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Laudomia Pucci: entrevista

RG entrevistou a filha do lendário Emilio Pucci

Usando um Pucci curtíssimo, Laudomia Pucci recebeu RG para uma tarde inteira de conversas. RG, no caso, atente por Chris Francini, a blogueira chique do blog Look do Dia (que ela divide com Paula Martins, que manda beijos de NY). Francini, que faz parte da cooperativa online F*Hits, gentilmente atendeu ao nosso pedido e conduziu uma entrevista com a filha do lendário Emilio Pucci (1914-1992), o designer italiano que deu à moda uma de suas marcas mais emblemáticas. Depois da morte do pai, Laudomia vendeu as ações da Pucci para o Grupo LVMH e assumiu o cargo de Diretora de Imagem – razão pela qual veio ao Brasil, para um cocktail e um jantar em torno da loja brasileira, no shopping Cidade Jardim.

Como Laudomia, Chris tem sangue italiano nas veias, o que facilitou as coisas – tanto na língua como no desenrolar do bate-papo. Quebrou-se o gelo em segundos… As duas logo se reconheceram, verborrágicas e deliciosamente explosivas. O conversê – com direito a pausa para cigarrinho e almoço no Nonno Ruggero – você confere aqui:

Chris Francini – Qual a estampa best seller da Pucci?

Laudomia Pucci – Não tem uma estampa… é mesmo o vestido de jersey com a estampa clássica Pucci, como essa que você está usando (a Chris é fina, né).

CF – Os vintages Pucci são sonho de consumo de muita gente. O seu armário deve ser um paraíso… qual a peça mais incrível? A sua preferida?

LP – A Pucci é a história da minha vida. Tenho um arquivo no Palazzo Pucci, onde eu moro. Tem os vestidos, óculos, lenços, perfumes, estampas, as cartas que meu pai escrevia… Tudo gira em torno da tradição da marca. Vamos lançar um livro de edição limitada em que vamos colocar pedaços de estampas originais de bandeiras de estampas dos anos 50 e 60 deste acervo.

CF – Qual a sua memória de moda mais remota?

LP – Da barriga da minha mãe.

CF – O que seu pai mais gostava de fazer? Estampas ou vestidos?

LP – Meu pai gostava mesmo era de entender o corpo feminino… adorava o jersey, porque acompanhava o movimento do corpo feminino. Quando eu emagreci um quilo ele ralhou: “Você está louca? Não precisa emagrecer!”.

CF – Na última vez que você veio ao Brasil foi na abertura da loja da Pucci na Daslu. Na ocasião, anunciava uma investida da marca nos BRICs. Hoje, o seu site acusa uma loja em São Paulo, uma em Shangai, duas em Moscou e nenhuma na Índia… é difícil entrar lá? Quais são os objetivos de investidas atualmente?

LP – Os BRICs são vitais. Rússia é um mercado importantíssimo. O mercado chinês ainda é um mistério… E não abrimos na Índia porque eles compram tudo em Londres!

CF – Como a Pucci encara os negócios da marca por aqui? Quais são as expectativas do grupo?

LP – Desde a boutique Madame Rosita, que comprava muito Pucci, o Brasil sempre abraçou a marca. Sinto que a brasileira ama a Pucci,  que adora as cores fortes e o jersey. Sabe o que quer, e sabe comprar.

CF – Por décadas o design italiano foi considerado o mais avançado do mundo. O melhor. Em que patamar você acha que estão atualmente?

LP – Olha, acabei de participar da abertura de uma feira de design, há duas semanas atrás. Falei lá e te digo: o design italiano sempre foi muito bom porque não somos apenas criativos; nós conseguimos colocar o design em prática. Mas o design hoje não está só focado na Itália, é horizontal – tanto é que o estilista da Pucci é inglês. O segredo é trazer o talento para a Itália e colocá-lo em prática.

CF – É possível reconhecer um Pucci à distância. Uma cópia também… A Louboutin abriu dois processos contra empresas que fizeram saltos de sola vermelha nesta semana. Como a Pucci se coloca em relação às inúmeras cópias de estampas e modelos que existem pelo mundo?

LP – Advocati! (Advogado!) Não é apenas ruim para a marca, mas para a minha cliente, que foi na loja, experimentou, comprou, levou…

CF – Como define o DNA Pucci?

LP – Artesanato italiano com glamour, alegre e refinado ao mesmo tempo.

À tiracolo, Laudomia trouxe Paola, sua assistente, que passa boa parte do tempo ao lado da equipe de estilo da marca. A filha de Emilio sabe de tudo o que se passa no atelier, percorre as lojas pelo mundo, checa as vitrines, sabe o que está à venda, participa do dia-a-dia das lojas, conversa com os jornalistas… E defende a tradição de sua família, assunto que visivelmente lhe traz prazer. “No olhar dela você percebe o tamanho da admiração que ela tem pela história da família”, contou Francini, que já virou best friend. “Ela está curiosa pra ver o vestido que eu vou usar no jantar que os Auriemo vão oferecer pra ela… É um penhoar dos anos 60 que eu transformei em vestido”… Tinha pessoa melhor pra entrevistar a ilustríssima?

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