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Aposta RG: conheça o Falso Coral, que usa viola caipira no som indie-folk

Por André Aloi

Meio paulista, meio mineiro, o Falso Coral (que entrou nas apostas para 2016) era para ser um duo, mas virou trio. Na noite desta segunda-feira (09.05), eles abrem – de forma acústica – o show solo da cantora britânica Lucy Rose (ex-Bombay Bicycle Club), no espaço Elevado, em São Paulo. O grupo vai apresentar um repertório indie-folk, com levada dream pop, do EP de estreia “Folia”, que foi bastante aclamado pela crítica – com canções em português e inglês.

O furor todo aconteceu por causa da viola caipira presente nos arranjos, pouco utilizado fora do universo caipira. Antes voz (Bela Moschkovich, paulista) e viola (Luis Coutinho, mineiro, que também faz vocal), ganhou em estúdio o toque sintetizado do DJ e produtor Guilherme Giacomini. Ao vivo, há participação de: Pedro Lauletta (bateria), Henrique Vital (baixo), além da convidada Michelle Eufrásio (violino). Todos na faixa dos 20 e poucos anos.

“Preparamos muito os arranjos e gravamos cada instrumento separadamente (no álbum), o que dá um efeito totalmente diferente de quando estamos todos tocando ao mesmo tempo”, explica a vocalista Bela. “Alguns arranjos eram simples e depois vimos a necessidade de incluir synths, baixo e bateria. Crescem muito (ao vivo), é impressionante. Cria toda uma energia da banda interagindo, dá um resultado prazeroso pra gente tocá-las ao vivo e mais ‘cheias’, com todos”.

A ideia original de usar a viola como base dos arranjos partiu do músico, editor e roteirista Luis Coutinho, de 27 anos. Ele compõe músicas desde os 15 com guitarra e violão, mas em 2012 ficou encantado pelo som do instrumento, que era tocado por seus avôs, e incluiu na hora de compor. “Tem todo um universo sonoro a ser explorado ainda. Eu li esses dias o Anthony Gonzalez, do M83, falou que ‘tudo já foi feito antes, não tem como aparecer algo novo’ e fiquei com vontade de mandar uma viola pra ele”, ri. “Eu tinha uma ansiedade sobre como as pessoas iam reagir em relação à viola. Eu achava super ousado, mas tinha medo de as pessoas nem ligarem”.

Segundo o DJ e produtor Giacomini, o som da viola traz um aroma brasileiro ao som da banda. “Quando se une esse timbre tão característico e com tanta carga cultural junto com outras influências sonoras da nossa geração, que tentei também criar através dos sintetizadores, o resultado é muito único”, reforça. “Buscamos definir bem a proposta estética do EP, também, e fomos atrás de artistas amigos para nos ajudarem, como a Carolina Vianna e o Lucas Simões (fotos e capa). A combinação de tudo isso, creio eu, foi o que gerou a repercussão”, complementa a frontwoman.

As letras discutem relacionamentos, falam sobre como agir quando não se está sob controle e a busca por fazer coisas de um jeito diferente. “Às vezes eu uso composição como redenção, às vezes como catarse, e também pra sublimar a vontade de mandar aquele áudio no WhatsApp, falando umas verdades horríveis”, brinca Luis. As influências do grupo poderiam se encaixar apenas na prateleira de música alternativa ou “nova MPB”. Isso, caso as faixas fossem só em português. Mas a atmosfera internacional tem a ver com referências, como Bon Iver, The Radio Dept., Bat for Lashes, Wild Beasts, e a própria Lucy.

NA CORRIDA
Apesar de as pessoas ainda estarem digerindo o EP, dentro do próprio grupo há uma cobrança para um disco cheio. “ Tenho mil referências de álbuns que amo e que eu gostaria de colocar em prática, e tem várias músicas que a gente não gravou e que já estão no ao vivo”, pontua Luis. Ter um disco produzido pelo Rich Costey (Muse, Mew, Fiona Apple, Franz Ferdinand, Birdy etc.) seria a concretização de um sonho, pois, segundo ele, o produtor cria universos sonoros extraordinários.

Entre os brasileiros, o Falso Coral gostaria de trabalhar com Diogo Strausz (que já foi Aposta RG! e trabalhou recentemente com Alice Caimmy), da turma que trabalhou em “Serviço”, do Castello Branco, ou Luis Calil (Cambriana e do Ara Macao). “Ele já colaborou com a gente mas nunca produziu de fato.Se for falar em parceria, não vai caber nem em 30 páginas”, brinca. Além dos clipes de “Still on the Race” e “Aurora (Espera Um Pouco Mais)” eles devem lançar mais um single, que preferem manter em segredo.

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