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Suzy Menkes e a mulher pós-feminista

Nossa colunista fala sobre a maneira independente como a mulher atual se veste

Por Suzy Menkes do International Herald Tribune

MILÃO — Em um alegre desfile de outono cheio de cores leves e barras bulbosas, Giorgio Armani enfrentou a questão de vestir a mulher pós-feminista.

“Trata-se de tentar ser feminina da maneira Armani”, disse o maestro em fevereiro, depois de um desfile que se concentrou em calças feitas de materiais leves que caíam pesadamente em bainhas logo acima do tornozelo. Usadas com casacos compridos ou jaquetas sinuosas, e com botas de renda ou sapatos estreitos e com saltos baixos, o look trazia uma nova visão da liberdade.

A ideia de que o estilista de um uniforme feminino para a sala de reunião iria agora despencar para o boudoir sugeriu uma mudança dramática. Mas Mr. Armani é sempre ele mesmo: a cartela de cores rosa-empoeirado foi o único toque inesperado em seu desfile do outono 2011 – e havia bastante preto para contrabalançar todo aquele rosa.

Mas e os vestidos longos em forma de clarim? O estilista vem experimentando com formas em sua linha de haute couture, a Privé. Para o prêt-à-porter, os vestidos delgados que se abrem em bolha em direção à barra pareciam usáveis, pelo menos à noite.

O real significado do desfile foi que o rei das calças masculinas havia voltado atrás e repensado formas e tecidos. E quando o outono chegar, as mulheres irão abençoá-lo por isso.

Angela Missoni também vestiu sua Missoni de rosa – mas foi mais o que ela descreveu como “Tequila Sunrise,” se referindo não apenas ao drinque, mas também à ideia de uma pessoa saída de uma festa perambulando, deixando a praia sob o sol nascente.

“São sempre minhas filhas – e agora é Teresa e a maneira independente como se veste”, disse Ms. Missoni. O glamour hippie-deluxe da filha Missoni mais nova se misturou bem com a sabedoria fashion de sua irmã, Margharita, que é agora responsável por acessórios e combinou as roupas fluidas com botas de motociclista. As botas cortaram a delicadeza da cartela de cores composta por rosa, laranja e azul claro, enquanto as pontas rústicas em casacos longos e malhas oversized também trouxeram um toque cool. Rabiscos haviam sido transformados em lindas estampas, dando ainda outra dimensão aos familiares desenhos gráficos da Missoni e sugerindo que uma brisa fresca está soprando na marca.
 
Na estação passada na Versus, xadrezes coloridos e formas magras pareceram estabelecer um padrão não apenas para esta segunda linha da Versace, mas para todo o mundo da moda. Esta estação trouxe cores escuras e silhuetas ousadas que pareceram únicas à grife italiana.

Dentro desses limites, o estilista Christopher Kane criou alguns espertos efeitos geométricos, inserindo quadrados e diamantes no corpete de seus vestidos. Mas os tons metálicos e uma preponderância de pretos não trouxe muita energia à Versus, que precisa de um seguimento forte para seu relançamento bem-sucedido.

Em contraste, o laranja vivo eclodiu na Agnona, onde a empresa de cashmere, que faz parte do grupo Ermenegildo Zegna, está discretamente construindo um guarda-roupa feminino desejável. A cor pode ter sido o elemento mais dinâmico da coleção, mas havia também o poder do toque: casacos de cashmere dupla face, jersey super macio e até mesmo casacos estilo edredom, recheados não de plumas, mas de cashmere. Adicione a bolsa trançada “Bonnie Ball” e um cachecol delicado e você conseguiu um look moderno para mulheres em movimento.

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