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Suzy Menkes: coluna

Suzy Menkes discorre sobre o inabalável estilo de Michelle Obama

Por Suzy Menkes, do International Herald Tribune

No meio dos cintos largos e maxicolares, existe um acessório perfeito para Michelle Obama: o marido apaixonado que ela carrega no braço. Essa é a teoria de Sophie Theallet, uma designer de moda que colocou a primeira-dama americana em figurinos simples e um senso fashion pouco apurado de uma feliz dona de casa.

Como foi que uma aluna de Harvard, com um salário de mais de 270 mil dólares anuais como executiva de um hospital de Chicago – e um guarda-roupa cheios de looks de alfaiataria e corporativos – se transformou em uma esposa adorável e mãe casual com uma quedinha por malhas da J. Crew, jeans e vestidos com estampas vivas?

O cardigã – peça que ela adotou na noite em que seu marido foi eleito presidente, e mais tarde quando se encontrou com a rainha Elisabeth – se tornou um símbolo pós-feminismo de uma mulher independente cujo espírito livre não seria anulado pelas convenções. Seja a senhora Obama a nova encarnação da mulher poderosa, seja por ter planejado um visual tão bem calculado para mantê-la longe de ser vista como uma “mulher negra das bravas”, esse é o assunto abordado no novo livro da editora de moda Kate Betts, Everyday Icon: Michelle Obama and the Power of Style. Não resta dúvida quando você olha para a rica seleção de fotos do livro: Michelle realmente não tem medo de errar. Algumas vezes o resultado é bizarro, como o vestido com estampa animal que ela usou ao lado da primeira-dama da França, Carla Bruni-Sarkozy — que vestia um inevitável pretinho básico francês.

Kate só tem elogios para os esforços do tema em abraçar a moda casual americana e estimular os novos designers. E o selo de aprovação de Michelle trouxe uma atenção considerável aos estilistas, antes desconhecidos do grande público. O enigma de seu estilo poderoso, visto em um guarda-roupa super variado, é o que se tornou o foco central dessa inteligentíssima primeira-dama. Quanto tempo o público gastou discutindo suas campanhas por uma alimentação saudável, por exemplo, se comparado ao que foi dito se sobre vestidos com ou sem manga?

E exatamente igual a Jacqueline Kennedy – que pedia a irmã que comprasse para ela a alta-costura parisiense para não causar irritação no público americano – Michelle causou desconforto quando escolheu roupas de estilistas estrangeiros.

Por que ela não levanta a bandeira dos Estados Unidos ao se vestir em ocasiões públicas? Sua aparição recente em um Alexander McQueen provocou alvoroço entre policiais do estilo. Eles não queriam saber se a escolha do vestido vermelho usado no jantar com o presidente Hu Jintao foi uma escolha clichê por ser a cor do comunismo chinês. Ao invés disso, questionavam o porquê de não ser um designer americano.

Kate Betts acha que o estilo foi uma “muleta para um pé incerto” quando a futura primeira-dama se mudou do sul de Chicago para começar sua graduação em Princeton. A autora também compara as escolhas de sra. Obama com as de outras mulheres de políticos. Lado a lado, ela põe as marcas modestas que ela usou em Washington com looks de Samantha Cameron, esposa do Primeiro-Ministro inglês David Cameron, o que mostra o quanto mulheres privilegiadas, quando vêm ao público, esperam ser populistas, mesmo que essas mesmas regras não se enquadrem para as necessidades de seus maridos.

Michelle encarna o título de “Ícone Cotidiano”, e envia a todos sua mensagem de independência. Mas é muito frustrante que ela tenha alcançado esse status por ter usado um vestido de estampas enormes em ocasião formal, e não por seus vários projetos ousados.

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