherias, e logo abaixo fica o Palácio Pitti, casa dos duques da Toscana que fica atrás dos jardins Boboli. Outra dica é assistir os cantos gregorianos dos monges beneditinos do mosteiro de San Miniato na Duomo, uma tradição que existe desde o século 11.
Comemorações de Leonardo da Vinci
Morto há exatamente 500 anos, Leonardo Da Vinci está sendo homenageado durante todo este ano por diferentes eventos promovidos pelo governo da Itália. Segundo Giuseppe Conte, chefe do governo italiano, espera-se que dezenas de eventos se realizem até abril de 2020, com a ajuda de vários ministérios, incluindo os da Cultura, da Educação e das Relações Exteriores.
“Não existe nenhuma disciplina que Da Vinci não explorou: das artes às letras, da biologia à anatomia, das matemáticas à filosofia. Ele é imortal”, disse durante o evento de apresentação dos eventos. A Itália ainda afirmou que vai prensar moedas de dois euros com a efígie do mestre renascentista e quatro selos italianos com algumas de suas obras.
As comemorações devem ser estender à vizinha França também pelas relações que o artista e filósofo teve com o país: ele tinha conhecido o jovem rei francês três anos antes de sua morte, em Roma, e cruzou os Alpes depois que Francisco I lhe ofereceu uma imensa pensão e uma casa em território francês. Essa é a razão, inclusive, pela qual a famosa Mona Lisa e várias de suas obras estão na França até hoje ー ele levou grande parte delas em uma mala.
Outros museus e galerias por toda a Europa estão celebrando o legado de Da Vinci neste ano e 2019 verá algumas das maiores exibições de pinturas e obras desde que a National Gallery, em Londres, promoveu uma mostra exclusiva do florentino, em 2011. A principal delas deve ser a do Museu do Louvre, em Paris, que vai abrir as portas em outubro e deve apresentar os trabalhos mais importantes de sua vida. O Louvre possui cinco das 15 telas em que há consenso que foram pintadas por Leonardo Da Vinci – o que coloca o museu como o maior proprietário de obras do artista italiano, incluindo desenhos da coleção real francesa, nunca apresentadas antes.