Luana Piovani e a estrela de “Insonia”, co-producao Brasil-Argentina dirigida pelo gaucho Beto Souza. RG conversou com a atriz, por telefone, sobre essa nova experiencia, e aproveitou para saber como anda e o que pensa uma da atrizes mais interessantes de sua geracao.
“Insonia” conta a historia de Claudia (Lara Rodrigues), uma adolescente que perdeu a mae com 3 anos de idade. Claudia decide arranjar uma namorada para seu pai, o cientista Rafael (o ator argentino Daniel Kusniera). Em uma viagem, Claudia conhece Dea (Luana). Quando o casal comeca a se formar, Claudia fica insegura e dividida, entre a amizade e o ciume.
“Dea e uma mulher parecida comigo, que batalha, trabalha, tem uma vida absolutamente comum”, descreve Luana. “O grande mote do filme e a relacao da adolescente com o pai, sua relacao com as amigas de colegio, com a amiga mais velha. E um filme juvenil inteligente, um genero ainda pouco explorado no Brasil”, acredita. “Li e adorei o roteiro”, conta. A atriz elogia o cinema que se faz no Sul do pais, destaca o trabalho profissional da equipe e do diretor. “E um polo de cinema forte, ha tempos, de uma regiao culturalmente rica”, aponta. De fato, as idiossincrasias daquela regiao sao terreno fertil para boas producoes cinematograficas. A co-producao argentina garante a exibicao do filme nos paises do Mercosul, um atrativo a mais para alavancar o projeto, que ainda nao tem data de estreia prevista.
“Nasci para fazer isso”, conta Luana. “Me defino como uma contadora de historias. Nao estudei para ser atriz, acabei desenvolvendo um metodo meu, que anos mais tarde confirmei ser eficaz com um curso que eu fiz com o John Strasberg (filho de Lee Strasberg, o mitico diretor artistico do Actor”s Studio), em NY, em 2000. Ele vem da “realistic school”, que prega o que eu fazia por intuicao. Gosto de me envolver com os personagens, sentir a dor que eles sentem. Ha anos atras sofri um aborto espontaneo. Antes disso eu havia feito uma personagem que passava por isso. Quando aconteceu de fato comigo, era como se ja tivesse vivido aquilo”, revela. “E preciso muita concentracao para buscar os sentimentos. Usar a imaginacao. O corpo comeca a sentir as coisas. O John me falava: “Concentration is the name of the game” (Concentracao e o nome do jogo)”.
Luana provou-se atriz, a despeito da beleza e do status de celebridade, alavancado pela vida pessoal ilustrada por relacionamentos amorosos (tipicos de uma jovem mulher, diga-se) amplamente esmiucados pela midia. Sobre a relacao com a imprensa e os paparazzi que semanalmente distribuem fotos suas num restaurante ou exercitando-se na orla carioca, ela e taxativa: “E a lei da oferta e da procura. Eu me incomodo menos, ja me acostumei. O pior momento e o susto de ser flagrada. E chato estar na praia, ser flagrada de biquini. Mas ja consigo ser feliz”, pontua, com serena conviccao.
A atriz usa a veia de “contadora” para exercitar-se em outras searas. Seu blog (clique aqui para ler) e alimentado com boa freqüencia. Ali ela expoe suas posicoes, desde suas impressoes sobre a vaidade masculina (“Estive na Italia e notei algo estranhissimo por la; os homens tinham as sobrancelhas feitas e, olha a loucura, arqueadas… (…) Homem tem que ser viril, masculo, ou nao?!?”), ate seus comentarios sobre o noticiario (“Reconstituicao da cena (da morte de Isabella) com uma boneca, que foto grotesca…”). Ja pensou em escrever um livro? “Eu escrevo, mas nao nasci com o talento de escrever. Ja passou pela minha cabeca escrever um livro, algum dia – nao hoje – sobre as historias da minha vida. Seria genial, porque realmente teria muita coisa… Mas naos seria politicamente correto, seria um escandalo!”, diverte-se. Alo editoras.
Luana faz parte de um rol de artistas que podem se dar ao luxo de escolher seus trabalhos, em especial na televisao. Pode e sabe faze-lo com coerencia. Ela credita essa conquista “a maneira que eu sou, aos tijolos que eu fui colocando. Tenho boa intuicao, sorte. E batalho”. Daqui a um mes, ela vai passar uma temporada em Sao Paulo, trabalhando em outro projeto que promete entreter. “Vou filmar o longa do Alain Fresnot, “O Amor e Lindo”. Eu faco a Jennifer, uma dona de casa bem frustrada, que vive a sombra de um astro da musica popular (vivido por Caco Ciocler) que nao assume o casamento”, revela. Nova oportunidade de conferir a verve de Luana, mulher que diz e faz relevancias. RG, por fim, pergunta a ela se ha algo a ser dito. “Queria dizer que felicidade e uma opcao de vida”, encerra, com a certeza de quem ja optou.