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YSL: repercussão

Fashionistas brasileiros repercutem a morte do estilista, leia

RG colheu algumas opinioes sobre a morte do estilista YSL, que faleceu neste domingo (01.06), aos 71 anos, em Paris. Leia mais sobre o estilista aqui. E conheca a opiniao de quem, de diferentes maneiras, foi influenciado por um dos genios criativos do seculo XX:


“Vejo ele como um sucessor de Chanel na moda francesa e mundial, retomando o masculino para o feminino, trazendo para a alta moda uma casualidade necessaria e ate entao jamais vista. Momentos iconicos de ousadia no circulo fechado da moda parisiense marcaram o imaginario coletivo, como na primeira vez em que foi desfilada uma camisa de jabo transparente com uma calca de cintura alta, aparentemente masculina mas com modelagem perfeita para as mulheres, revolucionando e preservando ao mesmo tempo uma elegancia e uma feminilidade marcantes de seu estilo”
Costanza Pascolato, consultora de moda


“Ele amava a arte e acho que traduzia sua paixao para a moda inspirando-se em Picasso, Matisse e Mondrian. Dai a revolucao de cores que imprimiu na alta-costura e depois no pret-a-porter. O preto era a sua base, onde ele coloria a mulher de forma unica e particular. O tema das colecoes de alta-costura era transportado para as colecoes de pret-a-porter onde ele brincava com o corpo e a personalidade de cada modelo. Ele fazia as pecas e depois as misturava de acordo com o nosso estilo pessoal. Eu adorava montar junto com ele meus looks. Acho supermoderno o jeito com que ele montava o styling de seus desfiles. Timido, depressivo e de personalidade forte, ele era mesmo um artista sensivel que se protegia em torno de poucos e bons amigos”
Dalma Callado, modelo brasileira que trabalhou como manequim de Yves Saint Laurent por 14 anos, seguidos ate 1991
 
“Genial e pouco para descrever Yves Saint Laurent. O estilista deixou de heranca para quem fica nada menos que o pret-a-porter. Foi ele quem primeiro desfilou e investiu com forca no ready-to-wear que tanto conhecemos hoje. Aqui na redacao de Vogue, percebo a importancia de YSL na historia da moda cada vez que vou escrever um View (secao em que explico de onde vem e para onde vai uma tendencia) e peco uma foto de alguma criacao sua para as produtoras da revista. Materia sobre a moda etnica e o mood africano? Colecao safari de YSL. Sobre o masculino feminino? “Le Smoking”, YSL. As calcas? YSL. O glamour dos 70? YSL, YSL, YSL? “Mas YSL, de novo?!”, elas me perguntam. “E. De novo”, respondo sempre, sabendo que aquelas e outras tantas imagens de criacoes ainda vao voltar muito a paginas de Vogue. Sua morte e uma tristeza, mas, nao ha duvidas, ele fez por aqui tudo o que poderia ter feito. A moda agradece, saudosa.
Maria Prata, editora de moda de Vogue
 
“Concordo com a minha amiga, a figurinista Emilia Duncan, quando diz que cada geracao traz uma nostalgia daquilo que quase viveu, ou seja, a decada em que seus pais foram protagonistas, resgatando icones deste tempo, como e o caso da febre recente do wrap dress de Diane Von Furstenberg. No caso, me lembro de que era apaixonada pela cor pink, e encomendei de uma costureira da minha mae uma camisa de jabo nesta cor com uma saia de babados turquesa, amarelo ovo e pink. Influencia direta da paleta de cores de Saint Laurent, que trazia para as passarelas parisienses as cores de trajes tipicos orientais, elevados a potencia de elegancia maxima. Ele foi um dos pilares da moda contemporanea e vejo sua influencia no inconsciente coletivo dos designers de agora. Como foi o caso de Luciano Canale para a Sta. Ephigenia no ultimo fashion Rio”
Adriana Bechara, coordenadora de moda de Vogue


“Que bom que minha geracao pode ve-lo vivo. E o sinonimo da coisa bem feita, de qualidade, de bom acabamento, dos detalhes, dos bordados lindos, do glamour… penso muito naquele museu que ele tem em Paris, a ligacao com arte muito forte. Foi uma pena, mas ele deixou obras lindas, cumpriu brilhantemente sua passagem por aqui”.
Isabela Capeto, estilista



“Devo ter encomendado mais de cem looks dele… mas dei muitos antes de comecar a fazer minha colecao. Se tivesse que me vestir com duas roupas para o resto da vida, elas seriam um tailleur dele para o dia e um smoking para a noite. Passei a comprar os smokings dele a cada vez que fazia, ou seja, um novo modelo a cada duas colecoes. O meu preferido era com um spencer que usei em uma festa beneficente de Nova York. Vinha com um sutia de renda e uma orquidea na lapela. Ele costumava fazer um desfile so para os amigos e melhores clientes logo apos a semana de moda. E sempre era convidada, o que era muito simpatico da parte dele. Tinhamos uma relacao de cliente e designer, ja que ele era muito fechado, dificil, e viciado em opio, dizem. Nunca vi nada disto, mas para mim ele foi o maior talento da moda no seculo 20”
Carmen Mayrink Veiga, uma das melhores clientes de YSL. Ela expos na Casa Julieta de Serpa, no Rio, 40 roupas do estilista, em 2004. 
 
“Ele ja tinha deixado saudade quando se retirou. O que ele deixou e importante e valioso para todos nos que trabalhamos com moda – ou com qualquer trabalho que exija sensisbilidade. Nao e todo mundo que deixa tao lindas as mulheres, e ele era lindo, como era lindo esse homem…. Ah, seus desfiles etnicos foram fundamentais na minha formacao”
Chiara Gadaleta, designer e stylist
 
“Sou fa numero 1, sempre fui. Quando eu li a biografia dele, na adolescencia, fiquei uma semana chocado, chorando muito. Quando ele era crianca, no colegio, se escondia no banheiro, no intervalo. Eu fazia a mesma coisa. Esta certa timidez social – que ele sempre teve – tambem fazia parte da minha vida, me tocou muito. Eu sempre quis muito conhece-lo, mas nao queria forcar um encontro; eu sabia que um dia ia encontra-lo, na hora certa. Nos conhecemos ha 3 ou 4 anos atras, em Paris, num jantar. Ele estava com sua inseparavel amiga Betty Catroux -que inclusive nasceu no Rio. Foi muito gostoso, natural. Ele pegou na minha mao e conversamos despreocupadamente. Poucos sao os estilistas que realmente influenciaram a moda e criaram coisas tao geniais como ele, com um poder de criacao e magia de colorido. As casas dele, todas, no Marrocos, em Paris, no norte da Franca, sao super referencias de decoracao. Jacques Grange soube interpretar como ninguem o estilo de YSL nesses interiores, como se ele proprio tivesse decorado. Para terminar, uma frase definitiva de Diana Vreeland: “Chanel e Dior eram gigantes. Mas YSL e genial””.
Fabrizio Rollo, consultor de estilo de Vogue
 
“Fiquei mais triste em 2003, quando ele deixou a passarela, ali ele ja estava bem doente, fraco… e parou de criar. Ele modernizou durante varias colecoes o guarda-roupa da mulher do seculo XX. A moda, depois de YSL, virou urbana: ele efetivou o uso da calca. Hoje acordei menos urbana, menos moderna”
Alexandra Farah, jornalista


“YSL criou imagens inesqueciveis. Este e o papel do verdadeiro criador”


Alexandre Herchcovitch, estilista 

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