Top

“Fama é um bicho-papão, mas não consome por inteiro”, afirma Vanessa da Mata, que faz show em SP

Por André Aloi

Aos 40 anos, Vanessa da Mata está mais confiante como mulher, mãe, artista. Mas se pudesse mandar uma mensagem para a cantora de 13 anos atrás, quando começou a cantar, falaria: “divirta-se no palco. Eu era muito tensa. E que a fama é um bicho-papão, mas não consome por inteiro”, comenta, dizendo que tinha pavor de se apresentar. “Tinha crise de pânico, queria sair do palco correndo. Eu cantava e ao mesmo tempo pensava: ‘o que estou fazendo aqui?’. Muita terapia”.

Leia também: Liniker, Rico Dalasam e As Bahias e a Cozinha Mineira vão sair em turnê juntos

Passou! Que bom pra ela e para os fãs. A preocupação de início de carreira era o medo de perder sua individualidade. “Isso se perde e é muito chato”, revela. O que a move é a vontade para a música, novas situações que a façam feliz em escrever, a melodia, a descoberta de novos músicos etc. “Essa é minha necessidade. Se tiver alguma crise (com relação à idade), é fazer o que faço de maneira satisfatória. Ter uma música novidadesca”.

Ela desembarca em São Paulo no fim de semana, no Tom Brasil. Apresenta-se sábado (14.05), às 22 horas. Despede-se da turnê do álbum “Segue o Som“, antes de seguir para uma turnê europeia, que inclui passagens pelos coliseus históricos de Lisboa e Porto, em Portugal, Amsterdã (Holanda) e Montreaux (Suíça). Antes, ainda se apresenta em Porto Velho (RO), em 4 de junho, e Rio de Janeiro (RJ), no dia 11 do próximo mês.

Veja ainda: Vento Festival confirma segunda edição para junho com ‘Geração Tombamento’; veja programação

No palco paulistano, ela pretende levar para a plateia muitos dos insights que teve para o álbum no estúdio. “É um disco de muita força, pra cima, cheio de instrumentos e batidas mais novas, de plugins e timbres, gravações de samples”, detalha. Segundo ela, ao vivo, não podem faltar de jeito nenhum: “Não Me Deixe Só”, “Ai Ai Ai” e “Amado”. A surpresa que a gente entrega é que ela vai incluir “História de Uma Gata” nesse setlist.

Lá fora, a estrutura é diferente. O show que vai pra Europa é “Delicadeza”, com dois músicos, mais intimista. “É silencioso, traz novas roupagens para as músicas com piano e violão. Outra coisa”, reitera. “O público é silencioso. Já vi gente brigando com o outro quando canta. ‘Não vim pra te ver cantar, mas pra vê-la cantar’. Portugueses brigando com brasileiros para não cantar”, ri.

APOSTA RG: Conheça o Falso Coral, que usa viola caipira no som indie-folk

Seu nome, ainda forte, só comprova que o sucesso não foi algo passageiro. Hoje, consegue lotar shows com a mesma facilidade que emplaca hits em novelas da Globo. “Tive a sorte de ter assuntos muito atuais. Foram músicas que ocuparam o primeiro lugar no Brasil e Portugal, justamente no momento que o Pop não tinha tantos assuntos diferentes”, situa, citando sucessos como “Amado” – trilha da novela A Favorita – e o hit “Boa Sorte / Good Luck”, com Ben Harper.

Ela acredita que caiu no gosto público de voz que Gal Costa e Maria Bethânia talvez tivessem alcançado na década de 70 e 80. “A gente conseguiu parceria com rádios, tocando justamente o que era diferente. Foi uma conquista enorme. Mesmo que tivéssemos os remixes, isso colaborou para que a música brasileira se fortalecesse”, explica. “Ainda que hoje o Sertanejo super ‘brabo’, de superaudiência, tenha entrado num lugar pop – como o rock nos anos 80 – existem festas alternativas de música brasileira que há um tempo atrás não tinha. E eu adoro. Sempre que posso, vou”, pontua.

NOVAS FREQUÊNCIAS
Como gosta de estar sempre atualizada, Vanessa ouve com frequência novos artistas. Entre os atuais, estão: Tono, Tulipa Ruiz, Mariana Aydar, Mahmundi e Iza. Após a volta de Portugal, pretende se dedicar à literatura. “Sou meio multiuso. Eu não quero parar, mas ter tempo para fazer outras coisas. Escrever mais, livro mesmo. Adoraria trabalhar de uma forma para que o mercado fosse mais expansivo. Adoraria fazer isso de uma maneira séria”. Ela já publicou “A Filha das Flores”, de 2013. “Mas não deixar de fazer músicas , não conseguiria. É uma coisa que me acalenta muito”, pontua. Ela revela que vira as madrugadas lendo, tentando escrever. “Ultimamente, tem muita coisa na minha cabeça, então está difícil. É um objetivo para 2016 e fazer planos que têm que ser feitos. Esse ano, ainda devo ter um novo projeto”.

VIDA PESSOAL
Totalmente reservada quanto ao lado pessoal, a cantora afirma que tem uma vida normal longe dos palcos. Adora estar com seus filhos. Vanessa adotou com o ex-marido, Gero Pestalozzi, as então crianças: uma menina e dois meninos – que hoje estão com idade entre os nove e os treze anos de idade. “A sensação que eu tenho é que as pessoas que trabalham – mais com imagem do que com a música – fazem questão de vender a vida pessoal porque dá dinheiro. Pra mim, não tem muito isso. Não sou uma pessoa porra-louca, drogada, caindo, que pega 15 numa noitada só. Quer dizer, não tenho esse tipo de notícia pra dar”.

 

Mais de Cultura