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Elza Soares se prepara para lançar novo DVD e exposição sobre a carreira

Por André Aloi

Elza Soares se prepara para gravar um DVD de seu mais recente álbum, “A Mulher do Fim do Mundo” (selo Natural Musical, 2015). O projeto será gravado a céu aberto em uma favela de Santo André, na região metropolitana de São Paulo. As gravações acontecerão entre setembro e outubro de 2016 e deve reunir cerca de 10 mil pessoas. “Eu não estaciono meu fusca, quero estacionar meu Mercedes Benz”, explica a cantora sobre sua contemporaneidade. “O espaço é pouco, se você não andar ou correr e ver o que está acontecendo, você não faz nada”, acrescenta.

Já no primeiro semestre de 2017, a cantora de 78 anos será o centro de uma exposição interativa, que passará por Rio e São Paulo, com curadoria de Jorge Moriz. Pedro Loureiro e Animart estão na composição do projeto, que chamou alguns artistas para assinarem as nove salas. Segundo os organizadores, a ideia é desconstruir toda a arte dela nesses 60 anos de carreira. Entre os nomes já confirmados, estão seu stylist Leo Belicha e Ana Turra. Esta última, também assina a cenografia dos shows. Será possível ver pela janela das casinhas o barraco em que Elza morou na infância.

Ela diz que ainda não pode falar muito sobre o projeto do DVD, mas dá seu palpite do que não podem ficar de fora do repertório, além da faixa-título: “Maria da Vila Matilde… Acho que nenhuma que está no CD pode faltar”. Hoje em dia, consome música digital. “Ouço muito Chet Baker (trompetista). Sou apaixonada. Quero mudar, mas não posso”, brinca. “Quase não tenho tempo, mas eu ouço música digital. Dali sai o que estou ouvindo”.

Elza é política o suficiente para dizer que prefere não comentar se há alguma cantora que ela goste da atualidade. “Seria um pecado, mas tem muitas boas. Citar uma é pecado, são tantas”, argumenta. Mas há qualidades que ela preza no ser humano que devem ser o pilar de um artista: “quem sou eu para aconselhá-las?”, indaga. “Simplicidade, humildade e respeito. Se você não tem essas três condições, quem é você?”.

Sobre quem é essa mulher do fim do mundo, como diz o nome de seu mais recente disco, fala: “É uma mulher que está aí, como as outras, mas muito mais alerta e esperta, denunciando, vendo o que está certo e o que não. Ninguém é certo no mundo, todos nós temos um pedacinho errado. A gente fica procurando onde pode conserta. E ela veio para gritar”.

Elza não é do tipo que fica se consolando, gosta mesmo é de ver pra frente. “Os tempos mudam e você vai se atualizando. A mulher sempre foi uma voz forte, só que ela tinha muito medo. E não tinha como abrir pra fazer. Hoje, com essa abertura, tem sua voz própria”. Forte, diz que tem medo de sentir medo. “Só de rato, tenho pavor. E barata também, pelo amor de deus”, ri.

Como de costume, questionamos se ela estivesse em nosso lugar e pudesse fazer uma pergunta para Elza Soares, retrucou: “Não ia perguntar nada porque não saberia responder. Seriam tantas perguntas, que não teria respostas para todas”, brincou. Se há alguma peça no guarda-roupa que ela não usaria de jeito nenhum, encerrou o papo, falando que nada da cor rosa. Por gosto mesmo. Afinal, sua cor favorita é o preto. Vaidosa, anda sempre com o cabeleireiro e maquiador Wesley Pachu.

PRÊMIO DA MÚSICA
Elza se apresentará no 27º Prêmio da Música Brasileira, que homenageará Gonzaguinha este ano. Ela cantará “O que é, O que é” na entrega dos prêmios em 22 de junho, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.


RG conversou com a cantora nesta quinta-feira (28.04), durante o São Paulo Fashion Week (SPFW).

Uma foto publicada por Site RG (@siterg) em

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