Imaginem um caneco com um maravilhoso chocolate quente. Incandescente. Sem medo de adicionar pretensão e pedantismo à receita, de acordo com a Segunda Lei da Termodinâmica, as diferenças de temperatura, em qualquer sistema – no caso, aqui, do caneco de chocolate quente – tendem a se igualar, atingindo uma temperatura uniforme ao final. Isso vai acontecer na medida em que a região mais fria do chocolate quente – ou seja, a sua superfície, diretamente em contato o ar frio da noite – for gerando um fluxo de calor espontâneo, proveniente da região mais quente da caneca, protegida pelo calor de suas mãos.
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Mudança alcançada
Tomemos a “mudança alcançada” como aquele momento em que o chocolate – deixado para esfriar à temperatura ambiente – atinge a temperatura uniforme ideal para beber – “quentinho”. Quanta fumaça precisou sair dali, quanto calor despendido!
Desejo de mudança
O “desejo de mudança”, nesse contexto, se assemelha ao sopro dado sobre a superfície do chocolate quente. Certamente é um ato de vontade, uma demonstração de esforço. No entanto e na realidade, o sopro é antes de tudo, o desejo de que o tempo passe rápido e o leite atinja a temperatura de regozijo. Ele está longe de ser um resfriador potente, ainda mais se esse esforço for aplicado de modo isolado ou aleatoriamente, sem método, constância e planejamento.
Paciência
Desse modo desejar a mudança é uma coisa. Estar pronto para ela – trabalhar, dissipar calor e suar a camisa para obtê-la –, é outra. Mais do que isso: em alguns momentos do processo, mesmo fazendo a sua parte, é preciso ter a paciência de deixar o tempo passar, sem nunca ser por demais afoito, muito menos distraído ou displicente, sob pena de queimar a língua ou de degustar a bebida abaixo da temperatura desejada, fria, chocha.
Recuperação
Na recuperação, o tempo, como todo bom aliado, também tem suas vicissitudes, ora prementes de resolução, ora carentes de maturação e de resfriamento.