Ontem aqui em RG falamos sobre o movimento slow fashion, que é o assunto da vez na moda. Hoje, complementando o nosso dossiê sobre o assunto, entrevistamos Giuliana Mesquita, criadora da marca Giucouture, que é um hit entre fashionistas e símbolo deste estilo de vida que prega consumir menos e de forma sustentável.
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Porque as mensagens customizadas estão norteando o lifestyle atual?
Eu acho que as pessoas gostam de levar no peito o que elas acreditam. Mas, mais que isso, você conseguir ter uma camiseta com uma música que você gosta, com seu apelido, com uma frase de um livro que ama, é muito legal.
Há conotações políticas?
Todo trabalho criativo tem conotação política. Minhas camisetas são bordadas uma a uma por mim e eu só bordo o que eu acredito. Não bordo piadinha racista, homofóbica, machista e transfóbica. Não bordo camiseta em apoio ao Bolsonaro, mas ao Lula sim (inclusive podem mandar encomendas). Andar por aí com uma camiseta escrito “feminista” significa bastante coisa, principalmente em tempos polarizados onde as feministas são vistas como inimigas. Tudo o que a gente faz e veste e fala tem conotação política. Se engana quem acha que não.
Como essa forma de expressão se tornou uma aliada ao street style?
Acho que ter uma frase divertida ou forte ou ousada bordada no peito chama a atenção.
Esse trabalho pode ser considerado um reflexo da sociedade e suas vontades?
Acredito que sim. Depois do boom das fast fashion, muita gente cansou e procura algo único, customizado. Ainda acho que essa mentalidade não mudou 100%, mas muita gente também procura comprar de produtores locais, menores, independentes.
Como funciona o seu processo criativo?
Como é uma marca de customizados, não tem muito processo criativo. Eu tive duas ou três coleções só, que eu criei com frases que eu tive vontade ou a coleção de signos, que eu sabia que era uma coisa que estava bombando e que eu gosto. Mas o forte da marca é o aspecto personalizável. Eu converso com as pessoas e elas me dizem o que querem bordar e eu bordo.
Quanto custam as suas peças?
O preço varia dependendo do bordado. Começa em R$ 100 e o céu é o limite.
De onde surgiu a ideia de começar a fazer esse trabalho mais customizado, por assim dizer?
A Giucouture nasceu do nada. O presente do meu melhor amigo não chegou a tempo do aniversário dele e eu decidi comprar uma camiseta e bordar. Daí todo mundo que eu conheço começou a querer uma. Fiz várias e as revistas começaram a divulgar. Foi assim: nada foi planejado.
Você chegou a vender em NY e vários artistas já vestiram suas peças. Quais os planos para o futuro?
Para uma marca que começou do absoluto nada e sem nenhuma pretensão, a aceitação foi maravilhosa. Eu bordei camiseta para caramba nessa vida e sou muito grata a isso e a todo mundo que já usou, mas eu não tenho planos para o futuro, por enquanto. Mas a marca sempre vai existir para quem quiser ter uma camiseta bordada personalizada.