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Danuza para Vogue Brasil

Vogue Brasil nas bancas…  RG te mostra uma das atrações da edição

E dezembro, tempo de vestir as melhores roupas para celebrar o Natal e o ano que vira… Tempo, pois, da edicao mais festeira da deveras festeira Vogue Brasil. RG ja devorou a revista (sim, nos temos privilegios, a redacao e aqui pertinho…). Este site fortemente recomenda a leitura. Entre os highlights, uma entrevista com Michelle Williams, que fala pela primeira vez sobre a morte de Heath Ledger. Os melhores spots de Istambul, lames e paetes para um dress code perfeito, mais acessorios carregados de pedrarias e cristais… Monica Salgado te diverte com as pecas que voce ainda vai ter que usar (oculos espelhados, imagine!), Simone Esmanhoto esmiuca o guarda-roupa de damas-fortes da politica internacional, Daniela Falcao desvenda o universo das carolas-chiques…
 
Tem mais, muito mais. E tem Danuza Leao, a Voguette que todos amamos, num texto saboroso sobre seus top reveillons. Delicia de ler. RG nao resistiu e reproduz aqui, na integra, o texto da carioca, icone de elegancia e boa vida. Leia so:
 
Os varios brindes de Danuza
 
Nas melhores festas de Copacabana, no sossego sensual da Bahia, num cafe em Saint-Germain, Danuza Leao relembra seus melhores – e piores – reveillons
 
Por Danuza Leao
 
Foram muitos meus reveillons; uns esplendorosos, outros que e melhor nem lembrar, alguns tranquilos e felizes – afinal, tranquilidade nao e sinal de infelicidade, embora alguns achem. Os piores foram, sem duvida, os oito do tempo em que eu era colunista social. Como talvez todos saibam, no Rio o reveillon e – ou era – comemorado apenas na Praia de Copacabana. No inicio era uma singela festa religiosa, depois vieram os fogos, e os privilegiados que moram em frente ao mar comecaram a abrir as portas de seus apartamentos para assistir ao espetaculo, rodeados de amigos e bebendo champanhe Dom Perignon. Durante esses oito anos, minha vida era assim: eu, que morava na Avenida Atlantica e poderia dar minha propria festa e chamar meus amigos, saia de casa as 9h da noite e ia, a pe, ate o Leme, que fica na ponta da praia (a uns 4 quilometros da minha casa). Ia toda produzida, mas de tenis, levando uma sacolinha com meu sapato de salto alto. Ai, comecava a fazer o caminho de volta, parando nas portarias para trocar de sapato e subindo nas festas para as quais fora convidada e que eram todas: nao esquecam que eu era colunista social.
 
A mais bonita, animada, bacana, divertida e elegante era sempre a de Paulo Fernando Marcondes Ferraz, naquela epoca casado com Regina, ambos grandes festeiros. A casa cheia de flores, a luz certa, a musica certa, comida e bebida idem, e as pessoas mais badaladas do Rio. A meia-noite todo mundo ia para a janela ver os fogos, enquanto eu, de bloquinho na mao, anotava tudo para escrever no dia seguinte na coluna. Beber nem pensar, so um golinho para saudar o Ano-Novo, e fim de papo. Dali eu seguia para a casa de Lily e Roberto Marinho, que moravam no Cosme Velho, mas tinham um apartamento de frente para o mar so para dar essa festa de reveillon, olha o luxo. La havia um pianista tocando musica francesa, o baile comecava com Lily e dr. Roberto dancando apaixonadamente, o clima era mais calmo, um bom lugar para se jantar (o bufe era do magnifico Laurent) e relaxar, antes de continuar a via-crucis.
 
Entre uma festa e outra eu andava – sozinha – pelo calcadao, no meio de pais com criancas dormindo no colo, bebados, travecas, baianas do candomble, esbarrando nas pessoas e tomando cuidado para nao escorregar numa lata de cerveja ou num pedaco de pizza. Na passagem do milenio, de 1999 para 2000 (que parece que nao e a data certa, a passagem mesmo e de 2000 para 2001), ainda teve a festa de Olavo Monteiro de Carvalho. Festanca grande, no hotel Pestana, com todos que nao eram da turma de Paulo Fernando nem de Lily – e, no Rio tem essa historia de turmas. Foi la que eu, ja morta de cansaco e sono, tomei pela primeira – e ultima – vez na vida um energetico, desses de latinha, e cheguei em casa passando mal.
 
