Number Teddie – Foto: Reprodução/Instagram/@numberteddie
Apenas um ano atrás, tocar no Lollapalooza era um sonho para o cantor e compositor manauara Number Teddie. “Meu papel de parede no WhatsApp é o palco da Miley [Cyrus] no festival no ano passado”, conta. “Eu ficava perguntando para os meus amigos: ‘Em quanto tempo vocês acham que eu vou tocar aqui?’ E todo mundo dizia 4 anos, 3 anos, 2 anos. Eu toquei no ano seguinte”, comemora. Ele abriu o palco Chevrolet no domingo (26.03), o mesmo onde Rosalía tocou naquela noite.
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Esse sonho virou realidade muito antes do que ele imaginava, mas é só o começo. O artista de 26 anos lançou seu primeiro single em 2019. Ele já foi professor de inglês e saiu de Manaus em 2020 com passagem só de ia para São Paulo, onde foi dormir no sofá do produtor musical Rodrigo Gorky, que conhecia pelo Instagram.
Desde então, já compôs para nomes como Pabllo Vittar, Urias e Alice Caymmi, além de ter chamado a atenção do consagrado Zane Lowe, apresentador da Apple Music e uma das vozes mais influentes sobre música internacionalmente.
Apesar de ter acumulado várias e grandes conquistas para pouco tempo de carreira, ele sabe que é capaz de muito mais. “Não cheguei nem em 2% do lugar que eu quero estar”, diz. “Sempre tive uma confiança muito esquisita no meu potencial artístico. Não sou uma pessoa muito confiante, mas acho que sou muito confiante no que eu consigo fazer.”
Number Teddie na capa do álbum “Poderia ser (bem) pior”, versão deluxe de seu disco de estreia – Foto: Divulgação
Seu álbum de estreia, “PODERIA SER BEM PIOR”, ganhou uma versão deluxe neste mês, com 14 músicas brutalmente honestas, que carregam títulos como “Cala boca, por favor”, “Deus não quer me conhecer” e “Eu deveria ter comido seus amigos”.
As faixas são tão tristes quanto cômicas, tão esperançosas quanto autodepreciativas, trazendo um fluxo de pensamento tão sincero que chega a ser contraditório – e essa é a magia do que ele faz. Sendo tão sincero sobre seus sentimentos e pensamentos mais obscuros, ele nos dá aval para sentir também.
“Eu sonho um dia em ser especial / mas no final eu vou ser sempre eu / e que alívio me dá entender / que um dia todo mundo vai morrer”, canta na faixa de abertura da versão estendida do álbum. Existem duas formas de enxergar as letras de Number Teddie, assim como talvez existam dois jeitos de enxergar alguns fatos da vida tão certos quanto a morte. Depressivos ou libertadores. Eu escolho o segundo.
Abaixo, leia o papo completo com o cantor no camarim do Lollapalooza, onde ele conta seus planos de sair em turnê e antecipa como vai ser seu próximo álbum – mais sincero ainda, se é que isso é possível.
RG – Como foi a experiência de tocar no festival?
Surreal, eu sempre sonhei tocar no Lollapalooza. Meu papel de parede no WhatsApp é o palco da Miley no Lolla, sempre foi meu sonho tocar aqui. Ano passado quando eu estava aqui eu ficava perguntando para os meus amigos: ‘Em quanto tempo vocês acham que eu toco aqui?’ E todo mundo dizia 4 anos, 2 anos, 3 anos. Eu toquei no ano seguinte, então para mim é a realização de um sonho.
RG – O que você diria para seu eu de 15 anos?
Eu diria para ele fazer o que quer. Exatamente o que ele quer na hora que ele quer. E para ele começar a fazer música antes, bem antes. Eu acho que sempre tive uma confiança muito esquisita no meu potencial artístico. Não sou uma pessoa muito confiante, mas acho que sou muito confiante no que eu consigo fazer.
Mas eu também sou muito crítico. Eu saí do palco do Lolla e falei: ‘Eu cantei muito mal nas três primeiras musicas’. Nem cantei mal, eu sou uma pessoa muito crítica comigo. Eu acho muito importante a gente saber o nosso valor independentemente de número, conquistas, é muito importante saber o quanto a gente vale, o quanto a gente consegue, independente de tudo. Acho que às vezes as pessoas associam você saber o seu valor com conquistas e números, coisas que são triviais e que podem ir embora amanhã. Coisas que vão e voltam, e tá tudo bem.
RG – Como você definiria o que você faz para alguém que não te conhece ainda?
Caos. [risos]
RG – Um caos organizado?
Não, é bem… não, é um caos organizado, acredito. Eu calculo muito. Eu falei vou entrar no palco como se tivesse correndo de alguém. Então eu calculo bastante, mas é caos.
RG – Um quê de performance.
sim, hoje eu fui bem teatral.
RG – O que você pretende daqui para a frente?
Fazer mais música. Eu quero continuar fazendo o que eu faço, obviamente quero que meu trabalho se expanda muito, esse foi um passo muito grande na minha carreira e no que eu consigo fazer, mas acho que não cheguei nem em 2% do lugar que eu quero estar. Tem muita coisa para fazer, muito trabalho.
No momento quero começar a focar no meu segundo álbum, quero fazer uma turnê, fazer mais shows, ver meus fãs, eles significam muito para mim, a cada dia eu me surpreendo com eles, eles são as pessoas mais incríveis do mundo.
Eu quero que meu segundo álbum seja mais sincero que o primeiro, se der. O primeiro álbum já é muito sincero, mas eu acho que o segundo, que já comecei a escrever no ano passado, é um álbum mais sincero, mais denso. Eu quero que a sonoridade seja mais classuda, mais adulta.
Quero mostrar outros lados, eu amo metal, queria fazer coisas com grito, amo indie rock, amo muita coisa e quero continuar englobando. No primeiro [disco], eu mostrava tudo que sei fazer, tem country indie pop, indie rock, rock, pop punk, tem tudo. Quero continuar.