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Sári: geração Z está dando um novo toque na moda centenária

A marca indiana The Saree Sneakers ajudou a popularizar a combinação de sari com tênis – Foto: divulgação/The Saree Sneakers

O sári é um traje feminino muito tradicional nos países do sul da Ásia, especialmente na Índia, onde é uma das formas de roupa mais antigas. Durante muito tempo a vestimenta foi vista como tradicional e convencional, como a verdadeira imagem da beleza feminina. Porém, recentemente, jovens amantes de moda têm subvertido esse estereótipo e dado à roupa um toque mais contemporâneo.

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A palavra sári, ou saree, vem do idioma sânscrito e significa tira de pano. Com um comprimento variável, de 3,6 m a 8,2m, a maioria adota o meio termo de 5,5 m. A história da vestimenta remonta à civilização do Vale do Indo, entre 3.200 a.C. e 2.000 a.C., e até hoje já passou por uma série de transformações. 

O traje pode ser vestido de várias formas diferentes, a mais popular delas é o estilo “nivi”, que consiste em amarrar uma ponta do tecido envolta da cintura, e a outra ponta esvoaçante e enfeitada, chamada pallu, fica jogada sobre o ombro esquerdo. 

Apesar das nuances que a roupa foi adquirindo ao longo do tempo, designers, artistas e influencer têm desafiado a lógica da feminilidade colocado sobre a vestimenta. Com inovações introduzidas por jovens mulheres do sul da Ásia, o sári tem voltado como roupa do dia a dia. 

A marca de estilistas do Sri Lanka Urban Drape tem um visual elegante e contemporâneo, combinando sáris com croppeds – Foto: Urban Drape

As amarrações convencionais da vestimenta têm dado lugar a novidades, como envolver o sári em jeans ao invés de anáguas, ou mesmo vestí-lo sobre uma camiseta qualquer ao invés de uma feita sob medida. 

Marcas indianas como “The Saree Sneakers” popularizaram a ideia de combinar tênis com os trajes. Enquanto no Sri Lanka, a marca “Urban Drape” é especializada em sáris com croppeds. 

Uma dessas jovens que está abraçando o sári é Aiza Hussain, de 24 anos, dona da marca paquistanesa “The Saari Girl”. Durante a ditadura de Zia ul Haque, de 1978 a 1988, o traje tradicional foi banido de vários lugares no Paquistão por questões religiosas. E é justamente isso que a marca de Aiza quer combater, além de lutar contra outras narrativas que querem limitar o uso do sári, como status matrimonial, cor e formato do corpo. 

A designer Adila Murtaza, da marca “Shahkaar by Adila”, concorda, e ainda diz que a cultura familiar deixou de ser uma questão tão grande. Se gerações anteriores de mulheres não usassem o sári, a mais nova geralmente não usaria também, mas agora a vestimenta tem se popularizado de uma forma mais leve, permitindo que as mulheres se divirtam nas combinações da roupa. 

The Saari Girl é uma marca paquistanesa – ela faz questão de ‘resgatar a herança’ e combater os estereótipos em torno do sari – Foto: The Saari Girl

O que tem ajudado na popularização dessa nova moda são as redes sociais, especialmente o Tik Tok e o Instagram. Depois de algumas hashtags levantadas e um vídeo viral que recebeu mais de dois milhões de views, Eshna Kutty, de 24 anos, levou essa nova forma de se expressar com o sári para outro nível. 

Foi exatamente porque a geração Z não cresceu vendo suas mães usando sáris todos os dias que agora elas podem reinventar seu uso. Se antes a vestimenta servia apenas para ocasiões especiais, agora as jovens mulheres acham o sári algo da moda, e não algo tradicional e entediante. 

A volta do traje ultrapassou as fronteiras do sul da Ásia e, de alguma maneira, também tem impactado todo o resto do mundo. O sári se tornou a representação da cultura sul asiática na indústria ocidental. Até mesmo para suprir a demanda dos estrangeiros que vivem aqui por roupas de seu próprio país.  

Dessa forma, a roupa também se torna importante na questão de identidade cultural, representatividade e formas de se expressar. Por isso, não é surpresa nenhuma que o sári esteja se tornando cada vez mais popular ao redor do mundo.

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