“Diana” (cerca de 1950), por José Yalenti
Uma provocação. Assim o fotógrafo e gestor cultural Iatã Cannabrava define a articulação entre as obras levadas às paredes da Casa Zalszupin, espaço expositivo mantido em parceria entre a ETEL e a Almeida & Dale Galeria de Arte, em São Paulo. “Provocação no melhor sentido da palavra”, afirma. A exposição abre ao público nesta segunda-feira (13.02) e fica em cartaz até 18 de março. As visitas podem ser agendadas aqui.
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“Estamos obrigados, nos dias de hoje, a encontrar novos significados para a realidade.” A intenção deriva de uma aproximação sugerida em seus anos de pesquisa com a produção artística do Foto-Cine Clube Bandeirante, a mais influente organização do período de ouro do movimento fotoclubista nacional (décadas de 1940 e 1950).
Havia muito em comum entre o processo de criação dos fotógrafos modernistas, na busca de elementos mínimos em sua composição, chegando a prescindir da câmera em alguns momentos, e o dos poetas concretos, na recusa ao domínio do verso em benefício da superfície gráfica das palavras, na busca por novos caminhos poéticos. “Não há pretensões semióticas na abordagem, mas o desejo de estimular a intuição de cada um”, diz Iatã. “Por isso a ideia de sarau.”
A exposição passa por fotografias de nomes como José Yalenti e Jean Manzon, conhecido por fotografar o plano piloto de Brasília. Inclui ainda a “Fotoforma”, de Geraldo de Barros, e os desdobramentos dos poemas-processo de Wlademir Dias Pino, além dos dos livros-objetos de Júlio Plaza e Augusto de Campos, passando por Oscar Niemeyer e o futebol e pela mesinha Pétala e a casa em si do anfitrião Jorge Zalszupin.
“O Sarau Zaulszupin festeja a utopia modernista brasileira insinuada na produção reunida aqui. São obras marcadas pelo desejo de invenção, pela busca de uma linguagem própria capaz de dar conta, mais do que da realidade em si, da necessidade de transformação da realidade que se apresentava então”, diz o curador. “Nada mais atual.”