Cinema com a presidenta

Por Marina Person, especial para RG

Foi assim: num dia desses recebi uma ligação com o prefixo 061. Me perguntei quem seria, se eu não conheço ninguém que mora em Brasília…
– “É do cerimonial da Presidência da República, em nome da presidenta Dilma Rousseff gostaríamos de convidá-la para um jantar com as mulheres cineastas na sexta-feira dia 25/3.
– Sim, claro, onde vai ser o jantar, aqui em São Paulo?
– Não, senhora, vai ser aqui no Palácio da Alvorada.
… (pensa)
– .. sssim, claro! no Alvorada … em Brasília? (Dã)
– Sim, senhora. Posso confirmar presença?
– SIM! CLARO!

Bem, desliguei achando que poderia se tratar de um trote, pensei em ligar para minhas amigas cineastas e ver se elas tinham sido convidadas. Mas antes que eu fizesse isso, me liga de novo um prefixo 061, eu atendo e uma voz de homem pergunta se eu já confirmei presença no jantar. Pensei… bem, acho que é pra valer.

E foi mais legal do que eu esperava, que não era pouco! Cheguei às 19h em ponto, assim como quase todas. De cara, o impacto de chegar no Alvorada, que é realmente deslumbrante. Niemeyer no seu auge. A parede de bronze logo na entrada, as lendárias colunas, a varanda, o piso de jacarandá, os móveis clássicos, a biblioteca, as paredes de vidro. Parecíamos crianças olhando tudo com muita curisidade, descobrindo um lugar mítico.

Logo depois do coquetel, fomos para a sessão do filme “É Proibido Fumar”, de Anna Muylaert, com Glória Pires e Paulo Miklos no elenco. Antes do filme começar, Dilma fez um discurso muito bonito, falando de como a população não tinha fome só de comida, mas fome de cultura, o que me lembrou a canção dos Titãs (“Comida”). O filme caiu super bem, um filme dirigido por uma mulher, que fala de uma mulher, interpretada maravilhosamente bem pela Glória Pires. A presidenta elogiou a Glória, “ela faz parecer tão fácil (interpretar), né? Mas não é fácil não!” Ela explicou que iniciou estes encontros mensais com artistas de todas as áreas com as mulheres cineastas porque março é o mês da mulher, e citou que “não é uma coisa trivial ter uma mulher presidente”.

No jantar, várias mesas pequenas separadas, mas a Dilma circulou por todas, em cada uma com um assunto diferente. Foi bem descontraído, falamos de política (pouco), cinema (bastante) e amenidades. No fim da noite, o clima era só de alegria. Deu pra perceber que a presidenta estava toda orgulhosa de mostrar o palácio pra gente, e disse que as portas estavam sempre abertas para quando quiséssemos voltar…