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Shoestock fecha lojas e paralisa e-commerce

Por Carol De Barba

Atualizado às 19:49.

A crise fez mais uma vítima: a rede de calçados e acessórios Shoestock, conhecida pela variedade e pelos preços acessíveis, já fechou as portas de quase todas as lojas e pode estar prestes a encerrar suas atividades de vez.

O problema seria a desaceleração do consumo e, consequentemente, das vendas da rede. A loja de Belo Horizonte já não funciona desde julho. Em São Paulo, a da Vila Guilherme fechou suas portas em agosto, e a da Vila Olímpia deve encerrar nos próximos dias. O site também deixou de funcionar e, apesar de exibir um comunicado informando que as atividades estão paralisadas apenas durante esta semana, provavelmente não voltará a fazer vendas online.

De acordo com a assessoria da marca, a Shoestock deve permanecer apenas com a loja de Moema (Avenida Bem te vi, 221). No entanto, no Instagram da empresa, clientes já cogitam a possibilidade de que, até o fim do mês, ela também esteja de portas trancadas. “Estão fechando. A de Moema será a última e fecha no final do mês”, diz um comentário recente.

Para a empresária do setor calçadista Dani Cury, o Brasil vive realmente um momento assustador. “Fábricas, curtumes, marcas consolidadas fechando. Ver milhares de profissionais desempregados e suas famílias desamparadas é de cortar o coração. A crise é nítida não só na indústria de calçados com em diversos outros setores, o que gera insegurança nos investidores. Em efeito dominó, é cruel com quem produz. Tenho esperança, mas como é difícil sustentá-la…”, desabafou a RG.

Segundo o designer Walter Rodrigues, que convive bastante com esse mercado (ele é coordenador do Núcleo de Design da Assintecal – Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos), é impossível não perceber a crise. “Não sei se é uma reação natural do consumidor, uma questão de mesmice do mercado, a questão do sapato importando estar entrando com muita força. A gente sente esse desamparo, essa sensação desagradável”, diz. Mas ele enxerga um lado positivo: “A crise também vem para despoluir o mercado. Ela tira muita gente não produz nada interessante, que não vai adiante com seus processos, que permanece na zona de conforto”, avalia.

Walter acredita que, em períodos como esse, é preciso saber muito bem seu lugar no mercado. “Penso em palavras como competência, pensar no futuro, para estruturar um caminho a médio e longo prazo. E seguir fazendo produtos encantadores, amando o que se faz”, afirma. De acordo com ele, é normal que isso aconteça – a Shoestock não será nem a primeira nem a última a perecer. “Os que permanecem têm estratégia. Uma marca não desejada apenas ontem ou na semana que vem. Ela precisa manter o ritmo”, conclui.

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