E houve reveillons tranquilos, quando eu estava em clima de paixao, que eram maravilhosos; nao se ia a festa alguma, como devem fazer os apaixonados, e a meia-noite eram juras de amor e pedidos aos deuses para que no ano seguinte continuassemos juntos. Os reveillons na Bahia, que tive o privilegio de conhecer antes que a cidade se tornasse tao animada como e hoje, tambem foram inesqueciveis: eu comprava flores para oferecer a Iemanja e ia para a beira do mar levar a oferenda e molhar os pes. Nessas noites nao acontecia nada de especial, mas talvez tenham sido os melhores reveillons de minha vida. E, depois de passar a noite em claro, escolhia o barco de um amigo – eram tantos! – para acompanhar a procissao de Nosso Senhor dos Navegantes. Chegava em casa as duas, tres da tarde, ainda a tempo de dar um mergulho em Piata. Era maravilhoso e, como dizem os franceses, “les gens heureux n?ont pas d?histoire” – as pessoas felizes nao tem historia. Momentos felizes sao impossiveis de serem contados.
 
Mas lembro de um reveillon que foi especialmente divertido. Para que fosse tao divertido, eu nao estava apaixonada, claro. Amiga gemea de Guilherme Guimaraes, combinamos de festejar a passagem do ano juntos e comecamos as comemoracoes no restaurante Nino?s, em Copacabana, a 1h da tarde, onde ia o mundo. Animadissimo, champanhe para ca, vodca para la, houve uma hora em que um playboy qualquer se engracou comigo e despertou em Guilherme o machao que ele e, mas nao costuma mostrar. GG segurou o garoto pela gola, foi levando o coitado ate a porta, e tudo terminou com ele atirado na calcada. Depois dessa cena maravilhosa do cavalheiro defendendo a honra de sua donzela, pedimos mais uma garrafa de champanhe e ficamos as gargalhadas com a valentia de Guilherme, que, diga-se de passagem, nao e grande nem forte. Mas e corajoso, deu pra ver. La pelas 5h da tarde nos recolhemos para um merecido descanso, e as 22h30 Guilherme me pegou para irmos a casa de Odile Rubirosa, que prometia ser o melhor reveillon do Rio naquele ano, com a presenca de Bianca e Mick Jagger, hospedados em sua casa. Nao contente de usar meu vestido branco colado no corpo – criacao de Guilherme, naturalmente –, ainda enrolei no pescoco um enorme boa de plumas brancas, e la fomos nos.
 
A festa estava um espetaculo: o Rio de Janeiro animado, bonito e bacana em peso, a musica a mil, comida e bebida (mais bebida) rolando, todo mundo rindo, como se aquela fosse a ultima festa da vida. De uma certa maneira foi, pois nunca mais houve reveillon igual. Bianca Jagger tambem estava de branco – seu vestido tinha uma saia rodada e, na cabeca, ela usava turbante. Guilherme, ja louco, pensou que aquela moreninha fosse uma copeira baiana, bateu no ombro dela e pediu uma caipirinha. Quem viu rolou de rir, e ja era dia claro quando saimos de la para comer uma pizza na Fiorentina, onde as 6h da manha nao havia uma mesa vaga. Esperamos com o maior bom humor, e logo alguem nos chamou para ficar junto, e a noite – ou a manha? – terminou na maior das felicidades.
 
Desde que deixei de fazer coluna social, disse para mim mesma que os fogos da Avenida Atlantica, nunca mais. E passei a viajar nos ultimos dias de dezembro para Paris, onde tenho passado meus reveillons desde 2001. E otimos reveillons. La, alem de eventuais festas particulares, nao se festeja muito a data; so o Champs-Elysees se agita, e como meu hotel nao e perto, nem me atrevo a ir ate la, pois nao ha taxis para voltar e eu nao sei andar de metro, fico em Saint-Germain mesmo e passo a meia-noite no Flore, ou em qualquer outro cafe perto do meu hotel. Nos cafes e restaurantes e assim: quando e quase a hora, as luzes se apagam e ouve-se, vinda de um alto-falante, a contagem regressiva: 10, 9, 8, ate chegar ao 1, quando as luzes voltam a se acender e todo mundo se abraca, se beija, levanta o copo de longe fazendo um brinde, se desejam bonne annee, a vida continua, e depois cada um vai para sua casa. Num desses reveillons, resolvi voltar para o hotel as 23h para ver o Champs-Elysees pela teve. Na manha seguinte, nao lembrava se tinha passado a meia-noite dormindo ou acordada. Pensa que foi ruim? Pois nao foi; alias, foi otimo. Reveillon e apenas um bom motivo para festejar a vida, o que e sempre bom, mas pode ser feito em qualquer dia do ano. Fato e que a gente pode mudar; pode ser varios no decorrer de uma vida. E isso tambem e otimo!

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