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“Apesar dos avanços, a representatividade negra no universo fashion ainda precisa crescer”, diz Karol Barcelos

Thainá Silveira – Foto: Divulgação/wmodelgroup

O Brasil é o País com a maior população negra fora da África. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 56,10% dos brasileiros se identificam como negros e pardos. Mesmo assim, esse público não é retratado na mídia nacional na devida proporção.

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Com marcas de um passado escravocrata, ainda precisamos lidar com a falta de representatividade negra em diversos setores da sociedade. Um deles é a indústria da moda e da beleza.

“O universo da moda sempre foi ocupado por profissionais brancos, seja nas passarelas e no clique das fotos, seja nos bastidores”, aponta Karol Barcelos, sócia-proprietária da agência W Model. Ela afirma que a realidade vem mudando e a presença de negros cresceu no cenário, especialmente nos últimos anos. Contudo, essa participação ainda não é igualitária.

“Existem muitos modelos negros e a procura das marcas por esse perfil de profissional com certeza cresceu, mas de forma mais lenta do que deveria. Um exemplo é a dificuldade que os influencers negros enfrentam em se destacar nas redes sociais, mesmo com conteúdos excepcionais”, afirma.

A busca por mais representatividade em espaços variados ganhou força com a popularidade das redes sociais. Debates que envolviam a temática do racismo fizeram com que mais pessoas se identificassem como negras e percebessem todas as nuances de preconceito que permeiam suas realidades.

Esse fenômeno também se concretizou na cobrança por uma maior representatividade das marcas e grifes, chegando às passarelas mais importantes do circuito fashion. “Vale lembrar que essa pauta ganha uma importância maior no contexto da moda, que por décadas ditou o que era bonito e o que era feio, o que merecia e o que não merecia atenção, o que estava fazendo sucesso e o que precisava ser descartado”, descreve.

“O apagamento da parte negra da população tinha uma conotação muito mais negativa do que uma simples falta de representação. Significava algo muito maior e mais profundo do racismo estrutural que existe no Brasil e no mundo”, explica a empresária.

De fato, o ativismo digital sobre a temática racial fez uma revolução. Atualmente, os cachos e cabelos crespos estão com tudo, os negros viraram capa de revista e estamparam diversas campanhas publicitárias. Mas isso é só o começo de um longo caminho para a igualdade.

Karol salienta a importância da representatividade negra e explica como investe na diversidade de modelos em sua agência. “Fazemos a nossa parte para melhorar esse panorama, apoiando os modelos e criadores de conteúdo negros e de outras etnias minoritárias do nosso casting, dando voz e espaço para que possam expor seu talento e sua história”, defende. Segundo ela, isso é positivo tanto para quem vende quanto para quem consome no mundo da moda.

“Na moda, é essencial que o consumidor se veja naquela marca ou campanha. As empresas, também visando um melhor posicionamento estratégico de imagem, estão investindo cada vez mais em diversificar seus catálogos para gerar identificação no público-alvo”, acrescenta.

“Ainda existem certos estereótipos e o conceito de cota dentro do universo fashion também continua presente, no qual os modelos negros são usados para ilustrar uma falsa diversidade. Mas os consumidores pressionam as marcas e cobram delas uma postura mais responsável”, pontua. “Nos dias de hoje, vemos marcas internacionais direcionando olhares para modelos portadores de deficiência e isso precisa avançar! Todos têm o direito de se sentirem representados.”

A empresária tem uma previsão otimista para o futuro do mercado da moda, no que diz respeito à diversidade. “Acredito que vários aspectos devem ser considerados para falar em uma mudança genuína. Mas essa mudança, querendo ou não, está acontecendo, completa.

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