Por André Aloi
Céu estreia a turnê de seu novo álbum “Tropix”, com três shows esgotados, a partir desta quinta-feira (28.04), em São Paulo. As apresentações acontecem até sábado (30.04), às 21h30, no Sesc Pompeia. “Eu me considero uma filha da tropicália. Foi de extrema importância para a música contemporânea e nomes como Tulipa Ruiz, Karina Buhr e todas nós”, comenta. “Eu acho que o ‘Tropix’ se rendeu à dança. Gosto de convidar as pessoas para se mexerem”, complementa, dizendo que a sonoridade do ao vivo se manteve muito parecida com a do novo trabalho.
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Segundo ela, o show está muito baseado no álbum que foi lançado no fim de março, de mesmo nome. “Gira em torno da ideia de ter um power trio, que comecei usando em Caravana Sereia Bloom’ (2012)”, afirma. Ao invés da guitarra, usou o teclado, além de sintetizadores. “Sou uma pessoa curiosa, sem preconceitos e tem muita gente interessante por ai”, diz. Gostaria de ter chamado o vocalista Dinho, do Boogarins, para subir ao palco com ela, mas ele está em turnê fora do País.
Ela discorda quando falam que – apesar de dançante – este disco de levava pop é um rompimento com seu antigo som porque é eletrônico. “Essa palavra soa errada. Tem elementos do universo eletrônico sintético, frio, mas não muito de música eletrônica”, argumenta, explicando que no show algumas faixas antigas ganham novas sonoridades. “Eu acho que eu sou bem a garota típica roots, rock, reggae, pois meu som é do Brasil – curto samba, marchinha e até ciranda. Sempre tive um elemento Rock. Gosto de pós-punk, Sempre curti. E o reggae sempre tem”, complementa.
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Na época de composição, estava ouvindo coisas de pós-punk, como The Cure, Blondie, Glam e também Rock, além de coisas do nosso País, como Boogarins. “Gosto muito. Eu ouço tudo, não só coisas do Brasil. Mas Rihanna, Tame Impala”, exemplifica.
Apesar de o novo trabalho ter uma marca registrada – as projeções no rosto dela, como os do clipe do diretor Esmir Filho para “Perfume do Invisível”-, a apresentação não terá nada tecnológico. Inclusive, é ela e sua equipe que dirigem a produção. “Ele foi muito sagaz e sensível em compreender o disco, que é uma ode ao mundo digital e às maquinas, um sistema mais duro e mais frio. Então, uma máquina brasileira fica nos trópicos, na umidade e enferruja”, exemplifica.
Para a artista, “Tropix” representa maturidade em sua maneira de apresentar a música, compor. “É super sucinto, preto e branco, direto, estou olhando de frente na capa. Fala sobre essa maneira de brincar num universo frio, robótico e digital, sendo brasileira. Ao mesmo tempo, extremamente tropical”. Ela não sabe ao certo quando começou a ideia do álbum, mas as pecinhas foram se encaixando. “Quando comecei, descobri num bloquinho bem tropical (no Carnaval de São Paulo). Escrevi no meu caderninho e soube que queria brincar com isso, pois já flertava com isso no meu primeiro (CD)”.
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Ela disse que tem vontade de lançar um DVD, mas não está pensando nisso agora. “Com certeza, seria uma coisa incrível, se rolasse”. A rotina até o fim do ano para a cantora será show, show e show, como ela mesmo comenta. “Não devo ter novidade se não o Tropix”.
No começo da carreira, Céu explica que era muito introvertida, mas nenhum artista é de todo tímido quando some no palco. “A estrada, o que viajei, andei muito… Hoje me sinto extremamente tranquila e familiarizada. Hoje, estar no palco é uma delicia, acho maravilhoso me mostrar e mostrar o que é a minha música”, resume. Céu não concorda que haja um movimento de empoderamento na música Pop. E sim de a mulher ir para o front. Foi uma conquista de liberdade de expressão”, pontua.