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James Cameron: entrevista

Exclusivo: James Cameron conta para RG sobre doc

James Cameron poderia andar por ai esbanjando sua fortuna, colhendo os louros da fama, nem ai para a hora do Brasil. Mas o cineasta e um humanista e se conectou de verdade com a causa das populacoes indigenas da regiao de Altamira, no Xingu, que lutam quase sem voz contra a construcao da hidreletrica de Belo Monte, um dos projetos mais ambiciosos do PAC. Bandeira desenvolvimentista do governo Lula, a hidreletrica foi aprovada pelo Ibama e pelo ex-ministro do meio ambiente, Carlos Minc. Um leilao grandioso para definir o consorcio que levara a empreitada adiante ja tem data marcada, ainda esse mes. Cameron aproveita sua passagem pelo pais (para divulgar o DVD e o blu-ray de Avatar) para mais uma vez se envolver na questao e tentar demover o governo brasileiro da ideia que, segundo Antonia Melo, do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, vai alagar areas indigenas e secar rios que banham populacoes ribeirinhas.


No jantar desse domingo (11.04) na casa de Donata Meirelles e Nizan Guanaes, Cameron fez questao de levar convidados – representantes indigenas que reforcaram seus pontos de vista, auxiliados por tradutores. Cameron ganhou de um cacique de Barra das Garcas uma pulseira da amizade e um colar com uma peninha, que ele nao tirou nunca mais. Depois de longas conversas com os indios, o muito solicito Cameron aceitou um papo com RG:



RG – Obrigado por trazer a questao de Belo Monte a luz. Como o senhor se sente ao representar esperanca para esses povos indigenas?
James Cameron – E uma grande responsabilidade. Essa historia veio ate mim. E agora vou tentar ajuda-los ate o fim.


RG – O senhor escreveu uma carta ao presidente (pedindo pela desistencia do projeto). Ela chegou ate ele?
JC – Enviei ha uns quatro dias.


RG – E houve alguma resposta do governo?
JC – Ate agora, que eu saiba, nao.


RG – Qual o proximo passo?
JC – Amanha (segunda-feira, 12.04) vou participar de um ato indigena na sua capital. (Ele se refere ao protesto contra o leilao e a licitacao previa da hidreletrica). E depois vamos para a Amazonia para retomar as conversas com ONGs e indios.


RG – E depois? O que se pode fazer de concreto?
JC – Fui convidado por duas tribos para mostrar suas realidades. E um grande privilegio para mim como cineasta. Eu quero fazer disso um documentario e colocar nos extras de Avatar 2. E uma maneira de mostrar essa questao, mas isso deve levar uns 2 ou 3 anos.


Cameron agradece pelas questoes e ganha um cumprimento de Sabrina Sato, que pede para entrevista-lo na sequencia. “Fala pra ele que eu faco o Saturday Night Live do Brasil”, ela pede para um tradutor. A entrevista rolou, horas depois. Otima, alias, dada a falta de intimidade da apresentadora com o ingles – um charme, diga-se. Perola: “Posso ser uma Avatar?”. E ele: “Voce tem que ser azul”. Ela: E, i am yellow…”.


O cineasta e sua mulher seguiram jantar adentro. Passava da meia noite e eles ainda ali, saboreando comidinhas brasileiras, tomando vinho (“hey, ja bebi quetro tacas!”), tirando fotos com os mais intimos da casa, como Joca Guanaes, Heleninha Bordon e Alexandra Farah. E carregando pilhas de livros indigenas, o souvenir mais ofertado ao casal. La fora, um desmaiado “Avatar” do Panico esperava pela saida do diretor.

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